Porto Alegre, 13 de agosto de 2018 Ano 12 - N° 2.798
Crédito: Camila Silva
Representantes do setor lácteo deram continuidade às discussões que visam fomentar as exportações de leite em pó. O encontro, realizado na sede do Sindilat, contou com a participação da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e de integrantes da Aliança Láctea Sul-Brasileira. A ideia é avançar em um projeto-piloto para as indústrias de laticínios do país ganharem mercado internacional.
Na oportunidade, o consultor Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior, apresentou o projeto CNA/Aliança Láctea: Exportação de Leite em Pó, plano que sugere a ação que deve ser adotada pelas indústrias para ganhar mercado, as adequações necessárias e o preço ideal para competir lá fora. De acordo com Barral, para se tornar competitivo é preciso comercializar o produto brasileiro com preço 7% inferior ao praticado na Oceania, por exemplo. O documento inclui também mecanismos de financiamento de exportação, além dos cálculos de lucros, nos casos em que as operações forem efetuadas.
A aplicabilidade do plano suscitou dúvidas entre os participantes do encontro, tendo em vista que o processo de exportação exige inúmeras modificações processuais por parte da indústria e dos produtores, pois envolve e exige desde treinamento de pessoas até adequação às normas sanitárias dos países para os quais as indústrias desejam exportar.
Para o presidente do Sindilat, Alexandre Guerra, a reunião foi um marco e representou a unificação do setor em prol de um objetivo comum. "A pauta de exportação faz parte do planejamento da nossa gestão, essas reuniões são preparatórias para que nossas empresas possam iniciar o processo e entender o mercado externo", ressaltou.
De acordo com o presidente da câmara setorial do leite da CNA, Rodrigo Alvim, a região Sul foi escolhida para encabeçar o projeto por apresentar o maior potencial produtivo do país. Dados da Aliança Láctea apontam que os três estados do Sul, unidos, totalizam 38% da produção láctea do Brasil, percentual que pode chegar a 50% até 2025. Entretanto, a região concentra apenas 15% da população brasileira, o que leva a uma preocupação em função do alto estoque que pode ser gerado nos próximos anos. "Teremos, sim, de escoar tanta produção para o mercado lá fora, caso contrário, haverá muita exclusão no setor. Teremos de escolher quem fica e quem sai da atividade", frisa o secretário de Agricultura de Santa Catarina, Airton Spies. O ideal, segundo ele, é que, em 2025, 10% da produção do Brasil seja exportada.
O próximo passo, de acordo com o presidente do Sindilat, é apresentar o projeto- piloto aos associados, prospectando, assim, indústrias interessadas em ingressar no projeto. "É o primeiro passo para a exportação, e as indústrias terão de buscar maneiras de vender excedentes de forma a manter o nosso mercado equilibrado", afirmou.
Uma das principais pautas levantadas pelos participantes foi a necessidade de adequação ao Certificado Sanitário Internacional (CSI), já que países como a Argentina possuem certificações sanitárias específicas. Ou seja, para ingressar naquele mercado, além de obedecer às normas vigentes do Brasil, é necessário atentar para a CSI argentina. De acordo com o secretário-executivo do Sindilat, Darlan Palharini, discutir a adequação a essas normas é um dos principais fatores a serem trabalhados nos processos de exportação. O encontro também contou com representantes dos sindicatos das indústrias lácteas de Santa Catarina e do Paraná.
IN 38 - Manifestações extraídas da consulta pública da IN 38, que trata dos regulamentos técnicos que fixam a identidade e as características de qualidade exigidas para o leite cru refrigerado, o leite pasteurizado e o leite tipo A, foram apresentadas pelo presidente do Sindilat, Alexandre Guerra. Segundo ele, os retornos não estão adequados à realidade do setor no Brasil. Ele citou como exemplo a exigência para o leite cru refrigerado, que, pela IN 38, deve apresentar limite máximo para Contagem Padrão em Placas de até 900.000 UFC/mL. "Não somos contra as exigências, mas elas ainda não são compatíveis com a nossa realidade, precisamos de tempo e de escala para chegarmos lá", disse Guerra.
O presidente do Sindilat considerou necessário um debate mais aprofundado com a área técnica do Ministério da Agricultura para rever o que pede a instrução normativa. "A ideia é que o setor possa aprofundar suas argumentações sobre as novas normas e deixar claro que não somos contra melhorias, mas nossa estrutura atual é que não consegue cumprir o que diz ali", afirmou. Guerra lembrou que o setor não conhece estatísticas de contagem bacteriana, pois as planilhas não são liberadas pelo Mapa. "Temos acesso apenas a amostras individuais repassadas pelos associados", disse. "Se não sei onde estou, como vou saber para onde quero ir", questionou, sobre as exigências da área técnica em torno da IN 38
O presidente da Aliança Láctea, Ronei Volpi, acredita que o tema precisa ser aprofundado em reunião da Câmara Setorial do ministério, em Brasília, para saber se as instituições de defesa acham "factível" o cumprimento da INS 38. Antes disso, no entanto, o grupo pretende formatar uma posição em reunião no dia 21 de agosto, às 10h, na sede da Faesc, em Florianópolis. (Assessoria de Imprensa Sindilat)
PÃO QUENTE
Tem novidade saindo do forno da 41ª Expointer. Depois de aguçar o paladar com o Pub do Queijo, o Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados (Sindilat-RS) chega à feira deste ano com nova proposta. A Leiteria (Boulevard Quadra 46, no parque Assis Brasil, em Esteio) colocará na vitrine outros produtos do segmento, de leite a iogurtes.
