Porto Alegre, 05 de junho de 2018 Ano 12 - N° 2.749
O médico veterinário Bernardo Todeschini, auditor fiscal federal agropecuário e superintendente federal do Ministério da Agricultura no Rio Grande do Sul, foi eleito na última Reunião Geral da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) um dos seis membros da Comissão do Código Sanitário Terrestre. O código contém normas para o comércio de animais terrestres e produtos de origem animal e para reconhecimento internacional de status sanitário, além de diretrizes para o controle e erradicação de doenças. Conforme Todeschini, a missão do grupo é "trabalhar na revisão dos textos do código, sua atualização com o progresso científico, bem como diretrizes de outros organismos internacionais". A Comissão do Código trabalha em conjunto com outras comissões, também levando em conta a opinião e demandas dos países membros da OIE.
Para integrar a Comissão do Código Terrestre os candidatos precisam ser médicos veterinários que possuam amplo conhecimento das principais enfermidades dos animais, com experiência e competência em aspectos zoossanitários do comércio internacional de produtos de origem animal. A escolha é feita por um processo seletivo aberto em nível mundial, que é concluído com uma votação direta com participação de delegados dos 181 países-membros da OIE. Também integram a comissão os médicos veterinários Ethienne Bonbon (França), Gaston Funes (Argentina), Masatsugu Okita (Japão), Lúcio Carbajo Goni (Espanha) e Salah Hammami (Tunísia).
Bernardo Todeschini é graduado em Medicina Veterinária pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e mestre em Medicina Veterinária Preventiva pela mesma universidade. É auditor fiscal federal agropecuário do Ministério da Agricultura desde 2002, onde fez sua carreira na área de saúde animal e sendo superintendente do órgão no Rio Grande do Sul desde 2017. Atuou como pesquisador convidado na Universidade de New England, Austrália, desenvolvendo estudos na área de alianças estratégicas em saúde animal. Atuou também na Universidade de Aarhus, Dinamarca, onde desenvolveu estudos relacionados regulamentação do comércio internacional de produtos agropecuários no âmbito da Organização Mundial do Comércio. Trabalhou por três anos na sede da Organização Internacional de Saúde Animal - OIE em Paris - França, onde atuou no Departamento Técnico Científico.
Já o professor da Universidade de Brasília, Vitor Picão Gonçalves, foi indicado para atuar na Comissão Científica de Enfermidades dos Animais Terrestres.
Conforme o presidente do Fundesa, Rogério Kerber, os dois profissionais têm estreitas relações com o Fundo, "contribuindo de forma importante para as discussões e trabalhos sobre sanidade animal. "Nos alegra que duas personalidades com as quais o Fundesa se relaciona tenham esse reconhecimento internacional", afirma. (Fundesa)
Apesar de prometer empenho para votação das três medidas provisórias encaminhas pelo governo para atender os caminhoneiros, a bancada ruralista, que defende o setor do agronegócio, já admite que será necessária muita negociação para aprovar uma delas -- MP 832/2018 --, a que prevê tabelamento para os preços de fretes rodoviários. As outras duas, a que prevê 30% dos contratos de frete da Conab por caminhoneiros autônomos e a que proíbe a cobrança de pedágio sobre eixos suspensos, contam com relativo consenso dos ruralistas e devem ser aprovadas com alguma facilidade. O tema, no entanto, é um tabu para o agronegócio, historicamente contrário à proposta, que inclusive já é analisada por meio de diversos projetos de lei em tramitação no Legislativo. Para o setor, a fixação de um preço mínimo elevaria em 9% em média os preços dos fretes contratados para o transporte agropecuário, podendo chegar a até 30% no caso de grãos, conforme dados da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA). Outro argumento é que o tabelamento interfere na lógica de mercado, regida pela lei da oferta e procura. "É uma pauta complicada, pois tem segmentos contrários dentro do agronegócio, mas o momento também é delicado e temos que saber achar uma solução. Afinal de contas, acordo feito é acordo cumprido", disse ao Valor a presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputada Tereza Cristina (DEM-MS), referindo-se ao acordo firmado pelo presidente Michel Temer com entidades de caminhoneiros. "O Cade [Conselho Administrativo de Direito Econômico] já disse que vê com restrições tabelamento de frete numa economia de livre mercado. Mas vamos ver como resolver um problema de cada vez", acrescentou a parlamentar.
