Porto Alegre, 21 de fevereiro de 2019 Ano 13 - N° 2.925
Parlamentares gaúchos e integrantes de entidades ligadas à cadeia produtiva do leite assinarão documento conjunto pedindo a presença em peso dos deputados e senadores da bancada gaúcha no encontro com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, no próximo dia 26, às 15h30min, em Brasília. Na pauta, temas de grande importância para o setor, como a vigência das INS 76 e 77 em maio próximo, e a derrubada da medida antidumping que penaliza produtores brasileiros. A mobilização foi definida na manhã desta quinta-feira (21), durante reunião do Grupo de Trabalho do Leite (GTL), na Comissão de Agricultura da Assembleia Legislativa. O encontro com a ministra foi intermediado pela Fetag e terá continuidade na manhã de quarta-feira (27), na Secretaria Nacional da Agricultura Familiar.
O presidente do GTL, deputado estadual Zé Nunes (PT), criticou a derrubada da medida antidumping que beneficiava a produção nacional ao limitar a entrada em massa de leite em pós proveniente da União Europeia e da Nova Zelândia, com taxações de 3,9% e 14,9% respectivamente nas importações. Segundo ele, a decisão do governo federal foi equivocada e lembrou que a reversão da medida não é simples e pode levar até 12 meses, uma vez que envolve vários aspectos técnicos que incluem até mesmo a Organização Mundial do Comércio (OMC). O parlamentar, assim como os demais representantes do setor, ainda aguarda a solução do impasse pelo ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que prometeu editar um decreto com medidas compensatórias ao setor, o que ainda não ocorreu. Além de promover a concorrência desleal, a derrubada da medida antidumping trouxe reflexos imediatos ao produtor de leite.
Segundo o deputado Edson Brum (MDB), “apenas a divulgação do fim da barreira tributária levou à queda de 12% a 13% no preço do leite”, afirmou. Para o parlamentar, o leite não é apenas uma atividade importante do ponto de vista econômico. “Sua importância acaba sendo maior pelo aspecto social, e agora estamos diante de um desafio de ordem mercadológico”, pontuou. O deputado Elton Weber (PSB) lembrou que grandes potências protegem seus produtores de leite, a exemplo de Estados Unidos (16%), União Europeia (37%), Canadá (218%) e Noruega (128%). “A União Europeia banca R$ 6 bilhões em subsídios aos produtores, enquanto isso, o Brasil abre a possibilidade de entrada desses produtos no mercado nacional”, criticou Weber, classificando a atitude próxima a um ‘tiro no pé”. Os integrantes do Grupo de Trabalho do Leite foram unânimes em admitir os efeitos negativos da retirada da medida antidumping e afirma que o cenário entre os produtores de leite pode se agravar e ampliar ainda mais a evasão do setor, que já perdeu 25 mil produtores nos últimos três anos somente no Rio Grande do Sul.
As novas regras das INS 76 e 77, que passam a vigorar em maio, também preocupam o setor produtivo. As entidades que representam os produtores temem que a vigência após um curto espaço de tempo – foi aprovada em dezembro passado – possa retirar mais produtores da atividade. Segundo Pedrinho Signori, secretário-geral da Fetag/RS, entre 50% e 60% dos produtores do Estado não estão aptos a fazer a entrega do leite a temperatura de 7°C no prazo estipulado pelas instruções normativas editadas pela União. “As regras propostas de forma geral são positivas, buscam qualificar todo o processo, no entanto, o tempo de adequação é muito curto. Exige muito mais prazo e investimentos em infraestrutura rural. Se um produtor precisar comprar outro resfriador, terá que desligar a ordenhadeira, pois a eletrificação no campo é precária”, afirma o dirigente. (Assessoria de Imprensa Sindilat)
Leite/América do Sul
Na Argentina e Uruguai, o tempo ensolarado favoreceu o desenvolvimento do milho e da soja, além de minimizar as condições de lama em diversas fazendas de leite. Enquanto isso, aguaceiros se intensificam no Brasil Central, enquanto uma seca persistente atinge a região sul do país.
A produção de leite no Brasil e em toda a região do Cone Sul, sazonalmente, tende para baixo devido as temperaturas elevadas do verão, que causam estresses no rebanho leiteiro. Além disso o teor de gordura/proteína cai, contribuindo para que as bonificações sejam reduzidas. Em termos gerais, embora a produção de leite venha caindo ao nível continental, está conseguindo atender a demanda de leite fluido/UHT, queijo e iogurte. Mesmo assim, a oferta de creme está muito apertada, pressionada também pela forte demanda por cervejas, sorvetes e leite processado. Com início das aulas na próxima semana, as instituições de ensino devem aumentar os pedidos por leite engarrafado. (Usda – Tradução Livre: Terra Viva)
Importações de lácteos da China alcançaram US$ 10,65 bilhões em 2018
Com o desenvolvimento da economia chinesa e o aumento dos padrões de vida do povo chinês, o consumo per capita de produtos lácteos na China continua crescendo. Em 2017, o consumo aparente de laticínios na China atingiu cerca de 31,79 milhões de toneladas, representando uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de cerca de 2,7% de 2013 a 2017, segundo a pesquisa "Research Report on Dairy Products Import in China, 2019-2023".
