Porto Alegre, 18 de janeiro de 2019 Ano 13 - N° 2.901
Setor lácteo e governo irão traçar plano de desenvolvimento para a cadeia produtiva do leite
O Sindicato da Indústrias de Laticínios e Derivados do RS (Sindilat) e outras entidades da cadeia produtiva do leite assinaram um documento para que, juntamente com o governo federal, possam construir as bases e diretrizes de uma política nacional para o leite. O objetivo, traçado em reunião realizada no Ministério da Agricultura, em Brasília, nesta quinta-feira (17/01), é trabalhar uma pauta única entre produtores e indústria, via Câmara Setorial do Leite, para tornar o setor mais competitivo e previsível em termos de negócio.
Segundo o presidente do Sindilat-RS Alexandre Guerra, os representantes da cadeia produtiva do leite propuseram à ministra da Agricultura, Tereza Cristina, uma agenda positiva para promover o leite, tanto no mercado interno, como externo. “Ela está dando uma importância muito grande ao leite, o que nos entusiasma para que, juntos, possamos encontrar a solução para a modernização do setor”, destaca. Em sua participação no encontro, o dirigente solicitou compras governamentais e ressaltou a importância do projeto leite saudável para desenvolvimento da produção no campo. Também mencionou a necessidade de retomada do PEP e a urgência da implementação da isonomia tributária e da simplificação tributária. O vice-presidente do Sindilat-RS, Caio Vianna, que também participou da reunião, salientou que o documento ganha maior importância por ter sido harmonizado por todas as entidades de representação de produtores e indústrias.
A agenda positiva proposta pelo setor será norteada pelos seguintes eixos:
- Defesa comercial contra importações desleais;
- Competitividade (desoneração tributária, política agrícola, isonomia competitiva, infraestrutura, assistência técnica, qualidade e sanidade, dentre outros);
- Inovação tecnológica;
- Promoção do consumo e imagem do setor;
- Estímulo às exportações.
Também assinaram o documento o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas; o presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Leite e Derivados e da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Rodrigo Sant´Anna Alvim; o diretor executivo da Viva Lácteos, Marcelo Martins; o presidente da ABIQ, Fábio Scarcelli; o chefe-geral da Embrapa Gado de Leite, Paulo do Carmo Martins; o presidente da Abraleite, Geraldo Borges, e o presidente do G100, Vasco Praça Filho. (Assessoria de Imprensa Sindilat)
Foto: Divulgação Sindilat-RS
O movimento nas cotações do leite visto em 2018 deve persistir em janeiro deste ano segundo pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. No entanto, a expectativa do mercado é de que já em fevereiro as cotações possam sinalizar certa recuperação.
A oferta, que não está se elevando de forma intensa, e o aumento da competição entre empresas para assegurar a matéria-prima podem elevar os valores do produto. Apesar de, no geral, 2018 ter sido um ano de valorização do leite ao produtor, os custos de produção subiram justamente nos meses em que a receita do pecuarista recuou, contexto que freou novos investimentos.
Além disso, no final de 2018, as assimetrias de informações e ações especulativas diminuíram a confiança de produtores em seguir aumentando a produção, limitando a oferta já em janeiro. Assim, a expectativa é de que os preços fiquem acima dos patamares observados no início de 2018, mas abaixo dos negociados no começo de em 2017.
Produção
A produção de leite, contudo, pode ser estimulada ao longo de 2019, tendo em vista a possível maior disponibilidade de grãos neste ano. De acordo com o Cepea, para a temporada 2018/2019, é esperado aumento na oferta de milho no Brasil e no mundo.
No Brasil, a elevação deve ocorrer devido aos maiores patamares de preços do cereal nos últimos meses e ao rápido semeio da soja na primeira safra, que favorece o cultivo da segunda temporada de milho. Com isso, deve haver aumento do excedente interno, mesmo com maior consumo, o que pode pressionar as cotações.
Em termos mundiais, porém, a demanda deve aumentar mais que a oferta, pressionando os estoques e podendo elevar os preços internacionais. Espera-se, também, aumento nas transações internacionais, o que deve ser uma boa alternativa para as exportações brasileiras.