Nos bastidores, deputados da bancada do agronegócio já defendem que o setor faça concessões para aceitar o tabelamento, com ressalvas de valores, mas sem se opor à medida, com pena de que uma nova greve de caminhoneiros se instale novamente no país daqui a alguns meses. A MP 832/2018, editada há uma semana por Temer como parte das negociações para cessar as greves que afetaram o país, criou a Política de Preços Mínimos do Transporte Rodoviário de Cargas, uma das bandeiras da categoria dos caminhoneiros autônomos, que surgiu com a greve anterior da categoria, em 2015. Na última quarta-feira, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) divulgou a primeira tabela com os preços mínimos referentes ao quilômetro rodado na realização de fretes, por eixo carregado, consideradas diferentes cargas (geral, a granel, frigorificada e perigosa), válida até 20 de janeiro de 2019. Para a assessora técnica da Comissão Nacional de Infraestrutura e Logística da CNA, Elisângela Lopes, porém, é praticamente impossível que a ANTT consiga fiscalizar a atual frota de 1,5 milhão de caminhões na ativa hoje no país. "Em épocas de safra como agora, o preço do frete aumenta e você tem mais caminhões ofertando serviço. A partir do momento em que se tabela o frete, num mercado com tantos caminhoneiros, quem vai garantir que esse tabelamento seja cumprido?", adverte ela. Em outra frente, porém, os caminhoneiros não abrem mão de que a MP seja aprovada no Congresso. Procurada, a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), uma das que negociou a pauta de reivindicações da categoria com o governo, o texto busca compensar a relação desvantajosa, "na grande maioria das vezes", do caminhoneiro perante as grandes empresas na negociação do preço do frete. "Considerando a justa finalidade do texto, não vemos margem de negociação que resulte em adiar a correção dessa relação historicamente desequilibrada. (Valor Econômico)
Precisamos falar sobre logística
O Brasil baseia sua logística em rodovias. Mas, o transporte por caminhões, que chegam praticamente a qualquer lugar, deve ser utilizado para curtas distâncias: buscar o leite nas propriedades, levar ração aos animais, transportar produtos nas cidades etc. Grandes nações utilizam meios mais baratos e menos impactantes do ponto de vista ambiental ou social e com menos perdas. Utilizam ferrovias, transportes fluviais, transporte tubular (para gases e fluidos), entre outros. Todos os governos, inclusive o militar, não investiram em ferrovias e hidrovias, isso que o Brasil tem um imenso potencial de rios navegáveis. A preferência foi pelas montadoras. Assim, os empregos eram gerados nas cidades e a população criava uma ilusão de desenvolvimento. Por meio de concessões equivocadas, criaram-se empresas de pedágios, com contratos muitas vezes duvidosos, e com altos custos para os veículos de cargas. Somente diminuir o valor do combustível ou desonerar a folha de pagamento das transportadoras é um paliativo. O problema continuará corroendo o país e logo a dose terá que ser mais alta. O transporte rodoviário exige o uso de combustível fóssil e é desnecessário explicar algo finito. Continuar investindo em uma matriz suja, que irá acabar, é debilitar ainda mais o já frágil sistema de transporte e, ao mesmo, é empurrar o problema para as futuras gerações.
O momento de apreensão e desordem pública é até compreensível, o brasileiro não aceita mais a carga tributária, que não é revertida em serviços, mas transformada em benesses e regalias para o governo. Óbvio que isso deve cessar. A luta do povo não deve ser apenas pela desoneração de impostos, mas pelas mudanças de políticas, melhorias na logística de cargas e nos transportes de modo inteligente. Uma premissa básica na linha da solução é incentivar a utilização de combustíveis renováveis, ferrovias, hidrovias e outros modais menos onerosos.
