Porto Alegre, 19 de julho de 2019 Ano 13 - N° 3.026
LEITE EM PÓ: Importação estadual cresce 84%
Compras feitas em outros países, sobretudo no Uruguai, chegaram a 12,3 mil toneladas até junho
As importações de leite em pó registraram alta de 84% no Rio Grande do Sul no primeiro semestre deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado. Os dados são do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. De janeiro a junho entraram no Estado 12,3 mil toneladas do produto oriundas de fora do Brasil, em especial do Uruguai (12,2 mil toneladas). No mesmo período do ano passado, as importações somaram 6,7 mil toneladas. No Brasil, as importações alcançaram 48,2 mil toneladas, um acréscimo significativo ante as 37,7 mil toneladas do mesmo período do ano passado.
Após registrar um salto em 2016, com 50 mil toneladas, a importação no Rio Grande do Sul caiu nos anos seguintes e chegou a 16,4 mil toneladas em 2018. A entrada de leite em pó estrangeiro, porém, começou 2019 em alta, com 2,1 mil toneladas em janeiro. Houve queda em março, com 763 toneladas, e novo avanço em maio, quando o volume se tornou o mais alto do ano, com 2,7 mil toneladas. Em junho, a quantidade foi levemente inferior: 2,3 mil toneladas. As importações somam um gasto de 33,4 milhões de dólares no acumulado do ano.
O presidente do Sindilat, Alexandre Guerra, afirma que o cenário deve ser observado levando-se em conta os números do Brasil, já que nem todo o produto importado pelo Rio Grande do Sul é comercializado dentro do Estado. De acordo com ele, a elevação das importações está relacionada ao aumento dos preços no mercado interno e à valorização do real frente ao dólar.
Com o aumento da produção previsto para o segundo semestre, em especial nos meses de agosto e setembro, a tendência é que os preços se ajustem e as importações tenham um recuo, segundo Guerra. Em junho, o valor de referência projetado pelo Conseleite ficou em R$1,1297 o litro, o que representou uma queda de 4,14% em relação ao valor consolidado de maio. O dirigente cita ainda a questão da competitividade em razão de custos, tanto para a indústria quanto para o produtor, com itens como impostos e transportes.
Presidente da Fetag e do Instituto Gaúcho do Leite (IGL), Carlos Joel da Silva observa que a situação preocupa os produtores gaúchos. “O custo do Mercosul é bem mais barato que o nosso. Essa concorrência desleal prejudica o produtor”, compara. Ele cobra que sejam criadas medidas para reduzir custos, ou então barreiras à entrada do produto estrangeiro. Ao mesmo tempo, segundo Joel, o setor reclama dos preços pagos pelo litro. Em Ibirubá, de acordo com ele, há produtores relatando preços inferiores a R$ 1,00. “Se nada for feito, a tendência é cair mais o preço”, avalia. (Correio do Povo)
Criados no interior de Sarandi, no norte do Estado, os irmãos Guilherme e Luis Gustavo Carlot cresceram vendo o pai Altair Carlot trabalhando na lavoura de soja, milho e trigo. Embora já ajudassem nas atividades a campo, planejavam assumir de fato a propriedade após se formarem e acumularem experiência. Mas os planos tiveram de ser antecipados após a morte precoce do patriarca, aos 53 anos, vítima de um infarto.
Três anos se passaram desde a perda inesperada, e Guilherme, hoje com 24 anos, e Luis Gustavo, 21 anos, tomaram as rédeas do negócio — com a mãe, Zilce Martinazzo Carlot, professora aposentada que também precisou aprender a lidar com números, contabilidade e gestão.
— Quando tudo aconteceu, ficamos sem chão. A cooperativa foi nosso alicerce. Foi lá que buscamos orientação para grande parte das nossas dúvidas — conta Guilherme.
O jovem refere-se à relação de confiança criada com a Cotrisal, cooperativa da qual o pai era sócio desde 1990 e que forneceu o suporte para gestão de 210 hectares cultivados com grãos — em área própria e arrendada.
Guilherme (E) e Luis Gustavo Carlot assumiram a propriedade com apoio da cooperativa Fernando Gomes / Agencia RBS
— Logo que perdemos o pai, o técnico da cooperativa vinha todos os dias aqui em casa. Não tínhamos ideia de muitas decisões que eram tomadas no dia a dia, como compra de insumos, venda de grãos e conserto de máquinas — lembra Guilherme.
A vontade de continuar o negócio cultivado pelo pai levou os irmãos a iniciarem juntos a Faculdade de Agronomia, no Centro de Ensino Superior Riograndense (Cesurg), em Sarandi. No 7º semestre, estudam à noite e nos sábados pela manhã. Durante o dia, se dividem nas atividades da lavoura.
