Porto Alegre, 02 de outubro de 2018 Ano 12 - N° 2.831
Leite brasileiro exportado ao Uruguai: produtores de leite uruguaios criticam ato
Oito organizações de produtores de leite do Uruguai, chefiadas pela Associação Nacional dos Produtores de Leite (ANPL), emitiram um comunicado no qual questionam fortemente o sindicato da Conaprole e alertam que a importação de leite longa vida do Brasil mostra a falta de competitividade do setor uruguaio.
"No marco das regras que regem o Mercosul, o fato em si não justifica a objeção do ponto de vista formal, desde que se apliquem a esses produtos as mesmas normas sanitárias e tributárias aplicadas aos produtos similares uruguaios. Achamos que é muito importante destacar que a entrada desses produtos em nosso mercado é um indicador claro da queda notória na competitividade de nossos produtos lácteos, com base em uma estrutura de custos notoriamente distorcida e uma diferença bruta de taxa de câmbio com nossos vizinhos", diz a declaração.
"Também estamos testemunhando a queda de várias empresas de industrialização no setor, algumas das quais já fecharam e deixaram o país, e outras, como a Pili S.A., que parecem inexoravelmente se mover para o fechamento de suas atividades".
Eles ainda acrescentaram: "exigimos que o governo assuma nos mais altos níveis como as circunstâncias justificam a responsabilidade de defender o direito ao trabalho dos produtores de leite e todos aqueles que compõem a grande família do setor", concluiu a declaração.
O documento foi assinado pela ANPL e pelas corporações de produtores no departamento de San José, San Ramón (Canelones), Flórida, departamento Canelones, Maldonado, Villa Rodríguez (San José) e o Intergremial dos Produtores de Leite. (As informações são do El País Digital, traduzidas e resumidas pela Equipe MilkPoint)
Número de agtechs no país dispara em 2 anos
Muito mais gente está interessada hoje nos problemas da vida rural brasileira - ou, melhor dizer, na possibilidade de ganhar dinheiro encontrando soluções tecnológicas para eles. Isso explica por que o número de startups voltadas ao agronegócio tenha mais que dobrado entre 2016 e o primeiro semestre de 2018, conforme mostra o 2º Censo Agtech Startups Brasil, que acaba de ser concluído. Eram 76; agora são 184 empresas. Juntas, levaram à criação declarada de 1.536 postos de trabalho de alta qualificação no país. O novo levantamento realizado pelo AgTechGarage e a Esalq/USP, e antecipado ao Valor, faz um recorte mais aprofundado em relação ao censo anterior e mostra dois aspectos positivos em relação à disseminação da inovação no campo. Um deles é o espraiamento territorial desses empreendedores com o aparecimento, ainda que tímido, de startups no Norte e Nordeste, e o crescimento do empreendedorismo no Centro-Oeste. Amapá, Amazonas, Pará e Piauí são novidades, mas Goiás e Mato Grosso ganharam representatividade maior.
Outro aspecto é a diversificação das culturas atingidas. Preferência do grande produtor rural brasileiro, a soja continua sendo o carro-chefe também na busca por tecnologias que ampliem a previsibilidade e a produtividade das lavouras. Os empreendedores trabalhando nesta agenda perfazem nada menos que 46% das agtechs levantadas. Mas surgiram desta vez tecnologias também para culturas menos commoditizadas, como a hortifruticultura e a piscicultura.
"Em uma escala de 1 a 5, a receptividade do agricultor brasileiro à tecnologia passou a pender bem mais para alta", afirma José Tomé, do AgTechGarage, de Piracicaba. O amadurecimento do empreendedorismo rural se vê tanto na melhor aceitação da tecnologia por parte do produtor quanto na capacidade das startups de atender o cliente em cenários adversos. Segundo Tomé, as empresas conseguiram dar um "jeitinho" na realidade brasileira de baixa conectividade rural. "É claro que não ter internet não é bom, dificulta, mas o que o censo mostra é que as startups não viram isso como uma barreira de entrada", diz ele. Na prática, o que elas fizeram está no cerne da concepção do que é ser uma startup: detectaram o problema rapidamente e adaptaram-se para resolvê-lo mais rápido ainda. "Sem internet, as startups criaram, por exemplo, aplicativos que podem ser alimentados offline para descarregar as informações na fazenda, onde tem sinal de internet".
O advento das agtechs tirou a hegemonia das grandes empresas do setor agroquímico mundial na corrida por novas tecnologias capazes de elevar o rendimento no campo. Apesar disso (ou talvez exatamente por isso), importantes parcerias começaram a ser fechadas entre ambos os lados. O censo mostra que 51% disseram já ter ao menos uma parceria com uma grande empresa. Isso propiciou algumas vantagens: o acesso à base de clientes e vendas, a contratação do projeto-piloto, a capacitação e mentoria e ainda conexões comerciais outrora impensáveis. Nesse sentido, mais da metade dos respondentes (58%) também já dizem estar resguardadas por algum tipo de proteção intelectual.
"Empresas e startups estão se conhecendo e interessadas nessa aproximação", diz Mateus Mondim, professor da Esalq/USP e co-idealizador do censo. "E podemos dizer é que as startups estão em processo de amadurecimento". Segundo ele, o Estado de São Paulo ainda é o maior "cluster" de agtechs no país. Mais de 50% das iniciativas empreendedoras estão localizadas no eixo de Piracicaba, Campinas e a capital paulista. De acordo com Mondin, isso ocorre por diversos fatores, desde a forte presença acadêmica e o fácil acesso logístico a essas cidades a políticas públicas e verbas para aplicação em ciência.
O censo é a primeira parte de um trabalho de compreensão do movimento de startups no campo no Brasil, e não para por aí. Mondin diz que o próximo passo será a publicação de um relatório bilíngue para dar lastro ao levantamento, que contou com a ajuda de um grupo de estudantes da Esalq-USP e dos professores Andrew Zimbroff, da University of Nebraska-Lincoln, e Gregory G. Graff, da Universidade Estadual do Colorado. Segundo ele, o documento colocará os números no contexto nacional. "Nos EUA, por exemplo, o censo de agtechs inclui toda a cadeia do agronegócio, de ponta a ponta. Se uma empresa cria uma solução que diminua o desperdício de alimentos no supermercado, ela é considerada uma agtech. Aqui, a nossa visão é muito mais restrita", afirma Mondin. Além disso, diz, muitas startups brasileiras ainda não se entendem como uma 'agtech' por não atuarem diretamente no setor - não desenvolveram um software de gestão, não tem um satélite, etc. "Com isso, deixaram de aparecer muito mais coisas novas". (Valor Econômico)
Dia de Campo do Leite é transferido para novembro
Dia de Campo - A equipe de pesquisa em produção de leite da Embrapa Clima Temperado (Pelotas,RS) cancelou hoje a realização do 7º Dia de Campo do Leite, inicialmente marcado para acontecer nesta semana. O evento que estava agendado para o dia 4 de outubro foi transferido para a data de 13 de novembro, com a mesma programação e dinâmica do evento. Após constatarem as condições de infraestrutura na Estação Experimental de Terras Baixas, no Capão do Leão/RS, que foi acometida por danos, que prejudicaram as condições de cercas, rede elétrica, estradas, entre outros, devido ao mau tempo, fez com que a equipe de pesquisa transferisse a atividade para nova data. "Queremos oferecer condições de segurança e conforto para nosso público participante do Dia de Campo e precisamos também manter as condições de qualidade quanto ao nível técnico nas estações, portanto, necessitaremos reparar a infraestrutura do local", explicou o analista de transferência de tecnologias Rogério Dereti. (Embrapa)