Porto Alegre, 14 de outubro de 2020 Ano 14 - N° 3.325
Os efeitos da pandemia no mercado internacional e no consumo de lácteos
A pandemia de Covid-19 teve impactos positivos e negativos no mercado global de lácteos. Ao mesmo tempo em que os consumidores adiantaram as compras, em função do isolamento social, incrementando as vendas do segmento, fatores como redução na demanda de serviços de alimentação (food service) e desaceleração do crescimento econômico do mundo não foram favoráveis. O levantamento sobre o mercado internacional foi apresentado pelo dairy commodity trader da Interfood, Joaquin Gonzalez, durante a primeira tarde do Fórum MilkPoint Mercado Online na terça-feira (13/10).
Segundo Gonzalez, antes da pandemia, o cenário era positivo no preço dos laticínios, com demanda saudável e boas previsões na coleta de leite. Agora, com as mudanças ocasionadas, as perspectivas para o final de 2020 são melhores. Segundo Gonzalez, o food service, que sofreu grandes impactos no início da pandemia, já está em melhores níveis. “Na China, se fala em 80% a 90%, mas ainda não estamos em níveis pré-Covid”, afirma. Além disso, ele destacou que o mercado spot na China ainda estará aquecido, mas sem claridade para os próximos meses e demanda ativa.
Sobre a mudança nos hábitos de consumo com a chegada da Covid-19, itens da cesta de lácteos, como leite em pó e iogurte, apresentaram, apesar da pandemia, crescimento generalizado em volume e em valor, de acordo com os dados apresentados pelo new business manager da Nielsen, Mikael Quialheiro. Segundo ele, os dois produtos estão em um momento de aceleração, expressando aumento de 4,4% e de 5,9%, respectivamente. Leite em pó e leite representaram 70% do crescimento da cesta.
Quialheiro explicou, que nos primeiros meses da Covid-19, a população optou pelo abastecimento, o que acabou sendo alterado com o passar do tempo. "Acredito que agora, no Brasil, estamos saindo da vida restrita e entrando para uma nova normalidade. As pessoas aos poucos estão voltando a fazer as compras no varejo como antes". O profissional ainda ressaltou que produtos como leite em pó, iogurte, leite UHT, requeijão e leite fermentado, que já vinham crescendo, mantiveram a ascensão na pandemia. Para esses, a dica de Quialheiro é impulsionar, otimizando portfólio, mantendo e expandindo a distribuição.
Na ocasião, profissionais e analistas do segmento também discorreram sobre o cenário de oferta e demanda para o milho e para soja em 2020/2021, a importância da rastreabilidade na cadeia de laticínios no mundo pós-pandemia, mercado brasileiro de leite e derivados para o final deste ano e para 2021 e outros. O evento, promovido pela MilkPoint, continuou nesta quarta-feira (14/10), das 13h30 às 17h, com mais palestras sobre perspectivas para o setor. (Assessoria de Imprensa Sindilat)
Poupança das famílias dispara, mas investimento é desafio
A poupança das famílias deverá passar de 13,5% de suas rendas para 20,2% neste ano, estimam os economistas José Roberto Afonso e Thiago Abreu. É uma reação à crise provocada pela covid-19, que leva a um comportamento mais conservador. Eles sugerem alterações no ambiente institucional e financeiro das Parcerias Público-Privadas (PPPs) para que essa poupança seja canalizada para investimentos, principalmente em infraestrutura. A proposta está no texto “A Poupança Precaucional da covid-19: o Desafio de seu Aproveitamento”, que será publicado na revista Conjuntura Econômica, do Ibre/FGV. Em momentos de crise, dizem os economistas, é comum que as famílias optem por gastar menos, fazendo o que se chama de poupança precaucional. Na pandemia do coronavírus, esse comportamento foi exacerbado por causa das medidas de isolamento e afastamento social. Mesmo que não tenham optado por poupar mais, as pessoas se viram impedidas de gastar em áreas como entretenimento e turismo. “A pandemia mudou a forma de consumo das famílias”, comenta Abreu. O resultado é que mais recursos foram guardados. “No mundo inteiro, a poupança das famílias alcançou números impressionantemente altos”, afirma Afonso, que é professor no Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP).
