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17/04/2018

Porto Alegre, 17 de abril de 2018                                              Ano 12 - N° 2.716

 

   GDT aponta alta para todos os derivados lácteos

Após quatro negociações em queda, o leilão GDT voltou a subir e apresentou um aumento de 2,7% nesta terça (17/04). O preço médio fechou em US$ 3,587/tonelada, atingindo um preço médio próximo ao leilão nº 207 – que ocorreu no dia 06/03/18 - e que teve preço médio de US$ 3.593/tonelada. 

Essa movimentação de preços está associada a alguns fatores conjuntos: a redução sazonal da oferta na Nova Zelândia, a seca enfrentada na Argentina e aumento de preços dos lácteos nos Estados Unidos e União Europeia.

Foram vendidas 19.262 toneladas, 2.040 toneladas a mais que no leilão anterior. O preço do leite em pó integral subiu 0,9%, sendo negociado à US$ 3.311/ton. Na mesma toada, o leite em pó desnatado (3,6%), a manteiga (2,9%), e o queijo (4,6%) subiram, fechando em US$ 1.913/ton, US$ 5.654/ton, US$ 3.855/ton respectivamente.

Os preços futuros médios do leite em pó integral também seguiram a tendência do leilão e sinalizaram elevações de preços até setembro deste ano. (Milkpoint/gDT)

 
 
 
 
Fundesa aplicou R$ 765,78 mil em indenizações a produtores de leite no primeiro trimestre de 2018

O Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal (Fundesa) divulgou a prestação de contas do primeiro trimestre de 2018. De janeiro a março deste ano foram investidos R$ 764.787,16 em indenizações a produtores de leite para eliminação de bovinos positivos para tuberculose e brucelose. Integram essas indenizações os valores referentes ao pagamento de Risco Alimentar, voltado para as propriedades que tiveram que abater 100% de seu rebanho. Neste caso, o Fundesa indeniza o produtor com um valor equivalente a três meses do faturamento líquido da propriedade. 

O presidente do Fundesa, Rogério Kerber, reforçou que todos os bovinos devem passar por testes antes de participar de feiras, para que os animais positivos para as enfermidades não afetem os livres da doença. "A cadeia está dando velocidade à retirada desses animais", pontuou.

Na ocasião, Kerber questionou a prática de veterinários que estão enviando as amostras para serem analisadas no Paraná. Entre os motivos, estaria o fato de que os resultados ficam prontos em menos tempo do que no Estado. No Rio Grande do Sul existem dois laboratórios credenciados para o diagnóstico das enfermidades, o Instituto de Pesquisas Veterinárias Agropecuárias Desidério Finamor (IPVDF), em Eldorado do Sul, e o Laboratório de Microbiologia Veterinária (Microvet) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), que recentemente teve sua metodologia acreditada e credenciada pelo Ministério da Agricultura. O novo espaço vem para dar mais agilidade ao processo de diagnóstico.

A gerente administrativa do Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat), Julia Bastiani, acompanhou a reunião realizada na sede do Fundesa, em Porto Alegre. (Assessoria de Imprensa Sindilat)

 
Foto: Leticia Szczesny

 

Cooperativas de internet lutam por espaço no Sul

A Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) trava uma batalha legislativa para tentar aprovar uma lei que possibilite a pessoas físicas se agruparem em cooperativas de telecomunicações, principalmente de internet. Algumas iniciativas para legalizar o modelo foram derrubadas pelas regras atuais da Lei Geral das Telecomunicações (LGT). Agora, o desafio da OCB é adaptar a legislação para permitir o registro das cooperativas, que têm benefícios fiscais. Sem conseguir licença da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), um grupo de consumidores do Rio Grande do Sul decidiu criar uma empresa limitada, a Coprel Telecom. Com a marca Triway, a empresa está sob o guarda-chuva da Cooperativa de Energia/Geração e Desenvolvimento/Telecom do Estado. Possui 13,5 mil consumidores, todos sócios, disse Janio Stefanello, presidente da Coprel Telecom. Trata-se de um modelo de autofinanciamento dos serviços, sem fins lucrativos. Quando há sobras no orçamento anual, os recursos são redirecionados ao negócio, embora também possam ser distribuídos entre os cooperados. A maioria é formada por produtores rurais, além de moradores de regiões distantes dos grandes centros. A receita da Coprel Telecom para 2018 é estimada em R$ 35 milhões. O crescimento médio tem sido de 25%, segundo a empresa. Para montar a infraestrutura, a unidade de telecomunicação fez um acordo com a cooperativa de energia para usar seus postes, sobre os quais lançou os cabos de fibra. Com 2,5 mil km de extensão, a rede óptica cobre 24 municípios com banda larga e telefonia fixa. A meta é atingir 72 localidades em cinco anos, disse Stefanello. 

