Porto Alegre, 07 de janeiro de 2022 Ano 15 - N° 3.572
No Sul, falta chuva; em Minas Gerais, ela tem caído em excesso
As principais regiões produtoras de leite do país também amargam perdas que resultam das intempéries. Os rebanhos dos três Estados do Sul - que, juntos, respondem por 12 bilhões de litros - estão sofrendo com a seca e as altas temperaturas, enquanto em Minas Gerais, que produz 9,7 bilhões de litros e lidera o ranking nacional, o problema é o excesso de chuvas.
A estiagem severa no Rio Grande do Sul já afeta os produtores de leite pelo quarto ano seguido, diz Marcos Tang, presidente da Associação dos Criadores de Gado Holandês do RS (Gadolando). O clima ruim impactou o milho e os pastos, afetando a alimentação dos animais.
No Sul, onde o gado é de origem europeia, a alimentação desbalanceada e o calor reduzem o volume de produção e a qualidade da bebida. “O leite pode ficar mais ácido e não serve para produzir derivados”, explica Darlan Palharini, secretário executivo do Sindilat-RS, que representa a indústria.
Para Valter Brandalise, diretor do laticínio catarinense Tirol, um dos maiores do país, a seca soma-se à alta de custos como um elemento de redução da produção de leite no país. Ele estima que o volume produzido no último trimestre foi de 5% a 7% menor do que em 2020. “Quanto disso vem da seca ou dos custos altos, que historicamente afetam o volume produzido, não é possível mensurar”, diz.
Segundo o dado mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção caiu 4,9% no terceiro trimestre, para 6,19 bilhões de litros. Brandalise acredita que a seca deverá afetar a qualidade da silagem de milho que será usada para alimentar os rebanhos nos próximos meses.
A Emater-RS projetou até agora redução de 1,6 milhão de litros captados ao dia no Estado - em algumas regiões, a queda se aproxima de quase 10%. O Paraná estimou declínio de quase 200 milhões de litros, com prejuízo aos produtores de R$ 400 milhões, segundo a Secretaria da Agricultura. (Valor Econômico)
Balança comercial de lácteos: exportações crescem e importações diminuem
Segundo dados divulgados nesta quinta-feira (06/01) pela Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), o saldo da balança comercial de lácteos foi de -71 milhões de litros em equivalente-leite no mês de dezembro, um aumento de 5 milhões, ou aproximadamente 7% em comparação ao mês anterior.
Ao se comparar ao mesmo período do ano passado (dez/2020), o saldo foi ainda menos negativo, sendo que o valor em equivalente-leite nesse período foi de -173 milhões de litros, representando um aumento de aproximadamente 59%.
Esse resultado é o menos negativo desde 2017, quando o mês de dezembro teve um saldo de -68 milhões de litros, e representa o segundo mês consecutivo de aumento. Confira a evolução no saldo da balança comercial láctea no gráfico 1.
Gráfico 1. Saldo mensal da balança comercial brasileira de lácteos.
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Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.
No mês de dezembro as exportações tiveram um aumento de aproximadamente 47% em relação ao mês de novembro, com um acréscimo de 3,1 milhões de litros no volume exportado. Ao se comparar com 2020, as exportações também foram maiores este ano, com um aumento de 1,4 milhões de litros, representando um acréscimo de aproximadamente 17% no volume exportado.
Gráfico 2. Exportações em equivalente-leite.
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.
Do lado das importações, o mês de dezembro apresentou diminuição de 2,1 milhões de litros no volume negociado, um valor aproximadamente 3% inferior ao mês de novembro. Analisando o mesmo período de 2020, nota-se uma diminuição expressiva entre os volumes importados; em 2020, 181,13 milhões de litros em equivalente-leite foram importados, já em 2021 esse valor teve um recuo de aproximadamente 56%, totalizando 80,8 milhões de litros, o que pode ser observado no gráfico a seguir:
Gráfico 3. Importações em equivalente-leite.
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.
Em relação aos produtos mais importantes da pauta importadora em dezembro, temos o leite em pó integral, leite em pó desnatado e os queijos, que juntos representaram 73% do volume total importado. O leite em pó integral teve um aumento de 23% em seu volume importado. Já o iogurte e a manteiga tiveram uma redução de 35% e 31%, respectivamente. Não ocorreram importações de leite UHT.
Os produtos que tiveram maior participação no volume total exportado foram o leite UHT, o leite condensado, o creme de leite e os queijos, que juntos, representaram 79% da pauta exportadora. Produtos que apresentaram forte variação com relação ao mês de novembro foram o leite em pó integral e o leite em pó desnatado que tiveram aumento de 1.657% e 5.815%, respectivamente, embora o volume vendido ainda não seja tão significativo. Por outro lado, o leite UHT e soro de leite tiveram quedas nas exportações de 27% e 52%, respectivamente.
A tabela 1 mostra as principais movimentações do comércio internacional de lácteos no mês de novembro deste ano.
Tabela 1. Balança comercial láctea em dezembro de 2021. Fonte: Elaborado pelo SINDILAT/RS com base em dados do MDIC.
As informações são do Milkpoint adaptadas pelo Sindilat/RS
Laticínios devem comprovar uso de termos de IGs europeias para manter o direito a partir do Acordo Mercosul-UE
Indicação Geográfica - Os queijos Fontina, Gorgonzola, Grana, Gruyère/Gruyere, Parmesão e as bebidas tipo Genebra e Steinhaeger/Steinhäger , mesmo que produzidos no Brasil, utilizam como registro o nome de regiões europeias, configurando Indicações Geográficas do antigo continente.
A partir do Acordo do Mercosul com a União Europeia, no entanto, para continuar utilizando esses nomes de referência, os produtores deverão apresentar documentação comprobatória até o dia 6 de março de 2022.