Demanda
O mercado espera que a possível retomada de crescimento da economia, com inflação controlada, taxa de juros baixa e melhora do mercado de trabalho, resulte em aumento no poder de compra de brasileiros, o que, por sua vez, tende a aquecer o consumo de lácteos.
O Cepea indica que ainda que a expectativa de aumento do Produto Interno Bruto (PIB) seja de modestos 2,5%, a perspectiva de elevação do poder de compra do brasileiro aumenta as possibilidades de maior ajuste entre oferta e demanda, o que diminui as expectativas de preços despencando, especialmente no primeiro trimestre de 2019.
No entanto, é importante destacar que a sustentação desse cenário econômico favorável vai depender da habilidade do novo governo em aprovar medidas para controle dos gastos públicos.
Mercado internacional
O aumento da taxa de juros norte-americana para o ano de 2019 deve elevar o dólar, que pode ficar entre R$ 3,70 e R$ 3,80. Os preços internacionais dos lácteos podem estar ligeiramente menores em 2019, devido ao estoque elevado de leite em pó no final de 2018 e ao crescimento da produção da Nova Zelândia e dos Estados Unidos.
Além disso, o consumo internacional pode se desacelerar, em função da disputa comercial entre China e Estados Unidos e da queda nos preços do petróleo. Assim, as importações de lácteos podem ser favorecidas. No que diz respeito às exportações, é possível maior participação brasileira no mercado mundial, por conta dos esforços conjuntos realizados nos últimos anos por organizações do setor. (Canal Rural)
Exportações/Uruguai
As exportações de leite em pó integral alcançaram seu máximo histórico em 2018, tanto em volume como em faturamento. O ano fechou com exportações de 144.154 toneladas, um crescimento de 33% em relação às 107.965 toneladas de 2017. O faturamento foi de US$ 428 milhões, 24% a m¬ais que os US$ 344 milhões de 2017. A Argélia foi responsável por 50% das exportações deste produto, tanto em volume como em divisas.
A participação do Brasil despencou para 17% nos dois casos, ficando bem abaixo do percentual de 39% de 2017.
Exportações totais: a maior em quatro anos
As exportações totais de produtos lácteos do Uruguai alcançaram seu máximo valor em quatro anos. Totalizaram US$ 680 milhões, um incremento de 15% em relação aos US$ 589 milhões do ano anterior com consequência de maiores volumes, 230.582 toneladas, 20% a mais do que em 2017. Os produtos que contribuíram para o crescimento foram o leite em pó integral e a manteiga. A Argélia surge como o principal comprador com participação de 32%, deslocando o Brasil do pódio (20%) que ocupava há 10 anos. 99% das compras da Argélia são de leite em pó integral, 72.513 toneladas. Em 2016 as vendas para o país africano totalizaram 17.770 toneladas, um ano mais tarde ascenderam a 39.143 toneladas, volume largamente superado em 2018.
O Brasil registrou queda acentuada este ano devido à maior produção interna e à forte desvalorização do real. Em 2018 foram exportadas para o Brasil 44.520 toneladas, 23.358 menos (34%) que as 67.878 vendidas no ano anterior. A Rússia foi o terceiro maior destino em 2018, com 22.677 toneladas pelo valor de US$ 84 milhões, um crescimento interanual de 30% em volume e em valores.
Por produtos, atrás do leite em pó integral, os mais vendidos foram: queijos, leite em pó desnatado e manteiga. (Blasina y Asociados – Tradução livre: www.terraviva.com.br)
A francesa Louis Dreyfus Company (LDC), uma das maiores empresas de agronegócios do mundo, anunciou ontem que está deixando o negócio de lácteos. A medida faz parte da estratégia para se concentrar em áreas estratégicas ("core business", no jargão do mercado). "A saída praticamente não terá impacto nas vendas globais, que continuam a crescer globalmente, e espera-se que isso tenha um leve efeito positivo em nosso capital de giro a partir de 2019", disse o diretor financeiro da LDC, Federico Cerisoli. A área de lácteos responde por apenas 1% do faturamento global da LDC, ou seja, pouco mais de US$ 400 milhões. Em 2017, o último dado anual disponível, as vendas totais da múlti francesa renderam US$ 43 bilhões e, no primeiro semestre de 2018, US$ 18,8 bilhões. (Valor Econômico)