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26/07/2021

Newsletter Sindilat_RS

 

Porto Alegre,  26 de julho de 2021                                                         Ano 15 - N° 3.464


Emater/RS: pastagens de inverno ajudam na redução dos custos de produção

As condições meteorológicas têm contribuído para o desenvolvimento das pastagens cultivadas de inverno, refletindo no aumento de produção. O aumento na oferta de forragens permite reduzir custos de produção, pois diminui a necessidade de suplementação de concentrados.

A redução das chuvas favoreceu o manejo e a manutenção da higiene pela redução dos pontos com acúmulo de barro, resultando em menor incidência de mastites e de contagem bacteriana no leite.

A entrada de novas matrizes lactantes é cada vez maior, permitindo a secagem das que estão em lactação prolongada, o que vem reduzindo a contagem de células somáticas, conforme verificado pelas empresas coletoras do leite. As altas no preço do leite entregue pelos produtores demonstram um momento mais favorável à atividade leiteira.

Na regional de Caxias de Sul, alguns produtores estão adotando a produção de silagem de cereais de inverno, especialmente trigo. As lavouras para confecção de silagem de inverno estão com bom desenvolvimento.

As condições climáticas favoráveis na de Soledade incrementaram o crescimento e desenvolvimento das áreas de cereais de inverno para utilização em alimentos conservados – silagem, pré-secado e feno. Nessas áreas, os produtores fazem o manejo fitossanitário a fim de manter o potencial produtivo e a qualidade das forragens que se constituirão em alimentos conservados.

A produção de silagem de milho sofreu redução por conta de déficit hídrico em alguns períodos da primavera e outono; no entanto, a maioria da silagem estocada apresenta boa relação entre grão e planta inteira.

A volta das chuvas regulares na regional de Frederico Westphalen proporcionou um bom estabelecimento e o desenvolvimento das culturas de inverno, apesar da dificuldade inicial na germinação; tal fator impactou positivamente na produção de leite, já que 98% das propriedades produzem leite à base de pasto com suplementação.

Na regional administrativa da Emater/RS-Ascar de Ijuí, a produção de leite segue aumentando, seguindo curva normal da sazonalidade com pequeno incremente em relação à produção do ano anterior. Nas regionais de Pelotas e Santa Rosa, é reforçada a necessidade da vacinação contra raiva herbívora, não só para evitar perdas nos rebanhos, mas também por se tratar de uma zoonose, devido aos riscos de a doença ser transmitida pelos animais aos humanos.


