Porto Alegre, 21 de novembro de 2018 Ano 12 - N° 2.863
Maior oferta e demanda enfraquecida pressionam cotações
Derivados lácteos - A oferta ainda elevada da matéria-prima e a fraca demanda por derivados lácteos mantiveram a pressão sobre os valores pelo terceiro mês consecutivo no atacado do estado de São Paulo. A média de preço do leite UHT em outubro foi de R$ 2,4746/litro, 5,03% abaixo da de setembro/18, mas 17,07% superior à de outubro/17.
Colaboradores do Cepea relataram que as chuvas elevaram a oferta de leite, resultando na queda dos preços e na desaceleração da produção de alguns laticínios para evitar o crescimento de estoque. Em relação ao queijo muçarela, a média fechou em R$ 18,33/kg em outubro, aumento de 0,50% na comparação com setembro/18 e de 24,84% frente a outubro/17. Para novembro, as expectativas ainda são de preços enfraquecidos. Com base nas duas primeiras semanas do mês, os preços do leite UHT diminuíram 12% na comparação com outubro/18, fechando em R$ 2,1910/ litros. Para o queijo muçarela, a redução foi de 2,5% na mesma comparação, fechando em R$ 17,95/kg. Essa pesquisa diária de preços tem o apoio financeiro da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras). (Cepea)
Alta nas importações aumenta o déficit da balança comercial
Importação de lácteos - Após dois meses consecutivos em queda, as importações brasileiras de leite em equivalente leite aumentaram 64,8% de setembro para outubro, somando 154 milhões de litros e gerando receita de US$ 57 milhões, conforme dados da Secex.
Frente ao mesmo período de 2017, as compras externas de produtos lácteos cresceram 114,2%. O principal derivado lácteo importado foi o leite em pó, totalizando 127 milhões de litros em equivalente leite. A Argentina liderou as vendas ao Brasil, com 76 milhões de litros em equivalente leite e participação de 60% no total importado pelo País. O preço médio do leite em pó importado da Argentina em outubro foi de US$ 2,82/kg, estável frente ao de setembro. No Brasil, o valor médio do leite em pó, calculado pelo Cepea, ficou em US$ 4,67/kg em outubro. Já o preço médio do produto brasileiro exportado foi de US$ 3,95/kg, valores superiores aos pagos pela Argentina. Apesar do recuo de 12,8% frente ao volume adquirido em setembro, o queijo foi o segundo produto mais importado pelo Brasil em outubro, somando 25 mil litros em equivalente leite. A participação do queijo nas aquisições totais de derivados em outubro foi de 16,2%. A Argentina também foi a principal vendedora do produto, com participação de 68,6% nas importações brasileiras, que somaram 17 milhões de litros em equivalente leite. As exportações brasileiras de leite em equivalente leite, por sua vez, recuaram 48,7% em relação ao mês de setembro, registrando 5 milhões de litros em volume e US$ 4 milhões em receita. Em relação a outubro de 2017, os embarques de produtos lácteos diminuíram 27,8%. O queijo continua sendo o derivado mais exportado pelo Brasil, com 48,7% de participação no total das vendas ao mercado externo, o que corresponde a 2 milhões de litros em equivalente leite.
NZ: preços ao produtor devem cair mais, dizem analistas
A cooperativa neozelandesa Fonterra está prevendo um preço final do leite ao produtor entre NZ$ 6,25 (US$ 4,27) e NZ$ 6,50 (US$ 4,44) por quilo de sólidos do leite, o que equivale a NZ$ 0,52 (US$ 0,35) a NZ$ 0,54 (US$ 0,37) por quilo de leite, quando a estação terminar no ano que vem. Isso é uma redução com relação às previsões anteriores, disse Mark Lister, que dirige a pesquisa privada para a Craigs Investment Partners. Ele disse que há uma pressão crescente sobre o setor, principalmente devido aos preços mais baixos dos produtos lácteos em todo o mundo. "Já vimos derrapagens nos resultados do leilão global de lácteos. Isso se deve em parte à maior oferta de produtos lácteos provenientes de muitas partes do mundo. Em segundo lugar, o dólar da Nova Zelândia está muito forte".
Os números colocam o dólar neozelandês mais baixo do que no início do ano, mas ainda assim 4 centavos acima do nível do início de outubro, quando medidos em relação ao dólar norte-americano. Esse dólar mais alto encareceu as exportações da Nova Zelândia. Lister explicou que esses dois fatores tornariam mais difícil para a Fonterra sustentar suas últimas previsões. Embora não tenha declarado uma previsão formal, para ele uma previsão de NZ$ 6 (US$ 4,10) por quilo de sólidos do leite [NZ$ 0,50 (US$ 0,34) por quilo de leite] seria um número mais realista. "Isso pode ser menor do que as pessoas esperam nos últimos seis meses, mas ainda não é tão ruim em relação à história."
Outro analista, Mark Brunel, da OMF, fez uma previsão ainda mais baixa de NZ$ 5,80 (US$ 3,96) por quilo de sólidos do leite [NZ$ 0,48 (US$ 0,32) por quilo de leite]. Ele observou que o volume de produção mundial pressionaria os preços para baixo, com a produção da indústria da Nova Zelândia subindo 6% e a produção americana 1% no ano. (As informações são da Radio New Zealand, traduzidas e adaptadas pela Equipe MilkPoint)
Custo de produção - As valorizações de 6,46% dos adubos e corretivos e também de 3,3% dos combustíveis em outubro elevaram os custos de produção da pecuária leiteira no mês. Na "média Brasil" (BA, GO, MG, PR, RS, SC e SP), o Custo Operacional Efetivo (COE), que considera os gastos correntes das propriedades, registrou alta de 0,82% em outubro. No acumulado de 2018, os custos já subiram 8,66%, muito próximo ao IGP-DI que, de janeiro a outubro, subiu 8,82%. Entre os estados acompanhados pelo Cepea, a maior alta no COE em outubro, de 1,5%, foi observada em Minas Gerais, seguido por São Paulo e Rio Grande do Sul, com elevações de 0,82% e de 0,66%, respectivamente. Goiás foi o único estado que teve recuo no COE no mês, de 0,93% - neste caso, a baixa esteve atrelada à desvalorização de 2,9% do concentrado. As altas nos preços dos adubos e corretivos, por sua vez, se devem à valorização do dólar em setembro - vale lembrar que esses insumos têm parte da matéria-prima importada. Em outubro, o dólar teve média de R$ 3,76, mas, em setembro, atingiu R$ 4,11, devido ao período eleitoral brasileiro. Quanto ao combustível, a Petrobras subiu em 2,8% o preço do diesel em outubro - contexto que também elevou os valores dos fretes. ALIMENTAÇÃO - A alta desses grupos de insumos impacta diretamente nos custos com a implantação e reforma de pastagens e também nos gastos envolvendo o cultivo das lavouras de milho para silagem, que será fornecida em 2019. Nesse cenário de custos de alimentação mais elevados, cabe ao produtor se planejar. Por enquanto, em outubro, o concentrado permaneceu praticamente estável (ligeira alta de 0,13%) na "média Brasil". (Cepea)