Porto Alegre, 18 de agosto de 2022 Ano 16 - N° 3.726
Governo reduz alíquota de importação de proteção de motociclistas e mais 6 itens
A Câmara de Comércio Exterior (Camex) do Ministério da Economia anunciou a redução dos impostos de importação de sete itens para o Brasil. A decisão é resultado de reunião, realizada nesta quarta-feira (17), pelo Comitê Executivo de Gestão (Gecex) do órgão.
Dentre os produtos na pauta de importação estão airbags para proteção de motociclistas, proteínas do soro do leite e complementos alimentares. Estes itens serão incluídos na Lista de Exceções à Tarifa Externa Comum (Letec) do Mercosul.
Com essa inclusão, complementos alimentares, concentrados de proteínas e substâncias proteicas texturizadas, além de coletes e jaquetas impermeáveis para proteção de motociclistas, terão a alíquota zerada na Letec.
Ainda segundo o Ministério da Economia, a Lactalbumina (o que inclui concentrados de duas ou mais proteínas de soro de leite) terão redução na alíquota, de 11,2% para 4% na importação.
“Com a inclusão na Letec, as tarifas de importação desses itens – que variavam de 11,2% a 35% – serão zeradas ou reduzidas a 4% a partir do próximo dia 1º de setembro”, afirma o Gecex, por meio de nota.
A Camex também formalizou a incorporação do corte em 10% nas alíquotas da Tarifa Externa Comum (TEC) do bloco de países sul-americanos.
No entanto, a resolução, que também passa a valer a partir de setembro, não altera as alíquotas do Imposto de Importação aplicadas pelo Brasil, por essas estarem já reduzidas em 20% em relação à TEC vigente atualmente.
Também por meio de nota, o Gecex considera que a decisão “busca estabelecer uma estrutura tarifária mais eficiente para ampliar a inserção dos países do Mercosul no comércio internacional, além de aumentar a competitividade e a integração das economias do bloco”.
“O corte adicional de 10%, implementado pelo Brasil em maio de 2022, permanecerá vigente, portanto, até final de 2023. As negociações prosseguem, nas instâncias pertinentes do bloco, a fim de buscar uma modernização mais ampla e mais profunda de sua estrutura”, complementa o comitê. (CNN)
O mundo não vive sem vacas
O início da distribuição de vacinas contra o coronavírus foi a melhor notícia deste começo de ano. E, para o agronegócio brasileiro, temos outra: a previsão de que o setor deverá voltar a bater recordes no comércio exterior, ajudado pela manutenção dos preços em patamares elevados lá fora e pelo real desvalorizado.
Conforme apontam diversos estudos da Embrapa, para a cadeia produtiva do leite entraves surgidos com a pandemia foram aos poucos sendo superados, com bastante maturidade e de olho nas demandas dos consumidores. Como resultado, os produtores tiveram aumento de margens, apesar da alta dos custos de produção. Para 2021, há um otimismo moderado, na expectativa de que a vacinação crie efeitos multiplicadores na reabertura mais acelerada da economia, incluindo o crescimento do consumo de lácteos.
Não à toa, empresas globais de lácteos participam ativamente do mercado brasileiro, em razão do nosso enorme mercado interno e da possibilidade cada vez mais próxima de o Brasil se tornar, além do quarto maior produtor mundial de leite, um exportador regular de lácteos com valor agregado. A cadeia do leite demonstrou ao longo de 2020 sua resiliência, respondendo às mudanças impostas pela pandemia.
Neste ambiente de grandes mudanças, e fazendo um contraste com toda a pujança da cadeia do leite, dois executivos da instituição promotora dos lácteos e sem fins lucrativos Global Dairy Platform, M. Kanter e D. Moore, publicaram recentemente um exercício de imaginação que me surpreendeu: O Mundo sem Vacas (no original, A World without Cows; Nutrition Today 55(6):283, 2020 DOI: 10.1097/NT.0000000000000441). O texto é uma demonstração do decrescente impacto da atividade leiteira ao ambiente, cientificamente fundamentado, em contraponto aos impactos ambientais de outras indústrias que foram afetadas pela pandemia.