A empresa compra capacidade de tráfego de internet no atacado de meia dúzia de grandes provedores, inclusive da Oi, que é concessionária de telefonia fixa na região. "Temos proteção e redundância no sistema. Nosso serviço tem de ser melhor do que o que tem no mercado", disse o executivo. Segundo ele, as grandes operadoras não investem nos municípios pequenos, porque procuram mercados mais rentáveis. Os cooperados são produtores que possuem de 15 a 500 hectares, com vários níveis de renda. A falta de internet dificulta os negócios e afasta os jovens do campo. Os filhos dos agricultores geralmente estudam em colégios ou universidades nas cidades maiores. Nos fins de semana não querem ficar na propriedade dos pais porque não tem acesso à internet. Ficar longe das redes sociais e dos amigos, nem pensar. Roberto Schrammel, 51 anos, mora no interior de Panambi, a 395 km de Porto Alegre. Ele representa a terceira geração de agricultores de sua família. Tem gado, planta soja e milho no verão, e trigo no inverno. É tudo mecanizado. Os filhos estudavam na cidade e à noite pediam para levá-los a uma lan house, 10 km distante da propriedade, para que pudessem pesquisar na web e fazer as tarefas escolares. Quando chegou a rede da cooperativa, tudo melhorou, disse ele, que paga R$ 99 por uma conexão de 5 megabytes. A fibra chega a 2 km da fazenda e segue o último trecho por radiocomunicação. O filho Leandro, de 21 anos, estuda técnica em armazenagem de grãos e está sendo preparado para ser seu sucessor. O outro filho, Luca, 20 anos, é apaixonado por internet e estudou ciência da computação, área em que já trabalha. Com colheitadeiras dotadas de computador de bordo, GPS e piloto automático, Schrammel disse que não dá para operar uma máquina dessas sem conhecer computação. Henrique Ruppenthal, 25 anos, de Quinze de Novembro (RS), representa a nova geração da família. Ele e sua mulher Tania moram em uma casa, enquanto os pais, Levino e Ane, vivem em outra. 

A lavoura, em 50 hectares, tem soja, milho para silagem e, no inverno, trigo. A 370 km de Porto Alegre, a fazenda também produz leite. Ruppenthal é formado em administração e já trabalha com seu pai. Ele lembra das dificuldades para acessar a internet quando ainda estudava, há três anos. Precisava caminhar uns 500 metros a partir de sua casa para conseguir sinal. Hoje, usa a rede sem fio da Vivo e a conexão está um pouco melhor, disse ele. Mesmo assim, Ruppenthal está animado ao ver que já foi instalada a rede de fibra da Coprel próximo da fazenda. Logo a conexão estará em sua propriedade. "Espero um sinal bom de internet e de telefone", disse ele, que vai cancelar a banda larga móvel. Sua expectativa é de pagar R$ 100 por mês ante R$ 89 da Vivo. "Fibra vale a pena, se funcionar bem", afirmou. Com 13 ramos de atuação em cooperativismo, a OCB reúne 6.655 cooperativas. Agronegócios é o segmento mais atuante, com 1.555 cooperativas. No ramo de infraestrutura, há 67 de energia elétrica, 17 de geração de energia e apenas uma de internet. Só a Certel Net, do Sul do país, conseguiu autorização para o serviço, disse Marco Olívio Morato, analista técnico e financeiro do sistema OCB. A Certel Net atua em cerca de 30 cidades do Rio Grande do Sul. É formada por pessoas físicas e usa os postes da Cooperativa Certel Distribuição de Energia para passar sua rede. Para operar como cooperativa precisou entrar na Justiça. Diversas outras tentaram, mas não conseguiram, diz Morato. Procurada pelo Valor, a Anatel não conseguiu porta-voz para comentar o caso. A OCB é um órgão privado mantido por contribuição das cooperativas. Essas organizações atuam em regiões superpovoadas rurais ou comunidades, distritos urbanos e cidades com atendimento precário. 

