Porto Alegre, 10 de julho de 2018 Ano 12 - N° 2.774
Dados mostram mudanças no hábito de consumo dos lácteos
Enquanto as vendas de leite comum estão em declínio há anos e a produção de iogurte dos EUA caiu após o pico em 2014, novos dados mostram o crescimento contínuo do consumo de queijos, manteiga, café pronto para beber, iogurtes de beber e bebidas proteicas com produtos lácteos. Isso sugere que o crescente interesse por produtos de origem vegetal não levou a uma 'fuga em massa' dos consumidores de lácteos, mas que os hábitos de consumo estão mudando.
De acordo com dados do IRI para o ano civil de 2017, as vendas varejistas nos EUA de leite fluído caíram 2,4% nos canais medidos, enquanto as vendas de alternativas vegetais subiram 4%. No entanto, as vendas de leite aromatizado cresceram 1,8%, as vendas de leite sem lactose aumentaram 13,6%, as vendas de iogurtes subiram 19,2% e as vendas de café refrigerado pronto para consumo - que muitas vezes é misturado com leite - aumentaram 22,8%.
"De manhã, enquanto as pessoas podem não estar mais colocando leite junto dos cereais, elas estão obtendo leite de diferentes maneiras", disse Paul Ziemnisky, vice-presidente executivo de parcerias globais de inovação da Dairy Management, uma organização financiada pelos produtores de leite dos Estados Unidos e importadores e responsável pelo direcionamento do consumo.
"Talvez eles estejam tomando iogurte grego com granola, latte da Starbucks, Dunkin Donuts com 70-80% de leite, frappé do McDonalds McCafé ou um leite com proteínas de sabor chocolate ou morango. Vale destacar que quando falamos em leite, muitos consumidores pensam em fonte de cálcio, mas, há uma grande oportunidade para a indústria lembrá-los que o produto também possui proteína de alta qualidade. É interessante pensar em maneiras de como o leite pode ser disponibilizado, pois já estamos vendo dados sugerindo que o leite com sabor, por exemplo, está direcionando o consumo de leite nas escolas".
Produtos integrais estão ganhando força
Os produtos lácteos integrais também vêm ganhando força, já que os compradores buscam opções de 4% de gordura láctea nas categorias leite, iogurte, requeijão, queijo natural, queijo cottage, creme azedo e novidades congeladas, segundo dados do IRI, com participação percentual no total de leite aumentando de 33% em 2012 para mais de 40% nos primeiros cinco meses de 2018. Isso é um possível sinal de que provavelmente as vendas de leite desnatado e com baixo teor de gorduras estão 'perdendo terreno'.
O setor de lácteos também tem investido em campanhas que promovam os lácteos como alimentos pouco processados comparado por exemplo, com as opções vegetais. No corredor dos spreads(produtos cremosos, como o requeijão e a manteiga, por exemplo), o posicionamento como 'comida de verdade' está realmente destacando a manteiga, que continuou ganhando força sobre as margarinas à base de óleo vegetal. A opção está sendo vista como mais natural e menos processada. Também, apresenta um rótulo mais simples e limpo, fato que - para os consumidores - também está associado à saúde. Segundo Ziemnisky, os lácteos com mais gorduras estão ganhando força visto que o paladar é mais agradável e eles saciam mais. Na categoria de sorvetes, marcas como Halo Top, Enlightened e Arctic Zero estão se destacando devido a menor lista de ingredientes e menos calorias.
"Tudo isso serve como um lembrete de que os consumidores têm diferentes preocupações dependendo da categoria e dependendo da ocasião de uso, e que gosto, estados de necessidade emocional e outros fatores são tão importantes quanto a nutrição e a sustentabilidade na tomada de decisões", disse Ziemnisky.
Outras categorias
As vendas de leite com chocolate estão crescendo tanto por causa do sabor, como também, por várias marcas disponibilizarem opções para recuperação esportiva, como a Fairlife. Ela atende a demanda por mais proteínas e menos açúcar e atingiu US$ 250 milhões em vendas no ano passado.
Em vez de se concentrar obstinadamente em cessar o declínio das vendas de leite comum, a nova campanha "Undeniably Dairy", nos Estados Unidos, abrange uma ampla gama de categorias de lácteos que refletem a mudança nos padrões alimentares. "Há muito mais opções ao leite do que apenas o galão branco. Por isso, estamos realmente empenhados em atender aos estilos de vida em evolução dos consumidores".
