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03/05/2018

 
 

Porto Alegre, 03 de maio de 2018                                              Ano 12 - N° 2.727

 

Baixo preço do leite ao produtor está atrelado à redução do consumo
Preço do leite - Entre o final de 2016 e durante todo o ano de 2017, e ainda nos primeiros meses de 2018, houve uma redução substancial no preço pago ao produtor. Neste mesmo período, houve um aumento médio de 4,5% de produtividade por produtor no Brasil e uma redução de 4% no consumo de todos os produtos lácteos. 

E esta diminuição resultou numa sobra de 10% de leite, o que refletiu diretamente no preço pago ao produtor. A principal redução foi no leite UHT, iogurtes e leite em pó, com aumento de 2% somente no consumo na manteiga. 'Esta sobra de leite puxou o preço para baixo, pois ninguém colocou o produto fora', salientou Darlan Palharini, representante do Sindicato das Indústrias do Leite do Rio Grande do Sul (Sindilat), durante o 18º Encontro do Grupo de Leite de Venâncio Aires, realizado na quinta-feira, 26, pela manhã, na sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR). Na ocasião, ele abordou o tema ´Mercado futuro do leite`.

Em agosto e setembro de 2016, o preço pago ao produtor atingiu o pico máximo chegando a R$ 1,596. Em dezembro do mesmo ano e durante o ano de 2017, houve uma acentuada redução e não foi superior a R$ 1 e em 2018, está em torno de R$ 1,002. 'O mercado já começa a dar notícias da redução no consumo de leite UHT e do leite em pó a partir de maio de 2018', alertou Palharini. Segundo ele, um dos fatores é o alto número de desempregados no Brasil, que deixam de consumir leite. A classe econômica que mais consome estes produtos são a B, C, D e E e são justamente as mais afetadas com a questão do desemprego. 'Como não há um canal de exportação e não temos outras alternativas, somos muito dependentes do mercado interno, que hoje está freado.'

Palharini frisou que a economia brasileira está em recuperação, porém, muito lenta. A expectativa do setor de lácteos do estado é que 2018 seja melhor que 2017, mas ele acredita que a recuperação maior deverá ocorrer nos próximos anos. A interrogação é se a recuperação da economia vai influenciar no aumento do consumo e, na atividade leiteira, fechar as contas está complicado. 'Se tivermos vacas leiteiras que produzem no mínimo 20 litros por dia, a conta não fecha e praticamente é quase impossível o produtor não ter prejuízo. O leite não pode somente depender do mercado interno brasileiro. Precisamos ter alternativas para o escoamento da produção', referiu.

Para tanto, o Sindilat buscou o apoio do governo brasileiro, que já acenou que não tem como ajudar por falta de recursos. 'O principal instrumento que precisamos agora é o programa de escoamento da produção, caso contrário, o País vai se afogar no leite. É urgente e necessário que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) reajuste o preço do leite em pó.'
Novos mercados
Palharini referiu ainda que o Sindilat tem se empenhado muito na busca de novos mercados de comercialização e que o setor depende muito de compra governamental ou do mercado interno. Entre as dificuldades enfrentadas pelo setor, ele aponta que o Rio Grande do Sul consome somente 40% do total que produz e o restante é exportado para outros estados brasileiros, principalmente São Paulo e Rio de Janeiro. O Rio Grande do Sul é hoje o estado maior produtor de leite do Brasil, envolvendo 65 mil produtores. Aumento de produtores soma 25%, o aumento de produtividade soma 7% por produtor e o setor contabilizou uma redução de 22% de produtores no último ano. 