Os representantes do povo devem espelhar seus eleitores. Estes também devem cumprir os preceitos legais que regem uma nação desenvolvida. E, não, não há um salvador que irá magicamente, após a próxima eleição, resolver todos esses problemas. Impedir os produtores de escoar suas cargas ou matar de fome os animais irá trazer graves consequências. Os caminhoneiros desligaram seus motores, entretanto as vacas não podem ser desligadas. Precisamos de racionalidade neste momento. (Zero Hora por Roberta Züge, diretora administrativa do Conselho Cientíico Agro Sustentável (CCAS) e vice-presidente do Sindicato dos Médicos Veterinários do Paraná (Sindivet-PR))
Exportar lácteo é mais rentável pela primeira vez, desde que Macri assumiu
Rentabilidade/AR - O FAS teórico do leite pago aos produtores por uma indústria que destine 100% de sua produção a leite em pó integral ficaria, atualmente em 7 pesos por litro. Este foi o resultado elaborado por Juan Manuel Garzón e Nicolás Torre, economistas da Fundação Mediterrânea, sobre a capacidade de pagamento dos exportadores.
"Se o câmbio se estabilizar em 25 pesos/US$ em junho e o preço FOB do leite em pó integral (WMP) se mantiver em US$ 3.063/tonelada (média dos primeiros quatro meses do ano), a indústria de WMP poderá obter margem bruta de lucro de 35,8% com exportação (um percentual muito razoável para exportar) pagando 7 pesos pelo leite cru", diz o trabalho. O cálculo leva em consideração a compensação de 3% para as exportações de leite em pó. No mês de maio, com o câmbio médio mensal de 23,7 pesos/US$, as fábricas de leite em pó terão margem bruta razoável (superior a 30%) pagando 6,60 pesos por litro aos produtores.
Nos primeiros quatro meses do ano - com o peso sobrevalorizado - a margem bruta conseguida pelos exportadores com os preços efetivos pagos aos produtores pode ser insuficiente para gerar operações rentáveis.
"Com a desvalorização as indústrias que exportam melhoraram sua capacidade de pagamento pelo leite cru e é de se esperar que elas ofereçam nas próximas semanas um valor pelo leite cru que será provavelmente superior ao de meses anteriores em termos reais", destaca o estudo.
Vale ressaltar que o FAS teórico de uma fábrica de leite em pó só é aplicável à produção destinada à exportação.
"O segredo está, finalmente, em como alinhar a oferta de produtos lácteos e a demanda no mercado interno", assegura o documento.
"Mas se a exportação se apropriar, por exemplo, apenas de uma parte do aumento de produção de leite que aparentemente, será entre 4% e 5% este ano, e a oferta líquida de lácteos no mercado interno se mantiver igual ou acima da de 2017, serão poucas as chances de melhorar os preços nos elos da cadeia vinculados ao mercado interno", acrescenta.
Durante o governo Kirchner, quando o negócio exportador se tornava atrativo, diversos mecanismos eram adotados para impedir as vendas externas de produtos lácteos, para garantir maior disponibilidade interna. Esta é a primeira vez, desde que Mauricio Macri assumiu, em dezembro de 2015, que esta oportunidade surge sem restrições de qualquer tipo. (valorsoja - Tradução Livre: www.terraviva.com.br)
Integrantes da Câmara Técnica do Conseleite estão reunidos, pela primeira vez, na sede da FAEMG. A tarefa é conhecer detalhes da cadeia produtiva para que seja possível oferecer, até o final do ano, um preço-referência para o produtor de leite in natura. A professora Vânia di Addario, uma das criadoras do método, no Paraná, em parceria com o professor José Roberto Canziani, ambos da Universidade Federal do Paraná (UFPR), explicou que, para a definição da metodologia de cálculo a ser adotada em Minas, serão levados em conta os custos, sistemas e volume de produção, faturamento, principais produtos lácteos do estado e outras particularidades. "Estamos apostando no entendimento, no bom-senso. É preciso civismo para que as coisas deem certo", disse Canziani. (Faemg)