Lácteos versus bebidas vegetais
Questionado sobre os desafios específicos na categoria de leite fluido, onde o leite está perdendo terreno para as bebidas de amêndoas, caju, coco e outras alternativas à base de plantas, o diretor científico da National Dairy Council, Greg Miller, disse: "Há muita desinformação na internet sobre nutrição e saúde e as vozes mais altas parecem estar vindo do setor vegano. Isso é lamentável, porque os consumidores não percebem que um copo de leite tem 8g de proteína, enquanto um copo de leite de amêndoa tem 1g. A soja tem mais proteína, mas suas vendas estão diminuindo. O leite também contém outros nutrientes que as bebidas à base de plantas não têm, e mesmo quando as fortificam, apenas adicionam cálcio e vitamina D, enquanto o leite contém potássio, iodo, fósforo e vitaminas B2 e B12, além de cálcio [encontrado naturalmente no leite] e a vitamina D [que é adicionada ao leite]. Também sabemos que o cálcio nas bebidas à base de plantas não é tão bem absorvido".
Segundo Greg, as recomendações atuais de proteína se baseiam em necessidades mínimas, mas dados mais recentes indicam que as pessoas necessitam de uma ingestão mais alta, especialmente à medida que envelhecem e começam a perder massa corporal magra. "Portanto, a ingestão ótima é maior do que a recomendada atualmente. A outra coisa que eu diria é que a qualidade da proteína em bebidas à base de vegetais não é a mesma proteína completa que se obtém no leite de vaca".
Crianças e leite de vaca
Quanto às crianças, disse ele, alguns especialistas em nutrição infantil, como a Canadian Pediatric Society, também começaram a alertar os pais que nem todas as opções de leite à base de plantas são equivalentes ao leite. "Os profissionais de saúde continuam recomendando que as crianças recebam leite suficiente em suas dietas e a Academia Americana de Pediatria está impulsionando e disseminando o consumo do produto nas refeições". (As informações são do Dairy Reporter, traduzidas e resumidas pela Equipe MilkPoint)
Perspectivas do USDA sobre o mercado lácteo da Europa- Relatório 27 de 05/07/2018
Leite/Europa - De um modo geral o aumento da produção de leite da União Europeia (UE) no primeiro semestre de 2018 foi destinada à produção de leite. A expectativa é de que a produção de queijo irá permanecer em níveis elevados porque os mercados estão absorvendo queijos a preços atraentes, e as indústrias acreditam que podem vender mais.
A produção de manteiga é a segunda prioridade. Existe alguma incerteza em relação aos preços da manteiga em um futuro imediato. A produção de leite na UE de janeiro a abril subiu 2% de acordo com a Eucolait. A produção de queijo de janeiro a abril foi 2,4% maior. A média do preço do leite pago aos produtores na UE é de 32,8 €/100 kg, conforme informação apresentada no dia 28 de junho pela Eucolait à Comissão de Economia do Observatório do Mercado Lácteo.
Os Estados Membros da Europa Ocidental acreditam que obtiveram sucesso substancial no desenvolvimento e manutenção de mercados exportadores para vários produtos lácteos. Fontes da UE observam que o sucesso veio depois de muitos anos na construção e manutenção de relações com clientes e Nações. Os exportadores da UE comentam que a estabilidade é um importante fator para manutenção de relações comerciais. Agora, com as recentes medidas, que resultaram na imposição pela China de tarifas sobre as importações de produtos norte-americanos, comerciantes e indústrias da UE estão trabalhando para expandir o alcance das exportações de lácteos. Levando em consideração que as relações comerciais, uma vez rompidas, depois não se unem facilmente, muitos operadores procuram preencher o espaço aberto com a interrupção das exportações de lácteos dos Estados Unidos.
Algumas fontes da UE receberam informações de que a União dos Emirados Árabes (UAE) estão planejando introduzir requisitos de avaliação de conformidade para as importações de produtos lácteos. Isso em decorrência de um decreto que proposto, para que haja avaliação do leite e de produtos lácteos importados para a UAE. Se o decreto for aprovado, deve resultar em mais requisitos de certificação, o que pode elevar os custos de exportação. (Usda - Tradução Livre: Terra Viva)
Entidades do agronegócio assinaram ontem nota conjunta contra o tabelamento de frete. Medida provisória que pode ser votada amanhã no plenário da Câmara é alvo de crítica por parte de 39 entidades, entre as quais a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), que divulgou vídeo nas redes sociais. Diversos prejuízos são citados e há alerta sobre o impacto na inflação. Segundo o documento, as exportações de milho serão afetadas - a estimativa é de queda de 10% no volume, em razão do represamento da produção. O texto aponta, também, que produtores rurais não compraram fertilizantes para a safra 2018/2019 no prazo correto por causa da tabela do frete. Eles devem adquirir o insumo a preços mais altos, o que pode acarretar maior custo de produção na próxima temporada e aumento dos preços dos alimentos. Também há tendência, dizem as representações, de a produção cair em razão dos mesmos fatores. (Zero Hora)