'Nunca o setor enfrentou uma redução tão acentuada no consumo como nos últimos anos.'
DARLAN PALHARINI, representante do Sindilat. (Folha do Mate)

 
 
Pico de vacas e de leite, sem capital levou a Fonterra a um dilema

Dilema/NZ - Keith Woodford explica como o pico de animais, e de leite, mas, sem capital, levou a Fonterra a ficar em uma posição difícil. A Nova Zelândia atingiu seu pico de vacas, 5,02 milhões em 2014/15 e desde então os números declinam lentamente. O pico de leite também foi atingido no mesmo ano, com a produção de 1,9 bilhão de quilos de sólidos do leite (kgMS), e desde então fica alguns percentuais abaixo. O dilema da Fonterra é que seus planos de negócios está baseado na necessidade crescer mais que 30% nos próximos sete anos. Esta foi a mensagem principal da Fonterra apresentada aos seus investidores em dezembro de 2017, pelo presidente Theo Spierings, que ressaltou várias vezes "a liderança pela eficiência de escala", e concluindo que "A Fonterra tem uma forte oportunidade de investimentos". É notável que a Fonterra está vendo o futuro do mundo bem diferente da visão do atual Governo da Nova Zelândia. O Governo diz que o futuro deve estar ligado mais sobre atividades de maior valor agregado. A perspectiva da Fonterra concorda em parte com o crescimento do valor agregado, mas, sem abrir mão do aumento da produção.

Para detectar as especificidades do que a Fonterra projeta para o futuro, é preciso analisar em detalhes o que ela vem apresentando aos investidores que não são produtores de leite. Os investidores profissionais são instituições e investidores diversos que focam no preço das ações. E são também a principal fonte potencial de capital adicional. Eles não possuem votos, e não aparecem nas Assembleias, que são destinadas aos produtores associados, e as mensagens do dia refletem essa situação. A última apresentação feita pela Fonterra a investidores profissionais foi no dia 7 de dezembro de 2017, durou seis horas, com intervalo de uma hora para almoço. Todos os diretores da Fonterra estavam presentes, com a liderança do presidente Theo Spierings. Comparada com as assembleias de acionistas as apresentações com os investidores possuem mais substância e menos rodadas de cunho profissional. A diretoria da Fonterra disse aos investidores que a Cooperativa tem uma posição admirável mas, que, é necessário crescer muito mais. A meta para 2025 é ter 30 bilhões de litros equivalente leite (LME). Em 2017 a Fonterra supriu o mercado global com 22,4 bilhões de LME. O termo LME não é familiar para a maioria dos neozelandeses, mas, tornou-se uma unidade padrão internacional para comparar as diferentes composições do leite. Um litro da Nova Zelândia é aproximadamente igual a 1,15 LME, com alguma variação sazonal em decorrência da produção de sólidos do leite em cada estação do ano. E, 1 kg de sólidos do leite (matéria gorda e proteína), kgMS, corresponde a 13 LME Assim, a Fonterra quer outros 570 milhões de kgMS a cada ano em todo o mundo. A Fonterra estima que poderá aumentar a oferta de leite na Nova Zelândia à taxa de 1,5% ao ano, o que resultaria em 170 milhões de kgMS por ano até 2025. No entanto, isso parece muito otimista. Alguns classificam mesmo de irrealista.Olhando para o futuro, há fortes ventos contrários em relação à produção de leite da Nova Zelândia.  

Em primeiro lugar, há a questão das penalidades aos produtores de leite que alimentarem seus animais com alta ingestão de PKE (torta de palma). Essas penalidades começam na próxima primavera. Em segundo lugar, cerca de 23.000 hectares de terra foram retirados da produção de leite nos últimos dois anos, e outras ainda serão aposentadas, seguindo a tendência de mudança da produção leiteira de pequenas fazendas, para a criação de gado de corte. Terceiro, a crescente pressão para que haja resposta em relação a questões de conformidade de nutrientes. Quarto, que as políticas ambientais estão gerando desconfiança juntos aos agricultores. E, quinto, todo mundo está preocupado com o surto de Mycoplasma.
A Fonterra tem uma preocupação adicional que é estar perdendo Market share para outras companhias, saindo de 96% de participação no ano 2000, para cerca de 82% este ano, e que certamente será menor nos próximos dois anos, com a chegada de novos concorrentes com capacidade adicional de processamento. Independentemente de a Fonterra obter ou não algum crescimento na Nova Zelândia, ou, se de fato, ocorrerá queda significativa, fica claro que os volumes sobre os quais a Fonterra está falando só podem vir de grandes investimentos no exterior.