Eles citam dados do Banco Central (BC), que apontam para um ingresso líquido de R$ 37,2 bilhões em recursos na caderneta apenas no mês de maio. Em setembro, houve captação de outros R$ 13,2 bilhões, e o estoque superou pela primeira vez na história a marca de R$ 1 trilhão. O crescimento do número de investidores em bolsa é outro sinal de aumento no número de poupadores. O texto cita dados da B3 pelos quais o número de CPFs inscritos para investir passou de 1,7 milhão em 2019 para 2,9 milhões em 2020. Afonso e Abreu estimaram a taxa de poupança das famílias calculando a diferença entre renda e consumo. No caso, tomaram o dado mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para a renda disponível bruta das famílias, de 2017, e estimaram os valores para os anos seguintes conforme a variação do Produto Interno Bruto (PIB). E confrontaram esses números com os de consumo, também calculados pelo IBGE. Assim, num cenário em que o PIB recue 5,4% e o consumo das famílias, 7,2%, o aumento da taxa de poupança chegará a 6,7 pontos percentuais da renda familiar, atingindo 20,2% do total em 2020, ante 13,5% estimados em 2019 e 10,5% observados em 2017. “O grande desafio macroeconômico é transformar essa poupança em investimento, sobretudo fixo”, comenta Afonso. “E que, com isso, se consiga disparar o processo de criação de renda e emprego.” Ao longo dos anos 2000, a taxa de investimento girou em torno de 20% do PIB.
No entanto, caiu para 14,5% do PIB em 2018. Em quatro trimestres até junho passado, estava em 15,47% do PIB. Especificamente em infraestrutura, os investimentos têm ficado abaixo de 2% do PIB desde 2001, segundo cálculos de Claudio Frischtak, da consultoria Inter.B, citados pelos economistas. Precisariam ficar em 4,24% do PIB, pelo menos, apenas para evitar a depreciação do capital já existente. Ou seja: em termos de infraestrutura, o Brasil anda para trás. “Cabe construir um novo arranjo institucional e financeiro para compartilhar entre setor privado e público projetos de investimento, a partir de formatos diferenciados de longo prazo, aperfeiçoamento do ambiente regulatório e de licenciamento, além de medidas tributárias urgentes que estimulem o investimento.” Nesse cenário mais favorável, os bancos poderiam oferecer crédito de longo prazo para as empresas investirem e criar produtos para captar dinheiro das famílias para essa finalidade. Para Afonso, o financiamento sempre careceu de um ambiente favorável e de recursos. A novidade é que, agora, o dinheiro existe. (Valor)
Preço ao produtor de leite da Argentina é o mais baixo do mundo
Um relatório elaborado pelo Observatório da Cadeia Leiteira Argentina (Ocla), com base em dados de diferentes entidades internacionais, mostra que os produtores de leite argentinos são os que recebem menos pelo leite cru, levando-se em consideração os principais países produtores mundiais.
Segundo dados divulgados pela Ocla, o produtor de leite argentino recebeu, em média, 25,8 centavos de dólar em agosto. Além de ser um valor abaixo do ponto de equilíbrio que gira em torno de 30 centavos, é de longe o valor mais baixo: o Uruguai segue com 28,4 centavos.
Se for feita uma média entre os outros seis territórios pesquisados (Uruguai, Chile, Brasil, União Europeia, Reino Unido, Estados Unidos e Nova Zelândia), obtém-se um valor de 36,9 centavos. Em outras palavras, os produtores de leite argentinos recebem 30% a menos do que os produtores em todo o mundo.
Além disso, o preço atual na Argentina está 13,1% abaixo do ano passado. É o país com a maior variação negativa interanual, atrás do Uruguai (-6,8%) e dos Estados Unidos (-0,5%). Por outro lado, o Brasil mostra o maior aumento: 17,9%
O problema é que a queda dos preços em moeda “forte” na Argentina ocorre justamente no momento em que o milho e a soja, principais insumos para a alimentação das vacas, apresentaram forte crescimento nos últimos dois meses. (As informações são do Agrovoz, traduzidas pela Equipe MilkPoint)
Jogo Rápido
Base de cálculo do Pis e Cofins
Pelo menos três empresas obtiveram, recentemente, autorização de Tribunais Regionais Federais (TRFs) para excluir o PIS e a Cofins das próprias bases de cálculo. Uma delas no TRF da 3ª Região, em São Paulo, e as outras duas no TRF da 2ª Região, no Rio de Janeiro. Advogados dizem que essas decisões podem sinalizar o começo de uma mudança jurisprudencial. (Valor)