Porto Alegre, 21 de maio de 2018 Ano 12 - N° 2.739
Crédito da foto: Carolina Jardine
O valor de referência projetado para o leite em maio no Rio Grande do Sul indica alta de 1,25%, ficando em R$ 1,0778, demonstrando estabilidade. A pesquisa do mercado gaúcho foi apresentada na manhã desta segunda-feira (21/5) durante reunião do Conseleite, na sede do Sindicato da Indústria de Laticínios do RS (Sindilat), em Porto Alegre. Em abril, o valor do litro fechou em R$ 1,0645, acima do projetado inicialmente. Segundo o professor da UPF Eduardo Finamore, o ganho no indexador foi puxado pelo aumento no leite em pó (+5,37%). O encontro reuniu produtores e indústrias e foi presidido por Pedrinho Signori.
Os números compilados no estudo, indica Finamore, já reproduzem hábitos de consumo típicos dos meses de frio, como aumento do consumo de queijos. O queijo prato, por exemplo, aumentou 9,07%. O assessor da Fetag Márcio Langer lembrou que o frio custou a chegar em 2018 com mês de maio muito quente. Agora, diz ele, aumenta a expectativa em relação a aumento de demanda nas próximas semanas. "Com o frio, esperamos aumento de consumo das famílias e reflexos diretos no campo", completou Signori.
Segundo o presidente do Sindilat, Alexandre Guerra, apesar da leve recuperação, os números indicam seis meses de preços do leite abaixo dos praticados no ano anterior. "A produção de leite nesta entressafra caiu menos do que tradicionalmente ocorre todos os anos", frisou Guerra, lembrando que a diferença entre o pico de produção (setembro/outubro) e a entressafra (abril/maio) geralmente era superior a 30% e, em 2018, ficou próximo abaixo de 30%. Além disso, alerta Guerra, a questão cambial desestimula a importação de leite, o que também deve ajudar no aquecimento do mercado interno.
IN 62 - Durante a reunião do Conseleite, o secretário-executivo do Sindilat, Darlan Palharini, ainda apresentou dados sobre a consulta pública que está em curso para revisão da IN 62. Segundo ele, o setor trabalha junto ao Ministério da Agricultura pela prorrogação do prazo de consulta para 180 dias. (Assessoria de Imprensa Sindilat)
Custo de produção - As altas nos preços do milho no primeiro quadrimestre de 2018 preocupa produtores de leite, devido ao aumento no valor da ração e, consequentemente, nos custos de produção do setor. De janeiro a abril, o grão se valorizou 27,6%, em média, nos estados de GO, MG, PR, RS, SC e SP.
Essa valorização do milho se deve às possíveis quebras de produção para o milho, ocasionadas pela crise hídrica em abril nos estados de São Paulo e Paraná. Desta forma, como precaução, agricultores começam a desacelerar o ritmo de vendas. No mesmo período, na "média Brasil" (BA, GO, MG, PR, RS, SC e SP), calculada pelo Cepea, o preço médio líquido do leite pago ao produtor se elevou 17,7%. Nesse cenário, a relação de troca ficou desfavorável ao produtor.
Enquanto em janeiro eram necessários 29,5 litros de leite para comprar uma saca de 60kg de milho, em abril, foram necessários 31,6 litros para adquirir a mesma quantidade do grão. Por outro lado, algumas relações de troca seguem mais favoráveis ao produtor, por causa da recente alta no preço do leite pago ao produtor. Em janeiro, eram necessários 10,13 litros de leite para se adquirir um frasco de oxitetraciclina de 20 ml, antibiótico amplamente utilizado na pecuária leiteira. Já em abril, a relação de troca foi de 8,70 litros, ou seja, houve um aumento do poder de compra do produtor. Outros insumos que apresentam melhora na relação de troca nesse período são os de limpeza e desinfecção de ordenha, como detergentes, papel toalha, aplicador de iodo e desinfetantes. (Cepea)
Uruguai - Duas empresas do setor lácteo em dificuldades
Queijos/Uruguai - O setor lácteo parece que está se recuperando da pior crise que o afetou em 2015 e 2016, mas, as perspectivas são incertas e duas das principais empresas, Pili e Claldy, passam por um momento delicado. Os preços internacionais começam dar sinais de estabilidade, mas, o endividamento dos produtores e das indústrias pesa.