As recentes discussões a respeito da compra da SanCor na Argentina faziam parte dessa estratégia global. No entanto, nas últimas semanas a Fonterra perdeu a disputa para um comprador local. A Fonterra também se interessou pela compra da Murray Goulburn (MG) na Austrália. Outra vez, as negociações da Fonterra não deram em nada, e a Saputo do Canadá está próxima de se tornar o comprador. Uma alternativa será a Fonterra trabalhar forte para manter sua oferta atual de leite no exterior. Na Austrália, a Fonterra se beneficiou muito nos últimos dois anos diante do comportamento autodestrutivo da MG. No entanto, com a Saputo no controle da MG ocorrerá grande competição para o fornecimento de leite das fazendas australianas. A razão pela qual a Fonterra acha que precisa de mais leite é principalmente, mas não apenas por causa da China. A Fonterra vê a capacidade do aumento de oferta de leite chinês bastante limitada, enquanto a demanda dos consumidores deverá crescer oito bilhões de LME até 2025. Preencher essa lacuna, se ocorrer, exigirá que as importações chinesas aumentem em mais de 75% neste período de tempo. A Fonterra vê muitas oportunidades na China, com manteiga e creme na vanguarda, mas, que não serão os únicos lácteos. Fora da categoria manteiga, onde a Fonterra é claramente a número 1, o desafio não declarado é se a Fonterra terá ou não sistemas e capacidade de aproveitar as oportunidades emergentes de agregação de valor. O registro histórico sugere que isso não acontece. O que ficou óbvio para os participantes do seminário com os investidores profissionais, mas, não foi dito, era que a Fonterra não tem recursos para financiar sua própria transformação. A combinação de grande crescimento em volumes, combinado com transformação em valor agregado implica um grande volume de capital.   As empresas têm três maneiras de financiar seu crescimento. A primeira é pelos lucros acumulados. No entanto, a Fonterra está sob considerável pressão de seus agricultores de que a maior parte dos lucros deve ser devolvida à produção, e é essa prática atual. De fato, este ano parece que não haverá lucros para distribuir e os dividendos prometidos virão do balanço patrimonial. 

A segunda opção de financiamento é assumir mais dívidas. No entanto, a Fonterra não está em posição de assumir muito mais dívidas se deseja manter seus atuais ratings financeiros (que determinam as taxas de juros). A terceira opção é assumir mais capital. O desafio para a Fonterra é que apenas os agricultores que produzem leite podem ser acionistas. Uma das formas de contornar isso seria a Fonterra assumir mais acionistas, abrindo filiais para os agricultores australianos. Fala-se sobre isso, mas, é uma ponte muito longa. O outro caminho seria vender unidades dentro do chamado Fundo de Acionistas da Fonterra. Na realidade, isso significa vender unidades para investidores profissionais, que compartilham dos lucros apesar não terem um voto forma em relação à política da empresa. A desvantagem é que um investimento adicional substancial por parte desses investidores externos causaria considerável protesto entre os acionistas. A preocupação é que seja um passo grande demais para os princípios cooperativos e a perda do controle de fato.

Talvez o primeiro passo seja a Fonterra reduzir suas ambições e se concentrar em trabalhar com o leite que possui na Nova Zelândia. Ainda continuará a ser o maior fornecedor de produtos lácteos do mercado internacional. Estabelecer sistemas para maximizar o lucro desse leite e encontrar o capital necessário para financiar essa transformação deve ser mais do que suficiente para manter o negócio robusto. De qualquer ângulo que se olhe, a Fonterra está preso em uma pedra fincada em um lugar difícil. Não pode culpar ninguém, além de si mesma. ( interest.co.nz - Tradução livre: www.terraviva.com.br)

 A digitalização mudará o jogo no campo

A digitalização irá transformar a forma como se faz agricultura no mundo, e da mesma forma -- impiedosa, para os despreparados -- como atingiu outras indústrias. Segundo André Savino, diretor de Marketing da Syngenta para o Brasil, isso significa mudar do jogo. "Como a Netflix fez com a Blockbuster", afirmou o executivo, referindo-se ao impacto que o streaming de filmes teve sobre o mercado de DVDs. Aniquilou toda uma indústria de entretenimento que não se adaptou. No campo, a situação não é diferente. A adaptação para a digitalização determinará quem manterá a competitividade e quem desaparecerá.

