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07/12/2022

Newsletter Sindilat_RS

Porto Alegre, 07 de dezembro de 2022                                                  Ano 16 - N° 3.796


Balança comercial de lácteos: importações seguem diminuindo
 
O cenário observado no último mês se manteve. O ritmo das exportações seguiu inexpressivo, enquanto as importações apresentaram recuo, mas mantiveram-se em patamares elevados, ocasionando o terceiro saldo mais negativo para o mês de novembro.
 
A desaceleração do volume importado está relacionada aos recuos dos preços dos derivados lácteos no mercado interno, nos últimos meses. O mês de novembro também foi bem desafiador para o mercado de derivados lácteos.
 
Todas as semanas do mês registraram recuos no Índice MilkPoint Mercado, sendo o último, a décima variação negativa consecutiva.
 
Este cenário se formou em meio ao aumento na oferta, devido a sazonalidade de produção e recuperação da capacidade produtiva, associado a demanda enfraquecida, com vendas travadas para a maioria dos derivados lácteos, bem como uma pressão de baixa nos preços por parte do varejo.
Em relação aos produtos mais importantes da pauta importadora em novembro, temos o leite em pó integral, os queijos, o leite em pó desnatado e o soro de leite, que juntos representaram 95% do volume total importado.
 
O leite em pó integral teve um recuo de 12% em seu volume importado. Além do leite em pó integral, o soro de leite e os queijos também recuaram. O soro recuou 11,1% e os queijos, 18,5% no volume total importado.
 
Os produtos que tiveram maior participação no volume total exportado foram o leite UHT, o leite condensado, o creme de leite, e os queijos, que juntos, representaram 91% da pauta exportadora. O leite UHT recuou cerca de 6%, enquanto o creme de leite e o leite condensado, 31% e 23% respectivamente.
 
A tabela 1 mostra as principais movimentações do comércio internacional de lácteos no mês de novembro deste ano. 
 
Tabela 1. Balança comercial láctea em novembro de 2022.

 O que podemos esperar para o próximo mês?

Os dados preliminares da Pesquisa Trimestral do Leite do IBGE para o terceiro trimestre de 2022, apontaram um volume total de leite captado de aproximadamente 6,0 bilhões de litros uma queda de -3,4% na captação de leite cru resfriado em relação ao mesmo período de 2021.
 
Apesar do resultado ainda ser negativo para variação trimestral, nota-se que a diferença anual tem diminuído, desde o primeiro trimestre deste ano, passando de -9,9% no primeiro trimestre, para -7,6% no segundo trimestre e -3,4% nesta prévia do terceiro trimestre. Dessa forma, apesar de ainda estar abaixo dos níveis dos anos anteriores, a captação de leite vem se recuperando.
 
Olhando para o trimestre anterior, a captação de leite se elevou em 11,1%, refletindo o efeito da sazonalidade de produção e contribuindo para elevar a oferta no mercado interno. Este cenário, associado a demanda ainda enfraquecida, vem contribuindo para ocasionar uma pressão de baixa nos preços dos derivados no mercado interno.
 
Desta forma, para o último mês do ano, com a produção interna de leite se elevando, e com preços de vendas das indústrias em patamares inferiores aos vistos meses atrás, as importações devem seguir perdendo força. Mesmo com os recuos observados para o mês de novembro, e a redução das importações esperadas para dezembro, o volume de importações deve seguir superior ao observado no último ano. (Milkpoint Mercado)


Argentina – O espelho uruguaio
 
Este artigo visa comparar a produção de leite da Argentina com a do Uruguai, país vizinho produtor e exportador de leite, para ver quais são os problemas comuns e quais são as questões domésticas.
 
Para colocar em contexto, é preciso lembrar que a Argentina, veja o gráfico de Produção de leite da América do Sul, é o segundo produtor de leite, atrás do Brasil, tem as maiores fazendas leiteiras, e é o maior exportador da região e o 3º exportador de leite em pó integral do planeta. O Uruguai é o 5º produtor (atrás do Brasil, Argentina, Colômbia e Chile) mas é o 2º exportador de lácteos competindo com a Argentina no comércio internacional de leite em pó integral. Isto não é para menos pois, o Uruguai é o país que tem a maior produção de leite per capita da América do Sul, 590 litros/habitante/ano. Tem também o maior consumo per capita da região, 266 litros/habitante/ano, mas exportam 77% de tudo o que produzem.

O Uruguai, com 5,6 milhões de litros de leite por dia, produz o equivalente a aproximadamente 70% do volume que sai da província de Buenos Aires, mas está muito próximo de nós na exportação de leite em pó integral.
 
Em 2021 exportou 28.865 toneladas para o Brasil (+17% do volume exportado pela Argentina para o mesmo destino) e em 2022 (janeiro-outubro) acumula envios de 22.216 toneladas, 35% menos do que as remessas da Argentina para o Brasil. Mas é importante observar que o exportado por ambos países para a China. A Argentina vendeu para o Gigante Asiático 3.532 toneladas de leite em pó integral de janeiro a setembro de 2022, o Uruguai já enviou 25.975 toneladas, ultrapassando a Austrália como segundo fornecedor da China desde 2021. Trabalha em competitividade há anos, inclusive, ultimamente, está em estudo um acordo de livre comércio com os asiáticos.


Quanto se fala em “competitividade” pensa-se no desempenho da produção primária e da indústria de processamento. Mas quando se trata de exportar, a competitividade não envolve somente o produtor e a indústria. É preciso o Estado com seus controles, impostos e políticas públicas necessárias para facilitar a tarefa e assegurar a entrada de divisas.
 