A Pili conseguiu, no final de janeiro, uma negociação com os bancos para sua dívida de US$ 40 milhões, mas a situação não melhorou, e agora está trabalhando apenas quatro dias por semana, por falta de matéria-prima e 44 de seus trabalhadores estão com jornadas parciais, disse a El País o sindicalista Marcel Petrib. O sindicato está procurando ver se a empresa faça um adiantamento correspondente à primeira metade do mês de maio. Heber Figuerola, diretor da Federação da Indústria de Laticínios, considera que a Pili está muito comprometida e precisa reverter esse quadro em oito meses. A empresa, que fez grandes investimentos em uma nova fábrica, perdeu um fornecedor de 35.000 litros de leite diários. O sindicato chegou a ocupar por 48 horas, a fábrica que produz queijos para exportação. O sindicato da indústria de laticínios também está preocupado com a situação da Claldy, uma empresa com mais de 50 anos e de perfil exportador, que planeja dispensar 25 trabalhadores. Segundo Figuerola, isto se deve ao fato de que a empresa está desviando matéria-prima para a Alimentos Fray Bentos, um empreendimento que tem como sócio argentino (La Sibila), diminuindo a atividade da sua fábrica da cidade de Young. A situação gera "instabilidade" e deve ser explicado pela empresa, disse.
Não parece que se possa estabelecer uma relação entre o volume de leite produzido ao nível nacional (que subiu 4% no primeiro trimestre) com os problemas de disponibilidade de matéria-prima. As perspectivas do setor (que perdeu mais de dois mil empregos com o fechamento da Ecolat e Schreiber Foods) levaram o sindicato a reconhecer que a campanha salarial em curso não terá espaço para expansão (o que poderia permitir o aumento significativo de salário). Exige a discussão sobre a redução da jornada de trabalho, uma ênfase maior no treinamento, informar eventuais reestruturações com 90 dias de antecedência e uma série de benefícios sociais. A indústria está muito pouco disposta a conceder aumentos reais de salário. O mercado internacional e o dólar mais forte poderão dar um alívio ao setor, Ricardo de Izaguirre, presidente do Inale, disse que os preços do leite em pó integral se encontram estáveis, em torno de US$ 3.000 a tonelada e os de queijo US$ 4.000 a tonelada, valores que "permitem alguma margem". O preço do leite ao produtor, ao contrário do que aconteceu dois anos atrás, permite cobrir os custos. (El País - Tradução livre: www.terraviva.com.br)
Em Paris, nesta quinta-feira (24), a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) declara oficialmente o Brasil como país livre da febre aftosa com vacinação, reconhecendo 50 anos de trabalho bem-sucedido do serviço veterinário e dos produtores rurais brasileiros. A diretora-geral Monique Eloit entregará o certificado sanitário ao ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, a partir das 14h30 (horário local), na sede da OIE, durante a 7ª Sessão Plenária da Organização. A Comissão Científica da OIE aprovou a certificação do Brasil em 2017. Os 181 países integrantes da OIE oficializam a decisão nesta 7ª Sessão Plenária. Às 16h30 haverá entrevista coletiva de imprensa.
Reuniões técnicas da OIE
Oitocentos delegados de 181 países discutirão normas de erradicação de doenças de animais (inclusive as transmissíveis a pessoas - brucelose, tuberculose, influenza aviária, vaca louca), segurança sanitária do comércio internacional de animais e produtos de origem animal, bem-estar animal, e alterações do Código Sanitário para Animais Terrestres.
O delegado do Brasil na OIE é o médico veterinário Guilherme Marques, diretor do DSA - Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura. As reuniões técnicas começaram na última sexta-feira (18) e terminam nesta sexta-feira (25).
A situação dos focos de febre aftosa detectados na Colômbia em abril deste ano será tratada na reunião da Comissão Regional das Américas na OIE, presidida por Marques, nesta segunda-feira (21). Na pauta de trabalho do diretor Marques estão previstas reuniões bilaterais para facilitação de comércio com a a Inglaterra, Singapura, Indonésia e Turquia. (As informações são do Mapa)
Marcos Tang é eleito novo presidente da Gadolando
O criador Marcos Tang está retornando à presidência da Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando). Por aclamação, o mandatário da entidade entre os anos de 2012 e 2016 volta para a sua terceira gestão à frente da associação, no biênio 2018-2020. A eleição ocorreu durante assembleia geral, realizada na Expoleite/Fenasul. Ele irá substituir Jorge Fonseca da Silva. Tang ressaltou que quer, cada vez mais, aproximar o sócio e promover a valorização da raça junto aos produtores. "Temos muitas vacas holandesas no Rio Grande do Sul, sendo esta a principal raça produtora de leite no Estado, apesar de toda a queixa, compreensível, com o atual preço do leite." Um dos pilares desta nova gestão, segundo o presidente eleito, é elevar o número de registros da raça no Rio Grande do Sul, além de aumentar o controle leiteiro e a classificação morfológica dos exemplares. Sobre o momento de dificuldades por que o setor passa, Tang reforça que o fortalecimento da entidade e a união com outras associações e autoridades políticas e econômicas serão fundamentais para que os produtores possam ter seus pleitos atendidos. "Temos que trabalhar para mostrar que o nosso leite é bom." (Jornal do Comércio)