Esse migração digital ficou mais evidente em 26 de março, quando a multinacional suíça, agora controlada por chineses, anunciou a aquisição da mineira Strider. Foi o primeiro negócio fechado no país com uma empresa de agricultura digital. O valor não foi revelado. "A digitalização trará um ganho de eficiência sem precedentes", disse ele.  Sediada em Belo Horizonte, a Strider é uma jovem empresa digital focada em soluções para o agronegócio que conseguiu superar as estatísticas que apontam para uma curta vida de dois anos de existência para startups. Criada em 2013, conseguiu ganhar musculatura nacional. Está posicionada de Norte a Sul do país, com um time de 60 funcionários que entregaram mais de 3 milhões de hectares e 2 mil fazendas produtoras de grãos e cana- de-açúcar monitorados.

Com a aquisição, tornou-se também a primeira "agtech" 100% brasileira a passar para as mãos de uma multinacional. "Vemos muito potencial ainda a ser explorado no Brasil. Pretendemos aumentar a densidade - ter mais clientes por cidade", diz Luiz Tangari, CEO da Strider. A Syngenta vinha trabalhando até então apenas com parcerias no Brasil. Ainda tem meia dúzia delas, mas para "ser relevante para o agricultor", diz Savino, era preciso evoluir do ambiente de colaboração para trazer a agenda digital para dentro da multinacional. No exterior, a companhia adquiriu a Ag Connections e, mais recentemente, a empresa de sensoriamento remoto Farmshots.

Parceiras desde praticamente a fundação da Strider, o namoro virou noivado há cerca de seis meses, quando a Syngenta fez a primeira abordagem de compra à Strider. Na semana passada, o casamento foi sacramentado pelo Cade. Como todo o setor, de agroquímicos à maquinário, o agronegócio passa por uma corrida tecnológica que faça frente aos desafios de plantio e controle de pragas com a mudança em curso no clima e de saturação da inovação aos moldes antigos -- a descoberta de novas moléculas, em processos longos e caros. O uso preciso de insumos traz racionalidade ao uso de recursos naturais, como a água e solo, reduz os custos do agricultor e eleva a produtividade na lavoura.
Segundo a Strider, "só acertando o timing foi possível reduzir em 20% a população de pragas" em fazendas que adotaram suas tecnologias. Com a aquisição, Tangari passa a reportar diretamente à área de digital da Syngenta no Brasil, sob a diretoria de André Savino, e a Dan Burdett, líder digital global. (As informações são do jornal Valor Econômico)

 
 

Uruguai - Captação da indústria aumentou 4%
Produção/Uruguai - O volume de leite enviado para as indústrias no primeiro trimestre deste ano aumentou 4%, mostrando uma contínua recuperação da produção, segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional do Leite (Inale). As remessas no mês de março acumularam uma produção de 133 milhões de litros, o que significou aumento de 4,5% em relação a igual mês do ano passado. Por outro lado, os envios acumulados nos três primeiros meses de 2018 totalizaram 415,3 milhões de litros de leite, representando 4% de aumento, na comparação com o mesmo período de 2017. Nos últimos 12 meses encerrados em março, a captação total da indústria chegou a 1.898 milhões de litros, representando 6,5% de aumento em relação ao período imediatamente anterior. O preço médio recebido pelo produtor em março, foi de 10,11 pesos por litro, [R$ 1,25/litro], ou US$ 0,36, representando aumento de 5% em ambas as moedas, em relação a fevereiro. (El Observador - Tradução livre: www.terraviva.com.br)

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