Estando os dois países à mesma distância da China, infere-se que a dificuldade da Argentina em aumentar as exportações é causada pela ineficiência do Estado. A cadeia láctea argentina conta com elos de produção primária altamente competentes, pois cresce mesmo tendo os menores preços da matéria-prima do mundo, e um elo industrial local com capacidade para processar com eficiência os produtos necessários para competir e abastecer o mercado interno e externo. Mas é um ônus o pesado Estado argentino com sua pressão tributária direta como o Imposto de Exportação entre outros (9% para o leite em pó integral, o principal produto lácteo exportado), e indiretos como a defasagem cambial (no mínimo 30% e os insólitos tipos de dólares fictícios existentes) somando-se a isso, o imposto inflacionário (o da Covid e da guerra que afetam a todos, mas o Uruguai tem uma inflação anual de 9%, enquanto que na Argentina chega a 83%).
 
Sem dúvida, seria promissor que a Administração atual e os que vierem reconsiderassem seriamente a mudança na forma de fazer as coisas para poder gerar a esperada reativação não somente do setor lácteo argentino (representado por 10.446 fazendas leiteiras, 670 empresas processadores e 187.000 empregos), mas também de toda a economia. (Fonte: Dairylando – Tradução livre: www.terraviva.com.br)

 
UE aprova restrição a produtos com origem de áreas desmatadas
 
O Parlamento Europeu firmou na 3ª feira (6.dez.2022) acordo preliminar com os países da UE (União Europeia) para a aprovação de uma lei que impede a importação pelo bloco de produtos provenientes de áreas desmatadas ou degradadas. A legislação contempla diversos produtos exportados pelo Brasil, como carne bovina, café e soja. Agora, os Parlamento e Conselho europeus terão de aprovar formalmente o acordo. A nova lei entra em vigor 20 dias depois da publicação no Jornal Oficial da UE, mas alguns artigos só valerão 18 meses depois.

“As empresas também terão que verificar o cumprimento da legislação relevante do país de produção, inclusive sobre direitos humanos e se os direitos dos povos indígenas envolvidos foram respeitados”, lê-se em comunicado do Parlamento Europeu. Para serem comercializados dentro da UE, os produtos deverão ter uma declaração de que não são provenientes de áreas desmatadas ou degradadas depois de dezembro de 2020. Além de carne bovina, café e soja, a lista de produtos que deverá ter o selo inclui cacau, dendê, madeira, óleo de palma, borracha e carvão vegetal. Também contempla os derivados das commodities, como couro, chocolates e móveis.

O texto aprovado no Parlamento Europeu apresenta uma definição mais ampla de degradação florestal do que a inicialmente prevista no acordo. Ela inclui todos os tipos de florestas ao invés de somente as primárias.

Conforme o Parlamento, as empresas ainda precisarão “verificar o cumprimento da legislação relevante do país de produção, inclusive sobre direitos humanos e se os direitos dos povos indígenas envolvidos foram respeitados”. Para fiscalizar o processo, a UE terá acesso a informações fornecidas pelas empresas. Entre elas, coordenadas de geolocalização. “[As autoridades do bloco] podem, por exemplo, usar ferramentas de monitoramento por satélite e análise de DNA para verificar a origem dos produtos”, declarou o Parlamento Europeu. 

A FAO (sigla em inglês para Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) estima que 420 milhões de hectares de floresta foram desmatados de 1990 a 2020. De acordo com o Parlamento Europeu, o consumo da UE representa cerca de 10% do desmatamento global. Os produtos que mais contribuem para a percentagem são óleo de palma e soja. Relator do texto, o eurodeputado Christophe Hansen classificou a medida como “forte e ambiciosa”. Segundo ele, a legislação ajudará na proteção de florestas em todo o mundo. “Além disso, garantimos que os direitos dos povos indígenas, nossos primeiros aliados no combate ao desmatamento, sejam efetivamente protegidos”, falou. “Também garantimos uma forte definição de degradação florestal que abrangerá uma extensa área de floresta. 

Espero que esta regulamentação inovadora dê impulso à proteção das florestas em todo o mundo e inspire outros países na COP-15.” Líderes mundiais se reúnem a partir de 4ª feira (7.dez) em Montreal (Canadá) para a COP-15 (15ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas para a Diversidade Biológica). Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), o evento visa “alcançar um acordo histórico para deter e reverter a perda da natureza, no mesmo nível do Acordo de Paris sobre o Clima, de 2015”. (Poder 360)


Jogo Rápido 

Aumento do ICMS
Com a desoneração dos combustíveis, energia elétrica e telecomunicações, os governadores teriam que elevar em quatro pontos porcentuais, de 17,5% para 21,5%, a alíquota média padrão do ICMS a partir de 2023 para compensar a perda de arrecadação. É o que revela pesquisa realizada pelo Comitê Nacional de Secretários de Fazenda dos Estados (Comsefaz). Alguns estados já encaminharam às assembleias legislativas, proposta de aumento dos impostos, entre eles, Pará, Piauí, Paraná e Sergipe; e, outros estados deverão seguir o mesmo caminho. A cobrança do ICMS desses três itens (combustíveis, energia elétrica e telecomunicações), que correspondiam a cerca de 30% da arrecadação total dos estados, caiu este ano pelo Congresso, para reduzir os preços e a inflação, antes da eleição. A medida acabou se transformando num enorme problema para os governadores, que já sentem a perda de receitas. O Comsefaz está recomendando aos estados que façam o ajuste para neutralizar o impacto das medidas que minaram a verba para políticas públicas, como saúde e educação. (Jornal do Comércio)

 
 
 

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