— Na faculdade, estamos aprendendo a teoria e, aqui na propriedade, a prática — resume Luis Gustavo.
Essa combinação vem trazendo resultados. Na última safra de soja, os irmãos colheram média de 4.320 quilos por hectare (equivalente a 72 sacas por hectare) — 30% acima da média estadual medida pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Produtividade dos associados acima da média estadual
Com 112 especialistas a campo, entre agrônomos, veterinários, zootecnistas e técnicos agropecuários, a Cotrisal fechou a última safra de soja com produtividade média de 3.320 quilos por hectare (55 sacas por hectare) — 16% superior ao rendimento estadual. Gerente técnico da cooperativa, Márcio Witter explica que a tradicional assistência deu lugar nos últimos anos ao conceito de transferência de conhecimento.
— Hoje, o produtor rural tem acesso a muitas informações. Nosso papel é justamente filtrar tudo o que ele recebe para orientá-lo da forma mais assertiva possível — explica.
Em campos experimentais, a cooperativa testa tecnologias como variedades, fertilizantes e defensivos antes de fazer qualquer recomendação aos mais de 9 mil associados.
— Para a maioria dos produtores, somos a única referência técnica. Por isso, não podemos errar — resume Witter.
Presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (Fecoagro), Paulo Pires destaca que não há mais espaço para amadorismo em um mercado globalizado cada vez mais competitivo:
— Os números altos que vemos nos resultados das cooperativas são fruto de um profissionalismo crescente.
Segundo o dirigente, a capacitação de todos os setores, da gestão, parte técnica aos produtores, vem sendo intensificada em diversas cooperativas.
— E quem não seguir nesse propósito, ficará pelo caminho — resume Pires.
Capacidade maior para sementes
As estruturas que darão suporte à nova unidade de beneficiamento de sementes da Cotrisal já estão erguidas às margens do km 138 da BR-386, em Sarandi. A obra, com investimento de R$ 20 milhões, quase duplicará a atual capacidade de produção — de 250 mil para 400 mil sacas. Os trabalhos devem ser finalizados até o fim do ano.
— Estamos investindo em processos automatizados e robotizados, aumentando a eficiência — explica Walter Vontobel, presidente da Cotrisal.
Há um ano, a cooperativa concluiu a ampliação da fábrica de ração, onde foram aplicados R$ 8 milhões. A capacidade de investimento vem dos resultados registrados em caixa. Em 2018, a organização alcançou faturamento recorde de R$ 1,9 bilhão — cifra 47% superior ao ano anterior. As sobras (lucro dividido entre os associados) chegaram a R$ 37 milhões.
Embora boa parte do dinheiro venha da venda de grãos, os números foram aumentados também com a captação de leite de 800 produtores e moinho de trigo, além de dezenas de lojas de supermercados, de insumos e de varejo.
— Em boa parte desses municípios, a cooperativa é o principal empregador e gerador de receita fiscal — destaca.
Mas Vontobel reconhece o desafio de aumentar a industrialização, possivelmente por meio de parcerias:
– A dependência de commodities é um risco, por isso buscamos a diversificação das atividades dos associados.
Oportunidade de negócio
Natural de Teutônia, no Vale do Taquari, Niuton Gilberto Dammann mudou-se para Sarandi, no Norte, no final da década de 1980 a convite do então presidente da Cotrisal. Na época, a cooperativa precisava de um profissional para o desenvolvimento de sistemas de informática. A oportunidade de emprego ao jovem de 21 anos transformou-se mais tarde em um negócio, a Tchê Informática.
Trinta anos depois, a empresa com sede em Sarandi e filial em Passo Fundo tem 23 funcionários e outros 15 temporários que prestam serviços de tecnologia da informação a cerca de 15 cooperativas agropecuárias, além de dezenas de prefeituras gaúchas.
— O nosso primeiro impulso veio das cooperativas. Crescemos junto com elas — conta Dammann, 56 anos, sócio-diretor da Tchê Informática, que está preparando agora um sistema voltado à nota fiscal eletrônica do produtor rural. (Zero Hora)
Cooperativa Santa Clara participa da Fipan, em São Paulo
A Cooperativa Santa Clara participa pela primeira vez, de 23 a 26 de julho, em São Paulo, da Fipan, maior feira de Panificação e Confeitaria da América Latina e uma das principais voltadas ao food service, linha direcionada aos estabelecimentos de alimentação. Focada em aproximar-se deste público específico, a Santa Clara participa da feira com produtos de sua linha food service, que inclui formas de queijo, leite em pó, manteiga, além de requeijões, doces, nata, recheios e coberturas nas versões bisnaga e também em baldes. O evento é realizado na Expo Center Norte, em São Paulo, e é promovido pelo Sampapão, que contempla as entidades de panificação e confeitaria do Estado. (Página Rural)