Porto Alegre, 19 de outubro de 2020 Ano 14 - N° 3.328
Intervenções em países em desenvolvimento podem ajudar a atender à demanda global por leite
O baixo consumo de lácteos é comum entre países de baixa e média renda (LMICs), entretanto, com a projeção de aumento da demanda por leite nesses países nas próximas décadas, há uma oportunidade de melhorar a vida de milhões de pessoas por meio dos benefícios nutricionais oferecidos pelos laticínios. O Feed the Future Innovation Lab for Livestock Systems sediou o "Simpósio MILK: Melhorando a produção, qualidade e segurança do leite em países em desenvolvimento" no Encontro Anual da American Dairy Science Association 2019 para abordar os fatores que causam o baixo consumo de laticínios nos LMICs e discutir estratégias para abordá-los. O Journal of Dairy Science convidou palestrantes a enviar artigos sobre tópicos do simpósio para atingir um público mais amplo.
“O nível de consumo de lácteos é baixo nos LMICs devido à baixa acessibilidade e disponibilidade. Isso é causado por alimentação, manejo e genética inadequados, infraestrutura precária de transporte, refrigeração e processamento inadequados, ambientes de política não conducentes e fatores socioculturais e demográficos”, explicou Adegbola Adesogan, PhD, diretor do Laboratório de Inovação Feed the Future Innovation Lab for Livestock Systems da Universidade da Flórida, EUA. “Esses documentos mostram coletivamente como as intervenções estratégicas podem levar a melhorias marcantes na produção de leite em países em desenvolvimento.”
O simpósio começou revisando a importância dos produtos lácteos nas dietas de bebês, adolescentes, gestantes, adultos e idosos. Forneceu evidências de pesquisas atuais de que o consumo de laticínios não aumenta o risco de doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2; em vez disso, oferecem um importante suprimento de nutrição e funcionalidade que são de particular importância em certas fases da vida.
Volumes projetados de leite (ECM, leite corrigido por energia internacional) que serão produzidos por região em 2030 e aumento percentual em relação aos níveis de 2017 (Rede Internacional de Comparação de Fazendas, IFCN, 2018) CIS = Comunidade dos Estados Independentes: Bulgária, Estônia, Letônia, Lituânia , Romênia, Rússia, Ucrânia (Crédito: Adesogan, AT e GE Dahl. 2020. MILK Symposium Introduction: Dairy production in development countries. J. Dairy Sci. 103: 9677-9680)
Os alimentos de origem animal fornecem uma fonte de proteína e micronutrientes de alta qualidade e biodisponibilidade que podem ajudar a diminuir a desnutrição infantil. No Nepal, crianças com mais de 60 meses que consumiram leite eram mais altas e tinham peso maior para a idade e crianças de 24 a 60 meses tinham perímetro cefálico maior, o que é utilizado como medida de cognição.
O simpósio destacou a importância de recursos e educação para melhorar a qualidade e a segurança do leite nos países em desenvolvimento. O simpósio também revisou as causas das doenças de origem alimentar do leite e as implicações econômicas e para a saúde, seguido por uma discussão sobre soluções educacionais e tecnológicas para melhorar a qualidade e a segurança da produção de leite.
Um pacote de treinamento em tecnologia para controlar a mastite foi implementado com sucesso em fazendas de leite de pequenos produtores no Nepal, com resultados que sugeriram a ampliação do treinamento em fazendas além do país. Oficinas de treinamento foram desenvolvidas em Ruanda e no Nepal para ajudar a melhorar a produtividade, qualidade e segurança do leite. No sul da Etiópia, uma intervenção foi projetada para melhorar a higiene e o manuseio do leite, o que resultou em um aumento geral no conhecimento das melhores práticas dos participantes.
O palestrante final enfatizou a sustentabilidade e o impacto ambiental da produção de leite em países de baixa renda. A intensificação sustentável é uma estratégia importante para abordar a segurança alimentar e as mudanças climáticas simultaneamente. Melhorar o potencial genético, nutrição animal equilibrada e qualidade da alimentação são estratégias promissoras.
“A crescente demanda por produtos lácteos nos LMICs apresenta uma grande oportunidade”, disse Adesogan. “Esses documentos contribuirão, em última instância, para atender à crescente demanda global por leite e ao cumprimento das Metas de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas relacionadas à redução da fome e da pobreza, melhoria da educação e do emprego e gestão ambiental.”
Os artigos do simpósio foram publicados como parte da edição de novembro do Journal of Dairy Science CLICANDO AQUI. (As informações são do Dairy Industries International, traduzidas pela Equipe MilkPoint)
Santa Clara completa 10 anos de utilização de energia limpa com redução de emissão de mais de 12,8 mil toneladas de CO2
A Cooperativa Santa Clara completa em outubro 10 anos de utilização de fontes de energia limpa e totalmente renovável, fato que gerou uma redução de 12,8 mil tCO2e (toneladas de dióxido de carbono equivalente). Apenas no ano de 2019 reduziu-se 1,9 mil tonelada de CO2.
