Porto Alegre, 28 de outubro de 2019 Ano 13 - N° 3.096
Leite: Brasil precisa investir para ganhar competitividade no mercado externo
A produção de leite no Brasil é mais do que suficiente para atender a demanda interna. Mesmo assim, no ano passado, o país importou 150 mil toneladas de lácteos, principalmente da Argentina e do Uruguai. A explicação está no preço do produto: enquanto o litro custa cerca de R$ 1,50 no mercado interno, nos nossos vizinhos sai por R$ 1.
“Na maioria das vezes, as importações não atendem o anseio do consumidor, mas de grupos que fazem esse comércio visando oportunidades. Importam para comercializar, o que é normal em um país capitalista”, diz o coordenador da Câmara de Leite da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Vicente Nogueira.
Os produtores brasileiros se sentem prejudicados desde o fim da tarifa antidumping, em fevereiro. A tributação estava em vigor desde 2001 e abrangia as compras de leite em pó, integral ou desnatado da União Europeia e Nova Zelândia. “Tem que ter uma política mais protecionista para os nossos produtos. A gente importa leite do Uruguai e do Paraguai, e isso prejudica a cadeia”, afirma o pecuarista César Oliveira Junior.
O volume de exportações brasileiros, por sua vez, é muito pequeno: não chega a 1% da produção nacional. Nogueira diz que não é fácil conquistar espaço no mercado internacional, principalmente no caso de lácteos. “É um mercado pequeno. De todo o leite produzido no mundo, apenas 5% ou 6% é comercializado entre os países”, conta.
Recentemente, a China, um dos países que mais consomem leite no mundo, decidiu abrir mercado para lácteos brasileiros. Apesar de ser uma boa notícia, os produtores sabem que precisam investir em genética, nutrição e infraestrutura para ter qualidade e preço competitivo.
“A agricultura deu um salto enorme nos últimos anos e a pecuária de corte vem dando esse salto também, mas o leite ainda está engatinhando”, diz o pecuarista Caio Rivetti. (Canal Rural)
Cadeia láctea/AR
A participação do produtor no total do sistema foi, em setembro, de 33,3%, inferior aos meses anteriores. A indústria piorou sua performance de participação no mercado interno.
A análise realizada mensalmente pelo Instituto Argentino de Professores Universitários de Custos (IAPUCo) que estabelece a referência da cadeia sobre o valor por litro de leite equivalente (VLE), é mostrada no gráfico a seguir.
Cabe destacar que o governo ajustou a alíquota do Imposto de Valor Agregado (IVA) para certos produtos da cesta básica de alimentos. A medida vigente zerou, a partir de sua publicação no Diário Oficial, o IVA sobre alguns produtos lácteos, leite fluido -integral, desnatado ou aromatizado – e iogurte integral ou desnatado, com validade de 16 de agosto de 2019, até 31 de dezembro de 2019.
Participação do setor primário
A participação do produtor no total do sistema em setembro, 33,3%, foi inferior aos meses anteriores (máximo da série em junho de 2019 com 36%), mas, ainda bastante acima da média histórica de 29,7%. Uma situação similar se dá para a participação dos valores finais do mercado interno e da saída de fábrica. Cabe lembrar que a série histórica da Saída de Fábrica é um ano mais longa que as outras.
Participação do setor industrial
O desempenho da participação industrial piora no mercado interno, no total do sistema, e inclusive está menor que a média nas duas análises. Cabe lembrar que a indústria vem apresentando o menor nível de participação na série, no mês de junho passado (23,3%). No mercado externo, a participação industrial melhorou, 21,9%, mas, ainda está 2,6 pontos abaixo da média.
O faturamento por litro equivalente em dólares para a indústria chegou a US$ 0,51/litro, perdendo em relação ao mês anterior, e muito abaixo da média histórica de US$ 0,61/litro. (TodoAgro – Tradução livre: Terra Viva)
Produção/EU
A captação de leite na União Europeia (UE) aumentou 0,9% em agosto passado em relação ao mesmo mês de 2018, o que representou 116.000 toneladas a mais de leite, de acordo com os últimos dados do Observatório lácteos da UE.
Os países com os maiores aumentos absolutos foram Polônia (+22.000 toneladas), Alemanha (+20.000 toneladas), França (+19.000 toneladas), Irlanda (+19.000 toneladas) e Bélgica (+15.000 toneladas). Percentualmente os maiores crescimentos foram no Chipre, Luxemburgo e Letônia, acima de 5%. Na Espanha o incremento em agosto foi de 2,5%, aproximadamente 14.000 toneladas a mais.
A captação acumulada de janeiro a agosto teve comportamento variável segundo o país, como pode ser visto no quadro. As maiores quedas foram registradas na Holanda, Áustria, Eslovênia e Croácia. Os maiores crescimentos no Reino Unido e Irlanda. Na Espanha foi registrado aumento de 0,7%. (Agrodigital – Tradução livre: Terra Viva)
A Comissão de Agricultura debate nesta terça-feira (29) a abertura do mercado chinês para produtos lácteos brasileiros e o acordo comercial com a União Europeia, que estabeleceu cotas para entrada de produtos lácteos do bloco europeu no Brasil com isenção de tarifas de importação. O debate atende a pedido dos deputados Celso Maldaner (MDB-SC) e Jerônimo Goergen (PP-RS). Maldaner explica que informações dão conta que os chineses habilitaram 24 estabelecimentos brasileiros para exportação de produtos como leite em pó e queijos. "Essa abertura pode gerar impacto positivo para a cadeia produtiva do leite, que atualmente passa por um momento de enormes dificuldades, e envolve, aproximadamente, 1,2 milhão de pequenos produtores", avalia. No entanto, o parlamentar acrescenta que o acordo com a União Europeia vai facilitar a entrada de produtos lácteos europeus no País e " exigir da cadeia de produção brasileira um salto de qualidade e competitividade jamais visto, e poderá demandar um grande investimento em tecnologia e desenvolvimento de novas técnicas de produtivas", afirma. O objetivo do debate, segundo o parlamentar, é tomar conhecimento das diretrizes, metas e estratégias governamentais e privadas, com o objetivo otimizar os benefícios a esse importante setor da economia brasileira. Foram convidados representantes de ministérios; da Apex-Brasil); da Embrapa; de cooperativas; da CNA; e de produtores de leite. O debate será realizado no plenário 6 às 10 horas. (Agência Câmara)