A 7ª reunião do Conselho da Agroindústria (Conagro) da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), realizada nesta terça-feira (17/07), na Fiergs, debateu o possível impacto das mudanças na rotulagem nutricional de alimentos sobre o setor. As novas regras para embalagens, ainda em discussão na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), são criticadas pela indústria alimentícia, que defende um modelo próprio com informações mais completas sobre a composição dos produtos.
No dia 21 de maio, a Anvisa aprovou um relatório preliminar para que sejam incluídos nos rótulos dos alimentos alertas sobre altos teores de açúcar, gordura e sódio. Dessa forma, as embalagens apresentariam um símbolo de advertência quando o produto tivesse excesso de um desses componentes. A agência, então, abriu um período de consulta pública sobre o tema, que se encerra em 20 de julho. “A Anvisa está adotando um modelo que já foi usado em outros países, com prejuízos para o setor produtivo, e que não traz informações suficientes ao consumidor, contribuindo para assustá-lo e ‘demonizar’ os produtos”, avalia o secretário executivo do Sindilat, Darlan Palharini, que participou da reunião.
Como alternativa, a indústria propõe a adoção de um semáforo nutricional nos rótulos, que indicaria altos, médios ou baixos teores por meio das cores vermelha, amarela e verde com maior destaque. Esse modelo é adotado no Reino Unido, na Coreia do Sul e no Equador Sri, por exemplo, e está sendo discutido na Argentina, no Uruguai e no Paraguai, explica Darlan. “O descontentamento do setor, manifestado pelas entidades empresariais no processo de consulta pública, é com o fato de modelo defendido pela Anvisa vir a ser adotado sem uma discussão maior”, diz o secretário executivo do Sindilat.
O dirigente cita os dados de uma pesquisa do IBOPE encomendada pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI), que ouviu 2.002 pessoas em 142 municípios brasileiros no final de 2017. De acordo com o levantamento, 67% das pessoas preferem o semáforo nutricional; 89% dos entrevistados afirmaram que o semáforo cumpre os requisitos para auxiliar escolhas mais saudáveis e nutritivas; 64% apontaram o semáforo como o modelo mais útil para controlar o consumo diário de calorias, açúcares e gorduras saturadas e sódio, e 66% o consideraram o modelo que mais facilita a comparação entre produtos. “A pesquisa comprova a preferência pelo semáforo, mas não foi sequer considerada pela Anvisa”, critica Darlan.
Segundo o dirigente, a reunião do Conagro reforçou o posicionamento do setor no sentido de que a rotulagem nutricional é importante para que os consumidores tenham informações padronizadas, claras e completas sobre os produtos e façam escolhas baseadas nas recomendações nutricionais e nas suas necessidades de saúde. “A discussão sobre rotulagem de alimentos é essencial, e o processo regulatório deve ser realizado respeitando todas as etapas necessárias para que o novo modelo beneficie toda a sociedade”, afirma o presidente do Sindilat, Alexandre Guerra, que também participou da reunião.
Foto: Tania C. Sette