“Atualmente, as empresas se preocupam cada vez mais em produzir de forma sustentável e a Santa Clara não é diferente. Sempre revisamos nossos processos e os ajustamos para as melhores práticas, inclusive ambientais. Na utilização fontes de energia limpas e renováveis, a Cooperativa partiu na frente há uma década. Entre tantas ações que realizamos, é importante destacar a compra de energia limpa porque ela gera grande impacto no futuro. Essa iniciativa contribui com o desenvolvimento econômico, social e preservação dos recursos naturais para as próximas gerações”, explica o diretor Administrativo e Financeiro da Santa Clara, Alexandre Guerra.
O uso de fontes renováveis contribui para a redução da emissão de gases do efeito estufa (GEE), causadores diretos da poluição e das mudanças climáticas, reduzindo também as doenças relacionadas à poluição, como asma, pneumonias e outras doenças respiratórias.
Hoje, 65% de toda energia utilizada pela Cooperativa em suas indústrias, centros de distribuição e lojas provêm de fontes renováveis e a previsão é chegar em 90% até o final de 2021. A Santa Clara utiliza energia de usinas eólicas, solar, biomassa, PCH e CGH, entre outras fontes incentivadas pelo Governo Federal por obterem uma matriz energética ambientalmente limpa e sustentável.
A certificação emitida pela Ludfor Energia é um reconhecimento da preocupação da Cooperativa em conviver de forma harmônica com o meio ambiente.
Veja alguns índices equivalentes à redução de 1,9 mil toneladas de CO2:
• 53.809 mudas de árvores conservadas por 20 anos
• 19.351 veículos leves a gasolina percorrendo 500km
• 4.847 transportes rodoviários de 1 tonelada de carga por 500km
828 toneladas de papel ou papelão enviadas para o aterro sanitário. (Divulgação Cooperativa Santa Clara)
Alemanha – Faltam 15 centavos por quilo de leite para fechar as contas
Segundo o estudo trimestral sobre os custos de produção de leite na Alemanha, realizado pelo BAL (Büro für Agrarsoziologie und Landwirtschaft – [Ministério da Agricultura]), os custos continuaram a subir até julho de 2020, enquanto que o preço pago aos produtores de leite caiu no mesmo período.
Em comparação com janeiro de 2020, os custos de produção aumentaram mais de um centavo, atingindo 46,95 centavos por quilo em julho. No mesmo período, o preço do leite caiu exatamente dois centavos para 31,24 centavos por quilo. Os resultados atuais mostram claramente o prejuízo enfrentado pelos produtores de leite, com 33% dos custos não sendo cobertos.
Elmar Hannen, produtor de leite, e membro do comitê gestor da EMB , [Associação que representa os produtores de leite europeus], resume assim a situação: “Após um ano a estratégia setorial do sindicato agrícola, DBV, a união da indústria de laticínios MIV, e a federação das cooperativas DRV, nenhuma melhora foi observada no mercado de leite. A posição dos produtores piorou bastante. Isso ocorre porque eles enfrentam aumento de custos devido às maiores demandas relativas à seca. No entanto, esses custos adicionais não podem ser repassados e são assumidos integralmente pelos produtores. A parte não coberta dos custos aumenta ainda mais. Sem instrumentos de gestão de crises, não vamos sair dessa situação e vamos continuar perdendo com a atividade”. Segundo a associação alemã dos produtores de leite BDM, é urgente criar uma organização setorial de produção de leite. (EMB - Tradução livre: Terra Viva)
Jogo Rápido
Argentina – Se agrava a crise do setor lácteo
A indústria de laticínios da Argentina é a mais prejudicada com o congelamento dos preços básicos dos alimentos estabelecido pelo governo nacional. No último ano, segundo dados publicados pelo departamento de estatísticas do governo, Indec, a “cesta láctea” mostrou uma inflação interanual de 14,6%, contra 40,1% da média dos alimentos e bebidas em geral no varejo da cidade de Buenos Aires. Quase todos os produtos da “cesta láctea” estão dentro do congelamento decretado pelo governo federal (leite fresco, leite em pó, queijo cremoso, queijo patê-grass, iogurte e manteiga). A única exceção é o queijo sardo, cujo elevado valor impede a aplicação de reajustes significativos na atual conjuntura de crise econômica. O outro segmento mais prejudicado é o dos farináceos. O congelamento dos preços dos produtos básicos só teve dois reajustes de preços autorizados: um no mês de julho e o segundo na semana passada, quando para os lácteos, o aumento foi de apenas 2%. As complicações decorrentes do congelamento de preços, junto com as dificuldades das exportações, afetaram as receitas de muitas indústrias de laticínios. Nesse contexto, enquanto algumas empresas – especialmente as estrangeiras – podem passar por maus momentos com seus recursos próprios, as empresas de menor porte devem recorrer ao sistema bancário. A dívida bancária com entidades argentinas das 27 principais indústrias de laticínios do país era de 20,7 bilhões de pesos, em julho último, segundo dados do Banco Central (BCRA). Trata-se de um valor quase 9% superior ao registrado em março passado (primeiro mês do congelamento obrigatório vigente até o momento), o que representa aumento médio mensal de 2,2% em pesos argentinos correntes. O dado é que 80% da dívida são de empresas de capital argentino, muitas das quais são empresas familiares de médio e pequeno porte. (valorsojar – Tradução livre: www.terraviva.com.br)