Brasil:Informe Agroindustrial 2º trimestre 2021 - Lácteos
Brasil/Rabobank – De acordo com o relatório “Brazil Agribusiness Quarterly Q2 2021” do Rabobank, o preço ao produtor se mantém em níveis elevados, e a produção avança lentamente à medida que o clima seco e os altos custos dos concentrados afetam as margens. Uma recuperação econômica mais forte poderá favorecer a demanda na segunda metade do ano.
O crescimento da produção de leite aumentou no primeiro trimestre de 2021 em comparação com o primeiro trimestre de 2020, em parte devido a base de comparação ter sido fraca, mas também devido ao fato dos agricultores terem começado o ano com os preços relativamente altos em 2021.
A média do preço do leite ao produtor (preço nacional bruto do CEPEA) foi de R$ 1,98/litro no primeiro trimestre de 2021 em comparação com R$ 1,37/litro em 2020, um aumento de 44%.
Segundo dados preliminares do Instituto Brasileiro de Estatísticas (IBGE), a produção aumentou 1,8% em termos de volume na comparação com o primeiro trimestre de 2020. Sem dúvida, os custos continuaram aumentando em 2021, com a soja e o milho mantendo-se em níveis elevados apesar do Real mais forte. Segundo dados do CEPEA, os custos de produção do leite aumentaram 9,1% nos primeiros quatro meses do ano, muito mais rápido do que a inflação, e ajudaram a reduzir as margens para os produtores.
O clima seco também contribui para o aumento dos custos de produção. Com menos forrageiras disponíveis, os produtores se viram obrigados a aumentar a alimentação à base de cereais para complementar as dietas dos rebanhos leiteiros nas regiões do sul e sudeste do Brasil.
As indústrias estão tendo dificuldades com as margens justas da cadeia láctea, já que os altos preços do leite no campo e a inflação geral agregam custos e os preços aos consumidores não aumentaram na mesma proporção. Sem dúvida, dados econômicos recentes sugerem que a atividade econômica está se recuperando a um ritmo mais rápido do que o previsto, o que, além da provável extensão do programa de transferências de renda (ajudas sociais) para três meses mais, poderão ser boas notícias para a demanda na segunda metade de 2021. O forte crescimento mundial e as exportações de matérias primas no auge também ajudaram a sustentar a atividade econômica no Brasil, com um superávit recorde da balança comercial esperado para o ano. O consenso do mercado aponta para um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de mais de 5% em 2021.
As oportunidades de exportação de lácteos agora são muito limitadas com as recentes valorizações do real, que está sendo negociado abaixo de R$ 5,00/US$ nos últimos dias, depois de alcançar mais de R$ 5,80/US$ no primeiro trimestre. As importações poderão ganhar impulso no segundo semestre, com preços internacionais mais baixos e um Real mais forte.
O que esperar:
- Um Real mais forte significa oportunidades de exportação muito limitadas e importações adicionais no terceiro trimestre.
- O clima seco está agregando pressão aos custos de produção dos produtores na maioria das regiões. A produção poderá perder impulso e fechar o ano com um crescimento marginal. (Fonte: OCLA - Tradução livre: www.terraviva.com.br)
 