A organização trabalha para que seja aprovado o Projeto de Lei 8.824/2017, do deputado Evair Vieira de Melo (PV/ES). O projeto altera as Leis 9.472, de 16 de julho de 1997, e 9.295, de 19 de julho de 1996 (de telecomunicações), para assegurar a prestação dos serviços de telecomunicações por cooperativas. Desde outubro, o PL encontra-se na Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público da Câmara. A expectativa da assessoria do deputado é que a tramitação na Casa dure cerca de dois anos. Marcos Vinícius Ramos da Cruz, gerente substituto da gerência de regulamentação da Anatel, disse que, pelas regras atuais, para ter licença, é preciso CNPJ. Para Serviço de Comunicação Multimídia (SCM), em que entra a internet, é preciso atender todos os interessados, e não apenas os cooperados. Já a licença de Serviço Limitado Privado (SLP) permite atender só os cooperados, porém não pode ultrapassar 5 mil usuários, ou vira uso coletivo. Para contratar interconexão de outra operadora também é preciso contrato de uso de rede coletivo. De modo geral, disse o gerente, não existe restrição para uma cooperativa. Contudo, as regras dos serviços acabam eliminando a possibilidade de licença. (Valor Econômico)

Mundo deve se preparar para uma OMC sem os EUA, diz ex-diretor Lamy

O mundo precisa se defender da possível tentativa do governo Donald Trump de implodir a Organização Mundial do Comércio (OMC) e estar preparado para uma OMC sem os EUA, afirma Pascal Lamy, ex-diretor-geral da entidade. Após evento na Câmara Americana de Comércio (Amcham) ontem, em São Paulo, Lamy disse que é difícil saber se Trump busca vantagens comerciais específicas para os EUA ou se quer simplesmente acabar com a OMC e voltar a negociações bilaterais. Ele alerta que os outros países têm de se defender. "Pensar numa OMC sem os EUA talvez seja uma opção necessária para que não sejamos chantageados. Se a opção é 'você faz isso ou eu saio', então é preciso ter a contraopção 'você sai, mas eu não'". Para o ex-diretor-geral da OMC é preciso estar preparado para dois cenários. O primeiro é negociar eventuais exigências dos EUA de novas regras, como para subsídios agrícolas. "O Brasil, nesse caso, adoraria ver a OMC regulamentando subsídios agrícolas dos EUA." O outro cenário é o de proteger a OMC da ofensiva dos EUA. "Se o cenário for o de minar a OMC, terá de haver uma séria coalizão para impedi-los. Se quiserem acabar com a OMC, não vamos aceitar, temos de mantê-la funcionando." 

Para Lamy, a decisão do Brasil de aceitar cotas de exportação de aço para os EUA, em troca de suspensão das sobretaxas até 30 de abril, mostra que o país já está aceitando o jogo imposto por Trump. "Se um país como o Brasil aceitou voluntariamente restrições, Trump conseguiu o que queria", disse sobre o acordo costurado entre o secretário de Comércio dos EUA, Wilbur Ross, e o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Aloysio Nunes. "Aceitar restrições voluntárias é como voltar aos anos 1960", criticou. Para ele, aceitar as regras de Trump é deixar prevalecer um jogo bilateral em vez do multilateralismo conquistado nas últimas décadas. "Se Trump tentar acabar com a OMC e for bem-sucedido nisso, a OMC vai se tornar irrelevante. Não acredito que ele queira isso." Apesar da falta de clareza em relação aos planos de Trump, Lamy vê risco limitado de uma escalada para uma guerra comercial entre EUA e China. Isso porque, afirma, há forças dentro dos EUA que veem uma guerra comercial como potencialmente destruidora para a economia americana. 

A segunda razão é porque os chineses são "extremamente racionais" e se comportarão de modo a não haver uma escalada. "A China será racional. Não buscará uma escalada, mas sim uma resposta proporcional", disse. Por outro lado, observou com entusiasmo, o presidente chinês, Xi Jinping, indicou no Fórum de Boao, na semana passada, maior abertura em algumas aéreas, como serviços financeiros e energia. "Se entendi bem, Trump viu isso de maneira positiva. Mas isso pode ter mudado. Não sei, porque eu não acompanho o Twitter a todo minuto." (Valor Econômico)

 
 
 

Grãos
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou no dia 10/4 o relatório de oferta e demanda mundial de grãos. A safra norte-americana de milho foi mantida em 370,96 milhões de toneladas na temporada 2017/2018. (Agrolink)

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