Conforme os requisitos do texto provisório do acordo, as pessoas físicas ou jurídicas devem comprovar a anterioridade de uso comercial dos termos associados às IGs referidas. As empresas que somente usam os termos, como restaurantes, pizzarias, distribuidores e importadores, não serão afetadas pela determinação, já que não se encaixam como produtores.
O coordenador de Regulação e Propriedade Intelectual da Secretaria de Comércio e Relações Internacionais, João Neto, explica que houve uma negociação com os europeus das regiões das IGs para que o Brasil e demais países do Mercosul pudessem realizar a consulta.
“Tivemos a concordância das IGs originárias e vamos garantir o direito dos usuários brasileiros. Isso vai ter um impacto muito grande para a valorização do produto, pois permitirá que eles continuem utilizando os termos de referência, o que gera um ativo intangível e representa grande diferenciação de mercado”, destacou Neto.
Até o fim do período de consulta, que se estende por 60 dias, a expectativa é que o setor responsável do Ministério receba cerca de 400 manifestações. Os demais países do Mercosul também vão realizar a consulta.
Os produtores que não estiverem na lista de usuários prévios não poderão usar os termos no território nacional após a entrada em vigor do Acordo Mercosul-União Europeia.
Como participar?
Para comprovar a continuidade de uso de termos protegidos associados às IGs, será necessário apresentar pelo menos uma das comprovações abaixo:
I - cópia de rótulo datado ou com data verificável ou foto de produto com data impressa cuja classe é identificada pelo termo protegido associado à IG; ou
II - cópia de catálogo promocional/publicitário datado com o produto específico cuja classe é identificada pelo termo protegido associado à IG e data; ou
III - endereço de sítio eletrônico com endereço virtual (URL) com produto cuja classe é identificada pelo termo protegido associado à IG, desde que a data de sua publicação seja verificável ou inclua evidência de período de comercialização de fato; ou
IV - cópia de nota fiscal datada que contenha o termo protegido associado à IG, mesmo que abreviado.
>> Saiba aqui como comprovar uso do termo
Para fins da comprovação de anterioridade serão considerados apenas os documentos mencionados, emitidos ou publicados, antes de 25 de outubro de 2017, para Parmesão, Gorgonzola, Steinhaeger/Steinhäger e Genebra. Já para Fontina, Grana e Gruyere/Gruyère, a documentação deve ter sido emitida ou publicada antes de 25 de outubro de 2012.
Ainda será preciso comprovar a continuidade de uso comercial de termos protegidos associados às IGs, enviando documento emitido ou publicado entre 28 de junho de 2018 e 28 de dezembro de 2019.
Os documentos e informações de comprovação deverão ser encaminhados, obrigatoriamente, por correio eletrônico ao endereço cgsr@agricultura.gov.br .
>> Confira todas as informações aqui
IGs
As Indicações Geográficas são aqueles produtos ou serviços que tenham uma origem geográfica específica. Seu registro reconhece reputação, qualidades e características que estão vinculadas a determinado local. Comunicam, assim, ao mundo de que certa região se especializou e tem capacidade de produzir um artigo, ou de prestar um serviço diferenciado e de excelência.
Ao longo dos anos, cidades ou regiões ganham fama por causa de seus produtos ou serviços. Quando qualidade e tradição se encontram num espaço físico, a Indicação Geográfica surge como fator decisivo para garantir a diferenciação do produto.
Acordo Mercosul-União Europeia
O Acordo Mercosul-União Europeia (EU) é uma negociação de associação birregional, em que as partes chegaram a consenso político sobre o pilar comercial. Em 18 de junho de 2020, as partes concluíram as negociações dos pilares político e de cooperação do Acordo.
Sua vertente comercial constitui uma das maiores áreas de livre comércio do mundo ao integrar um mercado de 780 milhões de habitantes e aproximadamente um quarto do PIB global.
Pela abrangência de suas disciplinas, é o acordo mais amplo e de maior complexidade já negociado pelo Mercosul. Além disso, o acordo prevê maior abertura, transparência e segurança jurídica nos mercados de serviços, investimentos e compras governamentais, assim como a redução de barreiras não tarifárias e a consolidação de agenda de boas práticas regulatórias. Estabelece, ainda, disciplinas modernas na área de facilitação de comércio e propriedade intelectual, entre outros temas.
As informações são do Mapa adaptadas pelo Sindilat/RS
Jogo Rápido
Os próximos sete dias serão de calor e pouca chuva no Estado, de acordo com o Boletim Integrado Agrometeorológico 01/2022, elaborado pela Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), a Emater/RS-Ascar e o Irga. Na sexta-feira (07/01), o tempo seco vai predominar em todas as regiões, com temperaturas mais amenas no período noturno e valores elevados durante o dia. No sábado (08) e domingo (09), o tempo firme seguirá predominando, com elevação das temperaturas em todas as regiões, porém a combinação de calor e umidade poderá provocar pancadas isoladas de chuva e trovoadas, típicas de verão, principalmente na Metade Norte. Entre a segunda (10) e quarta-feira (11), a presença do ar quente e úmido manterá o forte calor, com temperaturas em torno de 40°C e possibilidade de pancadas isoladas de chuva na maioria das regiões. Os totais previstos deverão ser inferiores a 10 mm na maioria das localidades do Rio Grande do Sul, podendo alcançar 20 mm no Alto Uruguai, Planalto, Serra do Nordeste e Campos de Cima da Serra. O documento também aborda a situação atual das culturas de soja, milho, feijão, olerícolas, frutícolas e bovinocultura de corte. Acompanhe todos os Boletins Integrados Agrometeorológicos em www.agricultura.rs.gov.br/agrometeorologia. (SEAPDR)