 
Os três pilares de fazendas leiteiras altamente eficientes
Fazendas leiteiras - Seja em momentos de altas de preços em commodities ou não, a atividade leiteira não é diferente de qualquer outro negócio, é necessário ter eficiência para sobreviver.
Segundo Mateus Teixeira, zootecnista e coordenador técnico comercial de bovinos de leite da Cargill Nutrição Animal, o principal segredo para que esta atividade perdure é preciso ter um fluxo de caixa positivo, porém no médio e longo prazos é preciso ter lucro, cobrindo inclusive os custos fixos, como depreciação e a remuneração do capital investido. Para que isso seja possível, é necessário ser eficiente nos três “pilares” do negócio leite: custos de produção, volume diário produzido e receitas.
Segundo Mateus, o produtor deve buscar aumentar suas receitas agindo em todos os pontos que forem possíveis dentro da propriedade. Normalmente a principal receita é o leite vendido, seguida pela venda de animais e por último a venda do excedente de volumosos, com algumas variações nessa ordem dependendo da propriedade.
O preço recebido é fortemente impactado pela qualidade, composição e volume do leite fornecido. Portanto, o produtor deve buscar produzir leite com alto padrão de qualidade, com baixos índices de CCS e CBT (UFC) e com altos teores de proteína e gordura, e lógico, buscar fornecer o leite para laticínios que valorizem essa qualidade. O alto padrão de qualidade indica manejo e sanidade adequados para o rebanho, cenário que contribui para ganhos de eficiência técnica e econômica na fazenda.
No que tange à produção de leite diária, sem dúvidas, quanto maior o volume maior a remuneração. Apesar das importantes mudanças sofridas nos sistemas de pagamentos da maioria dos laticínios nos últimos anos, ainda percebemos que a maior influência no preço advém do volume fornecido. E não é só isso, o aumento na escala de produção contribui também para outro importante pilar, diluindo parte dos custos de produção.
O aumento da escala de produção ou do volume de leite produzido diariamente depende de dois fatores: números de vacas em lactação na propriedade e da produtividade das mesmas. O número de vacas depende da capacidade de suporte da fazenda, de acordo com a sua capacidade de alojar e alimentar seus animais. A referência é conseguir alcançar pelo menos 1 vaca em lactação por hectare na fazenda, considerando áreas de produção de volumosos e reservas ambientais na conta.
A produtividade das vacas, obviamente, quanto maior melhor, desde que respeitemos o bem estar dos animais e que os custos se mantenham equilibrados. Manejo, conforto, alimentação equilibrada e saúde permitirão aos animais expressarem todo o seu potencial produtivo.
A junção de uma boa taxa de lotação, ou seja, pelo menos uma vaca em lactação por hectare e boa produtividade dos animais, aumentarão a produção de leite total diária e também a produtividade por hectare na fazenda. Este indicador, medido em litros/hectare/ano, tem uma alta correlação com a rentabilidade do negócio. Sugere-se em sistemas menos intensivos, pelo menos 5.000 litros/ha/ano e em sistemas mais intensivos pelo menos 10.000 litros/ha/ano. Historicamente, fazendas com altas produtividades por hectare e custos equilibrados, conseguem tornar o negócio leite altamente atrativo, muitas vezes alcançando rentabilidades superiores a 10% ao ano.
O último pilar, o dos custos de produção, é sem dúvidas onde o produtor tem maior capacidade de interferência, mesmo que ele não consiga prever ou evitar que os comportamentos dos custos dos insumos impactem em seu negócio. A eficiência mais uma vez é exigida, pois mais importante do que o quanto se gasta é com o que se gasta.
Atualmente vários projetos e grupos de assistência técnica gerenciam as despesas das propriedades e geram índices de referência que acabam sendo utilizados por todos os produtores. O mais comum é criar uma relação entre as despesas e o percentual da renda comprometido com elas.
"Os principais custos normalmente são o gasto com concentrado, volumoso e a mão de obra. O ideal é que o comprometimento da renda bruta esteja entre 8 e 10% com volumoso, entre 30% e 35% com concentrado e entre 10 e 12% com mão de obra", explica Mateus.
Esses valores são resultados históricos médios de propriedades consideradas economicamente eficientes na atividade, portanto, são possíveis de serem alcançados e contribuem para um resultado econômico satisfatório. Contudo, é necessário ter cuidado com a interpretação desses índices, que acabam se tornando metas.
Os fatores que impactam esses números sofrem muita interferência regional, pelas características específicas da cadeia produtiva na região e por isso mesmo podem distorcer os indicadores. Por exemplo, o custo da ração de dois produtores pode ser o mesmo e um deles comprometer 30% da sua renda com este custo e o outro 35%. Para isso, basta que o preço recebido pelo leite por eles seja diferente. Podemos erroneamente afirmar que a propriedade que compromete 35% da sua renda com ração é menos eficiente para comprar insumos, porém na verdade a sua bacia leiteira é a que tem menor preço pago ao produtor.
Durante a pandemia este quadro ficou ainda mais evidente e complexo, pois os preços do leite subiram muito e os insumos também. As relações entre custos e receitas mudaram e podem estar criando falsas ineficiências nas propriedades. Nesses casos onde a eficiência técnica continuou e os indicadores econômicos fugiram dos valores referência, deve-se ter cautela e lembrar que a atividade leiteira deve ser analisada no longo prazo e não se pode ser conclusivo avaliando curtos períodos com alta instabilidade no mercado. O foco é manter a produção e os bons resultados técnicos para voltar a colher melhores frutos quando o mercado se estabilizar.
Independentemente do cenário de preço e custos não podemos nos esquecer da produtividade dos animais e da produção total de leite. Há muitos anos no Brasil, várias análises estatísticas mostram que o volume de leite produzido por dia nas fazendas é o principal fator de influência para o sucesso econômico da atividade leiteira, sendo que quanto maior o volume diário, maiores as chances de a atividade ser viável e atrativa economicamente.
Se o produtor estiver com o caixa apertado, com os custos acima dos índices ideais, a primeira coisa a se fazer é reduzir despesas em setores que não comprometem a produtividade das vacas, pois a redução da média pode agravar muito a situação. O que o produtor pode fazer é buscar maneiras de tornar todo o sistema mais eficiente.
Uma estrutura que permita uso de menos mão de obra para realizar o manejo facilitando a limpeza dos cochos, bebedouros e currais, reduz custos. Produzir volumoso em quantidade suficiente e com qualidade, investindo em controle de pragas e nutrição das plantas durante a safra, reduz a dependência da ração para suprir boa parte dos nutrientes utilizados pelos animais, baixando custos com concentrado. Reter na propriedade somente a quantidade necessária de bezerras e novilhas para repor o plantel, logicamente em propriedades com rebanhos estabilizados, reduz custos com alimentação e necessidade de estrutura para animais ainda improdutivos. Essas possíveis ações são exemplos de como cortar custos sem reduzir a produtividade das vacas, que são de fato “quem” paga as contas.
Outro ponto muito importante e com grande impacto na redução de custos, é a possibilidade de se usar ingredientes variados na nutrição dos animais, focando nos nutrientes exigidos pela categoria que está sendo alimentada e não no alimento em si. Talvez, hoje este seja o maior paradigma existente na pecuária de leite brasileira. Muitos produtores têm grande resistência em utilizar sorgo, casca de soja, farelo de algodão, ureia dentre outros ingredientes, com o discurso de que não são ingredientes nobres. Na verdade, os animais possuem exigência por energia, aminoácidos, minerais e vitaminas, não interessando a fonte de onde eles vêm.
Para produtores com maior estrutura de armazenamento de insumos, sem dúvidas, vale a pena comprar estrategicamente ingredientes como polpa cítrica, ureia, caroço de algodão, DDGS, casca de soja e farelo de algodão, pois eles atendem bem a demanda nutricional e possibilitam garantir saúde e produtividade aos animais a custos menores. E para produtores sem estruturas preparadas para tantos ingredientes diferentes existe a possibilidade de buscar comprar rações e concentrados direto das fábricas de ração. As fábricas compram grandes volumes de ingredientes e conseguem construir fórmulas eficazes nutricionalmente, com custos menores que as rações de milho e farelo de soja comumente produzidas nas fazendas.
“O produtor de leite eficiente será o produtor do amanhã. Não há mais espaço para amadores com um mercado tão dinâmico e complexo como o que estamos inseridos", finaliza. (AGROLINK & ASSESSORIA)