No entanto, o volume de produção de produtos lácteos na China cresceu a um CAGR de apenas 2,1% durante o mesmo período. As principais razões para o crescimento lento incluem:
(1) Os custos da produção nacional de lácteos na China são mais altos do que a média global, afetados pelos custos de ração, mão de obra e terra e a baixa rentabilidade inibe o crescimento da produção;
(2) Os chineses não têm confiança nos produtos lácteos domésticos, uma vez que incidentes de segurança ocorreram com frequência na indústria de produtos lácteos da China nos últimos anos.
Os fatores acima impulsionam o crescimento das importações de produtos lácteos na China. De acordo com a China Customs, em 2018, o volume de importação de produtos lácteos na China atingiu 2,74 milhões de toneladas, um aumento de 7,80% em relação ao ano anterior; o valor das importações chegou a US$ 10,65 bilhões, alta de 14,80%, conclui a pesquisa.
Os produtos lácteos importados pela China incluem leite em pó, leite líquido, queijo, entre outros, sendo que o leite em pó representa a maior parte. Em 2018, as importações de leite em pó contribuíram com quase 70% do valor das importações de produtos lácteos na China. O país precisa importar uma grande quantidade de fórmulas lácteas infantis em pó porque seus consumidores não confiam na segurança dos produtos domésticos, como já dito anteriormente. Já o leite em pó tradicional é importado por causa dos baixos preços e alta qualidade.
Mas vale destacar que as crescentes importações de produtos lácteos tiveram alguns impactos sobre os produtores domésticos de lácteos da China, por exemplo, a queda na receita de vendas e as margens de lucro. Portanto, o governo chinês introduziu políticas restritivas sobre as importações de produtos lácteos. Para restringir a importação de leite em pó infantil, em 1º de janeiro de 2018, a Administração de Alimentos e Medicamentos da China pôs em vigor as Medidas para a Administração do Registro de Fórmulas de Fórmula Infantil em Pó, que estipula que o leite em pó infantil que não foi registrado na China não pode ser vendido no país. Também, lançou o Certificado de Registro de Fórmulas para a Fórmula Infantil de Leite em Pó, que deve ser obtido de acordo com a lei para leite em pó infantil importado a ser comercializado na China.
Em 14 de março de 2018, o anúncio da Administração Estadual de Certificação e Credenciamento sobre a Renovação do Registro de Fabricantes Estrangeiros de Fórmula Infantil em Pó Importada especificou que o registro de produtores estrangeiros de leite em pó infantil importado seria válido por quatro anos e deveria ser renovado no vencimento. Prevê-se que estas políticas ‘expulsem’ mais de 80% das mais de 2.000 marcas importadas (produtos) de leite em pó para uso infantil no mercado chinês.
A pesquisa estima que o povo chinês terá uma demanda crescente por produtos lácteos à medida que sua renda aumenta. No entanto, a produção nacional de laticínios tem um potencial de crescimento limitado, restrito por vários fatores desfavoráveis e enfrenta custos crescentes. Portanto, o volume anual de importação e valor de importação de produtos lácteos na China continuará crescendo. Alguns produtores chineses de lácteos estão adquirindo empresas no exterior para lucrar com a exportação de produtos lácteos para a China. Fica evidente que o mercado chinês apresenta grandes oportunidades para produtores globais de lácteos. (As informações são do relatório "Research Report on Dairy Products Import in China, 2019-2023", traduzidas pela Equipe MilkPoint)
O preço do leite UHT negociado no atacado do Estado de São Paulo subiu 0,24% entre as duas últimas semanas, fechando com média de R$ 2,4357/litro no período entre 11 e 15 de fevereiro. Conforme colaboradores do Cepea, as altas estiveram atreladas aos estoques, que continuam controlados, e à redução da produção por parte de alguns laticínios. Apesar da valorização, as negociações entre laticínios e atacados permaneceram baixas. Já o queijo muçarela se desvalorizou 0,83% na mesma comparação, fechando com média de R$ 17,2862/kg entre 11 e 15 de fevereiro. Quanto à liquidez no mercado deste derivado, permaneceu estável no período. (Cepea)