Porto Alegre, 06 de julho de 2018 Ano 12 - N° 2.772
Alimentos têm queda
A tensão gerada pela política comercial protecionista dos EUA fez os preços dos alimentos caírem pela primeira vez desde o início deste ano no mercado internacional. O índice medido pela Agência das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), que acompanha uma cesta de produtos no mercado internacional, caiu 1,3% em junho, na comparação com maio, para 173,7 pontos. A maior pressão veio das cotações de trigo, milho e óleos vegetais, incluídos os de soja.
O indicador para os cereais caiu 3,7% na comparação mensal, para 166,2 pontos. "Apesar da piora geral das perspectivas de produção, os preços do trigo e do milho caíram em junho, seguindo tendências similares observadas na maioria das commodities decorrentes do aumento das tensões comerciais. Por outro lado, os preços internacionais do arroz aumentaram", diz relatório da FAO. O indicador de óleos vegetais ficou em 146,1 pontos, com queda de 3% e atingindo a menor pontuação em 29 meses. Houve declínio nos preços de soja, girassol e palma, com o dólar exercendo pressão de baixa. A soja também vem sendo pressionada pela decisão da China de taxar a oleaginosa dos EUA em retaliação às políticas protecionistas do governo Trump. Os lácteos recuaram 0,9% na comparação mensal, com queda nos preços dos queijos compensando a alta do leite em pó desnatado.
Volume importado de leite cai 19% em junho
Segundo os dados mais recentes da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), as importações de leite caíram 19% em junho na comparação com maio (em equivalente leite). Em comparação com junho de 2017, a queda foi de 34,4%, consolidando o primeiro semestre de 2018 como o de menor volume importado nos últimos anos. Dessa forma, o déficit da balança comercial láctea no Brasil está aproximadamente 190 milhões de litros em equivalente leite menor no 1º semestre de 2018 frente ao mesmo período de 2017, e mais de 250 milhões de litros menor frente ao 1º semestre de 2016; indicando uma menor "dependência" do leite importado no Brasil. Observe o gráfico 1.
Gráfico 1. Saldo semestral da balança comercial brasileira de lácteos. Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados da Secex.
Analisando a queda mensal de 19% em junho, grande parte foi por conta da redução no volume importado de leite em pó integral. Com 3,6 mil toneladas, a redução mensal foi de 45% em relação às 6,5 mil toneladas internalizadas no mês anterior. Já no leite em pó desnatado, observou-se um aumento de 5%, sendo importadas 2,2 mil toneladas nesse mês, quando em maio foram importadas 2,1 de leite em pó desnatado.
Para os queijos, as 2,7 mil toneladas representam um aumento de 20% na importação do produto em relação a maio, quando importamos 2,2 toneladas. Nas manteigas, as 0,436 mil toneladas importadas representam estabilidade, variação de 2% frente às 0,428 mil toneladas em maio. Confira os dados da balança comercial láctea na tabela 1:
Tabela 1. Balança comercial láctea em maio de 2018. Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados da Secex.
Para verificarmos a quantidade de leite em pó importada nesse primeiro semestre, fizemos uma análise da soma de quantas mil toneladas (MTon) internalizamos por mês de leite em pó integral e desnatado. Pudemos observar quais estão sendo os efeitos da desvalorização do real frente ao dólar que ocorreu nos últimos meses. O acumulado no ano de 2018 de 38 MTon foi 41% menor do que o acumulado de 2017. Confira a evolução no gráfico 2: (MilkPoint)
Gráfico 2. Acumulado de importações de leite em pó. Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados da Secex.
Brasileiro conhece pouco sobre coleta e reciclagem
(Jornal do Comércio)