 

Jogo Rápido  

Alguma margem, apesar dos custos

Integrantes do projeto Campo Futuro, da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), estiveram no Rio Grande do Sul para levantar informações sobre os custos de produção da pecuária de corte e de leite. A iniciativa é fruto de parceria com o Senar e o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. Na pecuária de leite, o levantamento demonstrou que o produtor conseguiu obter uma margem de receita líquida positiva, o que dá a ele um fôlego para a permanência na atividade a médio prazo. Segundo Thiago Rodrigues, assessor técnico da CNA, nas quatro regiões analisadas no Rio Grande do Sul, em três delas o produtor conseguiu cobrir os desembolsos quanto à depreciação e o pró labore. “Apesar do momento favorável de preço que houve no ano passado, esse produtor sofreu e teve um custo que impactou bastante na margem que a atividade gerou para ele”, analisa. O principal gargalo identificado foi a alimentação animal com concentrado, que consome de 28% a 34% da receita da atividade. Já na pecuária de corte a análise demonstrou que o produtor operou com margens positivas no sistema de recria e engorda. O item mão de obra foi responsável por 27,3% dos desembolsos, enquanto que o cultivo de pastagens representou 13%.  Segundo Rodrigues, o nível de produtividade do segmento não está permitindo ao produtor diluir esses custos. “Ele só vai conseguir diluir isso na medida em que for mais produtivo”, acrescenta. (Correio do Povo)


 

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