A fim de discutir as mudanças trazidas pelas Instruções Normativas (INs) 76 e 77 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que alteram a forma de produção, coleta e armazenamento do leite cru, representantes de entidades, indústrias e produtores do setor lácteo reuniram-se nesta quinta-feira (9/5), na Universidade do Vale do Taquari (Univates), em Lajeado (RS). O encontro teve o objetivo de sanar dúvidas sobre o tema e facilitar a adequação às normativas, que passam a vigorar no dia 30 de maio, aproximando produtores, indústria e o setor público em prol da qualificação do leite gaúcho.
Em Lajeado, os participantes puderam ouvir explicações dos técnicos e especialistas sobre a operacionalização e a importância do cumprimento das regras para evitar o descredenciamento de produtores. O evento reuniu pouco mais de 200 pessoas e contou com transmissão em tempo real na página do Facebook do Sindicato das Indústrias de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat).
Um dos objetivos das INs 76 e 77, que visam dividir as responsabilidades do processo produtivo e industrial entre a cadeira, é tornar o leite gaúcho mais competitivo. Para o secretário-executivo do Sindilat, Darlan Palharini, os municípios e estados encontram dificuldades em relação à energia elétrica e à manutenção das estradas. “A ideia é que cada um faça a sua parte na busca por um novo padrão de produto no mercado”, enfatizou Palharini.
Segundo o presidente da Cooperativa Languiru, Dirceu Bayer, modernizar as atividades do leite é um avanço, visto que outros setores como aves e suínos estão atendendo às regras para exportação e o leite não. “Infelizmente ainda não estamos adaptados para atender ao setor externo, mas, esperamos que haja tolerância no começo da implementação das regras para que todos consigam atender às exigências das INs”, contou.
A médica veterinária da Secretaria da Agricultura Karla Pivato apresentou aos participantes algumas das motivações que virão pela frente. Durante palestra sobre os aspectos de inspeção do leite, a médica veterinária do Ministério da Agricultura Milene Cé destacou que é preciso implementar as regras para manter a qualidade do leite. “Para quem não conseguiu se preparar, a partir de 30 de maio “zera a vida" dos produtores no Brasil inteiro, pois a primeira média geométrica trimestral será com os resultados de junho, julho e agosto de 2019”.
Quanto às amostras que serão analisadas, a partir da implementação das INs, o responsável técnico do laboratório do leite (Unianálises) Anderso Stieven ressaltou que o laboratório irá treinar e capacitar todos os transportadores e responsáveis técnicos das indústrias para que façam a coleta das amostras da maneira correta, dentro dos padrões de exigência. Sobre o envio das análises, o responsável pelo laboratório do leite na Universidade de Passo Fundo (UPF) Carlos Bondan salientou que seria interessante que as indústrias enviassem as amostras de forma escalonada.
De acordo com o médico veterinário do Mapa Roberto Lucena, as INs 76 e 77 têm parâmetros muito importantes para serem atendidos. “Para dar certo, existe a necessidade de aproximação das empresas com os produtores rurais”, pontuou Lucena, durante a palestra sobre o Plano de Qualificação de Fornecedores. Além de especialistas no assunto, o técnico em agropecuária e produtor de leite associado da Cooperativa Languiru Mauricio Eidelwein também dividiu suas experiências com os demais participantes do evento.
Uma grande mesa de debates entre participantes e produtores, que puderam também fazer perguntas via WhatsApp e através da live no Facebook do Sindilat, encerrou o encontro que foi promovido pela Superintendência Federal do Ministério da Agricultura no Estado (Mapa/RS), pela Secretaria da Agricultura, pelo Sindicato da Indústrias de Laticínios do RS (Sindilat), Apil, Famurs, Sistema Farsul, Fetag, Sistema Ocergs, Emater, Embrapa, Conseleite, Gadolando, Associação dos Criadores de Jersey, Fecoagro, Simvet, CRMV/RS e Univates.
Foto: Stéphany Franco