Tomando a poluição do ar como parâmetro, foram observadas reduções próximas a 25% em emissões de gases de efeito estufa (GEE) em muitas regiões do planeta, em especial nas grandes cidades dos Estados Unidos, China e União Europeia durante a pandemia, devido principalmente à redução no uso de transporte e da atividade industrial. Contudo, críticos da atividade agrícola, e da pecuária em particular, argumentam que os animais e em especial os ruminantes são mais importantes como causa do aquecimento global, o chamado efeito estufa.
Como seria um mundo sem vacas? Apesar de os ruminantes de fato emitirem gases causadores do efeito estufa, eles reciclam forragens e subprodutos (farelo de soja, caroço de algodão, etc.) que não são alimentos para humanos e poderiam ser fonte de poluição do ambiente. Além disso, o melhoramento animal e o uso de boas práticas de produção nas fazendas e nos laticínios são tendências tecnológicas cujo uso crescente tem aumentado significativamente a eficiência de toda a cadeia produtiva, o que resulta em balanço da pegada de carbono do setor leiteiro próximo de zero, o “leite baixo carbono” que comentaremos em outra oportunidade.
Porém, num mundo sem vacas certamente seria muito mais difícil alimentar adequadamente uma população global crescente com proteínas e nutrientes de qualidade, necessários para o bom funcionamento do cérebro para operar máquinas e computadores. Ademais, economias e culturas de comunidades inteiras, Estados e países sofreriam tremendamente se esta importante fonte de renda e segurança social desaparecesse.
Aqueles autores demonstram, com referências científicas, que a quantidade de poluição causada pela atividade leiteira é muito menor do que várias atividades industriais. E concluem que o custo-benefício de não contarmos com vacas no futuro, essa importante fonte de nutrientes, de estabilidade econômica e cultural por milhares de anos, é demasiadamente alto para a humanidade. (Revista Balde Branco)
EUA: relatório da USDA altera projeções de produção e preço de leite para 2022/23
O relatório mensal World Ag Supply and Demand Estimates (WASDE) do USDA, lançado em 12 de agosto de 2022, revisou as estimativas de produção de leite dos EUA de 2022-23 para mais altas devido a maiores estoques de vacas e aumentos na produção de leite por vaca.
Os preços médios projetados do leite foram reduzidos para ambos os anos.
Comparado ao mês passado, o USDA elevou a previsão de produção de leite em 2022 em 363 milhões de quilos, para 103 bilhões de quilos. Se realizado, a produção de 2022 aumentaria 227 milhões de quilos em relação a 2021.
A previsão do preço da manteiga para 2022 foi aumentada em relação ao mês passado com a força atual dos preços, mas o preço do queijo foi previsto mais baixo com maiores suprimentos e grandes estoques contínuos. As previsões de preços do leite em pó desnatado e do soro de leite também foram reduzidas.
Em comparação com um mês atrás, o preço médio anual projetado do leite Classe III para 2022 foi reduzido em US$ 2,65, para US$ 47,62 por 100 quilos. O preço projetado da Classe IV foi reduzido em US$ 1,65, para US$ 52,80 por 100 quilos.
A previsão de preço do leite integral para 2022 foi cortada em US$ 2,09 em relação ao mês passado, para US$ 55,56 por 100 quilos (No fechamento das negociações na Bolsa Mercantil de Chicago em 11 de agosto de 2022, os preços dos futuros de leite Classe III e Classe IV teriam uma média de US$ 48,44 e US$ 52,45 por 100 quilos, respectivamente.)
Para 2023, o USDA projetou a produção de leite em 104 bilhões de quilos, 408,23 milhões de quilos a mais do que a previsão do mês passado. Se realizada, a produção de 2023 aumentaria cerca de 1% em relação à estimativa de 2022.
As previsões de preços de 2023 para queijo, manteiga, leite em pó desnatado e soro de leite são todas reduzidas nas expectativas de maior oferta e forte concorrência nos mercados internacionais. (As informações são do Progressive Dairy, traduzidas e adaptadas pela equipe MilkPoint)
Jogo Rápido
Lançamento Projeto “Fazenda Doce de Leite”
No dia 23/08, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat/RS) farão o lançamento do projeto "Fazenda Doce de Leite". Na ocasião, o presidente do Sindilat, Guilherme Portella, a superintendente do Mapa/RS, Helena Rugeri, e o chefe geral da Embrapa Clima Temperado, Roberto Pedroso de Oliveira, apresentarão novas ações para valorização do leite gaúcho. (Assessoria de Imprensa Sindilat)