Os cuidados que o produtor de leite precisa ter na propriedade para afastar a possibilidade de contaminação por coronavírus foram tema de live promovida na manhã desta segunda-feira (29/6) pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Reunindo um time de especialistas da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul (Seapdr) e da Embrapa, o debate remoto elencou dicas importantes que o produtor deve adotar – ou redobrar – para que a doença não chegue aos proprietários e colaboradores das propriedades rurais e, assim, não comprometa a produção e os resultados financeiros.
O Webinar 'Covid-19: o que o produtor precisa saber' deu um foco importante na biosseguridade na cadeia da bovinocultura de leite na rotina do transporte – uma das mais sensíveis do processo, uma vez que o caminhão de coleta passa por diversas propriedades. De acordo com Rogério Dereti, pesquisador da Embrapa Gado de Leite, diante do cenário é essencial que o produtor adote mudanças de hábitos, reforçando que a atividade leiteira em si, já exige uma série de regras e boas práticas de produção que contemplam parte das recomendações das autoridades de saúde. “Não é algo fácil de se fazer no cotidiano e, no caso dos transportadores, que mantêm diversos contatos ao longo do dia, é recomendável que mantenha a distância de dois metros dos indivíduos que atuam na propriedade, bem como faça uso sempre do álcool em gel 70%", afirma Dereti.
Guilherme Nunes de Souza, também pesquisador da Embrapa Gado de Leite, lembra que o momento de coleta do leite do resfriador também merece atenção especial. “O ideal é o que o próprio transportador encaixe a mangueira no equipamento e, após isso, faça a higiene do registro com álcool”, explica Nunes. Segundo ele, os produtores ainda devem manter a tampa do registro no local adequado, uma vez que isso ajuda na manutenção da qualidade e assepsia de todo o processo. Em outra frente da rotina da propriedade, Dereti sugere que as tarefas na fazenda sejam bem divididas para evitar que diferentes pessoas tenham contato com equipamentos e superfícies – ação que facilita a contaminação pela Covid-19. “Na sala de ordenha, por exemplo, em uma propriedade com quatro conjuntos de ordenha, não é preciso mais de uma pessoa para fazer o serviço. Essa é a proporção ideal neste momento de cuidados extremos”, afirmou Dereti.
Na rotina que não depende de fatores externos, as famílias devem restringir o acesso/visitas de pessoas que não sejam fundamentais para dar andamento à atividade leiteira. No caso da entrega de insumos feita por pessoas de fora, sempre manter a distância recomendada de dois metros e, depois, higienizar as superfícies que tenham sido tocadas pelo visitante. Em outros casos de pessoas da família do produtor que mantenha atividades fora da fazenda, é altamente recomendável manter o distanciamento, além da rotina que se faz necessária a todos nos dias atuais: troca de roupas e assepsia total quando chegar em casa.
A pesquisadora da Secretaria da Agricultura do Estado Laura Lopes de Almeida reforçou a importância dessas medidas preventivas dentro da propriedade, uma vez que 80% das pessoas contaminadas por coronavírus são assintomáticas, ou seja, não apresentam sintomas. Isso significa que os sintomas físicos não podem ser unicamente considerados na hora de manter proximidade com as pessoas. “Dois metros é a distância ideal, além do uso permanente de máscaras quando em contato com pessoas de fora, higiene das mãos e das superfícies regularmente são as armas que temos para enfrentar esta guerra”, pontuou Laura, coautora de um guia organizado pela Embrapa Clima Temperado, que traz orientações aos produtores de leite e como tomar medidas de precaução para evitar a contaminação pelo novo coronavírus.