O Pub do Queijo será mantido e funcionará no mesmo espaço. Diferentemente do ano passado, quando o visitante pagava para entrar e podia se servir à vontade, agora o acesso será livre e as pessoas vão desembolsar apenas pelos itens consumidos. Na Leiteria, será possível saborear café da manhã, com promessa de pão (e leite) quentinho.
- A ideia é ter no espaço telões nos quais as pessoas possam ver informações dos processos de industrialização, mostrando o trabalho da indústria e do produtor - explica Alexandre Guerra, presidente do Sindilat-RS.
A operação da Leiteria ficará com a equipe do Mule Bule. A assinatura do espaço é da Storia Eventos. Depois de passar por período crítico, nos cinco primeiros meses do ano, o setor teve recuperação nos valores do produto em junho e julho, movimento esse que já enfraqueceu um pouco, avalia Guerra. A expectativa é de que o segundo semestre seja de recuperação, principalmente porque os últimos seis meses de 2017 foram de resultados considerados muito ruins. (Zero Hora)
Sulleite venderá doce de leite em todo o Estado
O dono da gelateria Quati, Fernando Campello, não precisa mais percorrer os mil quilômetros em rodovias entre ida e volta de Porto Alegre a Santa Vitória do Palmar, na Zona Sul do Rio Grande do Sul e quase na fronteira com o Uruguai, para comprar um dos principais ingredientes de seu cardápio de sorvetes artesanais. Tudo porque agora o doce de leite da Cooperativa Sulleite, que fica no município do Extremo-Sul do Estado, já pode ser vendido para fora dos limites do município. Desde que obteve o registro estadual, a Sulleite conta com dois representantes comerciais, sendo um em Porto Alegre e outro em Pelotas.
"O produto fica no mesmo nível dos doces de leite mineiros e é melhor do que os uruguaios", garante Campello, que não abre mão da matéria-prima para elaborar um dos sabores mais requisitados pela clientela da Quati, que fica no bairro Bom Fim, na Capital. "É um doce de leite que não tem amido. As vacas se alimentam de pastagem muito parecida com a usada no setor leiteiro uruguaio, e a produção tem muita qualidade e cuidado", valoriza o dono da gelateria. A exemplo de Campello, outros fãs do doce de leite, principalmente consumidores finais, costumam adquirir potes do produto da marca quando vão à fronteira para comprinhas nos free shops na cidade de Chuí, vizinha a Santa Vitória do Palmar.
A Sulleite recebeu, em maio deste ano, o selo da Coordenadoria de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (Cispoa), que permite a venda em todo o território do Rio Grande do Sul. O próximo passo é a conquista do registro no Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi), adianta o presidente da cooperativa, Carlos Talavera Campos. Com o Sisbi, a marca poderá chegar a outros mercados do Brasil. Além disso, os 60 produtores associados querem buscar registro de denominação de origem, explorando as ca¬racterísticas da região, que foi já foi mar. A existência de minerais e sais no solo gera nutrientes que reforçam a qualidade do pasto. "É como terroir que só tem aqui", diz Campos.
A cooperativa foi fundada em 1997 para unificar os produtores de leite da cidade. "Havia muita produção de leite nas granjas", diz Campos, explicando que a associação foi uma saída para fortalecer os agricultores que estrearam na atividade leiteira no modelo de agrovilas na década de 1960. A produção do derivado teve início em 2006, com venda apenas no município sede. Segundo Campos, o processamento ocorreu para resolver um gargalo da produção da matéria-prima, que era a dificuldade do escoamento de leite para plantas de beneficiamento em outras localidades já que o volume por propriedade é baixo.
A principal fonte de renda da Sulleite ainda é a venda de leite in natura para laticínios. Mas a fabricação do doce de leite já responde por 5% do faturamento da cooperativa que reúne 60 associados. A produção do derivado é de cerca de 500 quilos por dia e envolve seis funcionários. O maquinário instalado permite fabricar até 2 mil quilos diários processando 4 mil litros de leite, operando em mais turnos. Por enquanto, está descartada a expansão no curto prazo, mas tudo vai depender da procura.
"Temos uma meta modesta, pois as quantidades mudam dramaticamente as coisas", explica o presidente, referindo-se à estrutura de produção já instalada. A Sulleite segue à risca o perfil quase artesanal de produção. Contudo, isso não o impede os associados de sonhar alto. "Enquanto não tivermos nosso doce de leite em cada lojinha, em cada vendinha ou delicatessen não estaremos 100% satisfeitos", avisa o presidente. Para quem quiser provar, o produto estará à venda no pavilhão da agricultura familiar na Expointer, em Esteio, de 25 de agosto a 2 de setembro. (Jornal do Comércio)
Brasileiro dedica cada vez menos tempo ao preparo das refeições, aponta estudo
Simplificação e praticidade. As duas palavras ganham cada vez mais importância na rotina dos brasileiros, principalmente quando relacionadas ao comportamento de consumo. De acordo com dados do Consumer Watch da Kantar Worldpanel, 85% dos lares buscam receitas rápidas e fáceis de preparar na hora das refeições. Nesse cenário, o tempo dedicado ao preparo dos alimentos em casa tem diminuído. Segundo a análise, no segundo semestre de 2017 os lares gastaram 15 minutos em média para fazer o café da manhã, uma queda de 7% no tempo empregado no mesmo período do ano anterior. O almoço apresentou diminuição de 4%, consumindo 31 minutos, enquanto o jantar, com queda de 2%, foi feito em média em 27 minutos. A refeição que apresentou a maior diminuição de tempo foi o lanche da noite, com 13% menos, sendo preparado, em média, em 11 minutos. O tradicional lanche da tarde teve redução de 11% em sua elaboração, sendo feito em 13 minutos. Na soma de todas as refeições, a redução no tempo de preparo foi de 4%, totalizando 21 minutos. (As informações são da Kantar Wordpanel)