Porto Alegre, 24 de maio de 2018 Ano 12 - N° 2.742
Leite jogado fora - Produtores de leite de todo o País sentem os efeitos da greve dos caminhoneiros e veem milhões de litros serem descartados. Na região de Passos, no Sul de Minas Gerais, mais de 500 mil litros já foram jogados fora porque, com a falta de transporte o produto se perde em pouco tempo e não há como utilizá-lo. Nas proximidades, caminhões seguem parados em mais de 20 rodovias, porém, os protestos afetam também outras regiões do Estado, caso do Sudoeste Mineiro, onde 150 mil litros serão descartados nesta quinta-feira, 24.
Segundo a Associação dos Produtores de Leite, a situação gera "sentimentos de tristeza, indignação e revolta com nossos governantes". A entidade explicou em nota que o alimento será descartado como chorume nas fazendas, "enquanto tantas pessoas necessitam dele, pois somos proibidos de doá-lo sem que seja pasteurizado".
Para piorar, além de jogar o leite fora, produtores dizem que o risco é grande de começar a faltar ração para os animais. Em outros Estados, o problema também é sentido. No Rio Grande do Sul, o Sindicato da Indústria de Laticínios estima que 4 milhões de litros já deixaram de ser captados devido ao movimento dos caminhoneiros.
No Mato Grosso do Sul, que soma 24 mil produtores, a falta de transporte também ocorre e eles dizem que começarão a descartar o produto. No Estado são mais de 30 pontos de bloqueios nas rodovias.
Armazenamento
No Paraná, o Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados (Sindileite) informou que o leite é jogado fora pelo produtor "por não ter como estocar em suas propriedades". E que diversas agroindústrias suspenderam as atividades e não estão recebendo o produto in natura. Já no Rio de Janeiro, a Cooperativa Agropecuária de Barra Mansa esclareceu que "com muito ressentimento e dor no coração", os produtores serão obrigados a descartar mais de 130 mil litros de leite por dia "que centenas de pessoas envolvidas labutaram para produzir". (DCI)
RECURSOS PARA DAR PASSAGEM À PRODUÇÃO
As liminares que vêm sendo obtidas por segmentos ligados à produção agropecuária tentam dar algum respiro ao estrangulamento provocado pela greve dos caminhoneiros. Ainda que reconheçam a legitimidade das ações, setores como o de leite e de proteína animal estão sendo paralisados pela iniciativa. Ontem, mais empresas comunicaram a interrupção das atividades (veja balanço nacional acima).
O Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados do RS (Sindilat-RS) obteve duas liminares para a liberação dos caminhões: uma nas rodovias federais de Cruz Alta, abrangendo as BRs 158, 386 e 285, e outra na comarca de Ijuí, para rodovias estaduais. Ainda assim, a percepção era de que houve piora no cenário.
Também ontem, a JBS conseguiu liminar na 1ª Vara Cível de Montenegro, que determina a liberação do acesso à unidade da empresa no município, na rótula da RS-240 com a BR-470. A medida se restringe a caminhões da marca e aos limites da comarca. (Zero Hora)
Controle sanitário/Espanha - O Ministério da Agricultura da Espanha (Mapama) prepara um novo decreto para regular os controles sanitários do leite. Uma das novidades da proposta é realizar a análise do leite pelos transportadores, na hora da coleta nas fazendas.
Atualmente o transportador só coleta a amostra e envia para um laboratório. Para a Federação Rural Galega (Fruga), esta nova norma pode colocar em risco as pequenas propriedades. Para que o transportador faça a análise antes de colocar o leite no caminhão, cada coleta levará muito mais tempo, cerca de 30 minutos em cada unidade de coleta. Isto implicará em não completar toda a rota atual, e poderá levar às indústrias a deixarem de captar em pequenas explorações, ou de difícil acesso, para que se possa cumprir toda a rota. Além do mais haverá aumento dos custos e os agricultores temem que a indústria repasse esse aumento através da redução do preço do leite, que já é baixo. A Galícia tem mais 7.900 produtores de leite, a maior parte familiar e pulverizadas pela região. (Agrodigital - Tradução Livre: www.terraviva.com.br)
Lácteos - As cotações dos produtos lácteos reagiram levemente nessa última semana. Entre 13 e 19 de maio, o preço de leite UHT registrou alta de 0,33% frente à semana anterior, fechando com média de R$ 2,38/litro. Segundo colaboradores do Cepea, esse aumento é necessário para cobrir os custos, principalmente devido ao encarecimento da matéria-prima no campo. O queijo muçarela, por sua vez, se valorizou 3,25% no mesmo período de comparação, fechando a R$ 16,94/kg. Isso se deve à menor produção e limitação da matéria-prima. (Cepea)