Porto Alegre, 16 de março de 2018 Ano 12 - N° 2.696
Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai reúnem-se em Assunção, no Paraguai, para encontro de chanceleres que começa nesta sexta-feira (16/03) para alinhar uma posição oficial do Mercosul sobre a disputa internacional criada com a União Europeia (UE) a respeito do uso de nomes tradicionais de queijos. A UE reivindica que países do Mercosul deixem de usar os termos Parmesão, Gruyère, Roquefort, Fontina, Gorgonzola e Grana em seus produtos uma vez que se referem a denominações de origem de queijos típicos dos países europeus. O assunto foi debatido pelos laticínios brasileiros na manhã desta quinta-feira (15/3) em reunião no Conselho Nacional da Indústria de Laticínios (Conil) em São Paulo (SP).
Segundo o presidente do Sindilat, Alexandre Guerra, que participou do encontro representando os laticínios gaúchos, o setor não aceita as restrições que querem ser impostas. “O setor de lácteos é sempre usado como moeda de troca nas negociações internacionais. Não iremos mais aceitar isso”, frisou. De acordo com o executivo gaúcho, o uso dos nomes de queijos já é uma tradição no mercado brasileiro.
O Sindilat é filiado ao Conil, colegiado que reúne os diferentes sindicatos do país. O grupo também vem fortalecendo sua atuação junto à Federación Panamericana de Lechería (Fepale) para pleitear causas conjuntas e defender interesses do Mercosul.
Ainda em SP, Guerra participou de reuniões na Viva Lácteos e ABLV e na Abiq. “O setor aqui trabalha muito harmonizado por causas coletivas”. Durante a agenda, Guerra também reforçou a importância de apoio nacional para o pedido encabeçado pelo Sindilat de PEP para o Leite. Além do leite em pó, abordou-se a necessidade de adoção da ferramenta para a comercialização de UHT. (Assessoria de Imprensa Sindilat)
Em um almoço no Palácio Piratini, o Governo do Rio Grande do Sul apresentou Observatório Gaúcho da Carne (OGC), projeto anunciado na Expointer de 2017 que possibilita a ampliação de informações da produção de carne bovina do Estado. Ao longo de seis meses, as informações disponíveis desde 2010 foram cruzadas e compiladas, gerando um volume de 800 mil dados, divididos em 11 painéis compostos por gráficos que estarão disponíveis para acesso público no website.
Até então secretário de Agricultura do Rio Grande do Sul, Ernani Polo, que se despediu da função para concorrer a deputado, frisou a importância da unificação dos dados e mencionou a possibilidade de ampliar o método utilizado para outras cadeias produtivas do Estado, como por exemplo, a cadeia produtiva do leite. O secretário executivo do Sindicato das Indústrias de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat), Darlan Palharini, esteve presente no evento e destacou a necessidade de observar o que o OGC representará na prática. "É um bom projeto. Agora, precisamos observar como irá refletir no mercado bovino, para depois expandir para os outros setores", afirmou.
Para o governador José Ivo Sartori é inegável que o setor da pecuária é o mais importante para a economia do Rio Grande do Sul. Justamente por isso, segundo ele, é indispensável investir em tecnologias que ampliem o acesso à informações relacionadas ao setor. O Observatório é a primeira etapa para a criação da Agência Gaúcha da Carne.
Na ocasião, Sartori anunciou que Odacir Klein irá substituir Polo na Secretária de Agricultura. (Assessoria de Imprensa Sindilat)
Foto: Camila Silva
Alimentação do gado
Especialista norte-americano explica como reduzir gastos com alimentação, que podem representar 70% do custo na produção de carne e leite, e fazer os animais absorverem mais nutrientes. A alimentação do gado pode representar até 70% do custo de produção na pecuária, afirma o diretor-técnico da Associação Nacional dos Criadores e Pesquisadores (ANCP), Argeu Silveira.
“É uma característica de alto impacto, e o criador pode aumentar em até 20% o número de matrizes com a mesma quantidade de pasto. É uma característica importantíssima do ponto de vista comercial, por isso tanta preocupação”, defende. Uma forma de reduzir esse gasto, de acordo com o professor da Universidade da Califórnia Bob Sainz, é avaliando a eficiência alimentar dos animais. “Nada mais é do que você extrair mais com menos. É o animal que consegue produzir a carne com menos insumos, menos alimentação, e isso é fundamental para qualquer sistema produtivo”, explica.
Para conseguir aumentar a eficiência de conversão de nutrientes, o primeiro passo é calcular a quantidade do que cada animal consome. O trabalho é complexo, mas já existem equipamentos automatizados que fazem o serviço. O produtor Luciano Borges investiu nisso e diz que o investimento vale a pena. “Para mim não existe nada hoje, característica nenhuma, com significado econômico maior do que o consumo alimentar. Será ou já é o grande pulo do gato dessas próximas décadas”, conta. Além das vantagens econômicas, a eficiência alimentar diminui o impacto ambiental. “O animal que come menos para produzir a mesma coisa ou mais também vai, automaticamente, ter menos dejetos e menos emissão de gases efeito estufa”, esclarece Sainz. De acordo com o presidente da ANCP, Raysildo Lôbo, mesmo diante de tantos benefícios, o Brasil ainda está engatinhando no processo de utilização da técnica. “Nós temos pouca coisa ainda em melhoramento com relação à eficiência alimentar, são poucos os programas que usam. Diria que não mais do que três programas estão usando a eficiência”, diz. CLIQUE AQUI para assistir ao vídeo. (Canal Rural)
Pesquisadores desenvolvem vacas holandesas mais tolerantes ao calor
Graças aos pesquisadores da Universidade da Flórida foi possível a criação um uma vaca Holandesa que resiste melhor ao estresse por calor. A genética pode ser uma nova ferramenta para diminuir a queda da produção de leite e reprodução no verão. O pesquisador Peter Hansen disse que dois touros que estão agora comercialmente disponíveis possuem um haplótipo para uma pelagem mais curta e lisa, conhecida como "slick" (liso, em uma tradução livre).
"Temos dados que sugerem que Holandesas de pelo liso são melhores para regular a temperatura corporal", disse Hansen. "Há também dados que mostram que a produção leiteira delas diminui menos durante o verão", completou.
De acordo com o pesquisador, mesmo quando resfriadas com ventiladores e aspersores, as vacas na Flórida geralmente apresentam queda de 10 a 15% na produção de leite e até 20 a 25% de fertilidade durante os períodos mais quentes do ano. "Achamos que usar a mutação slick permitirá que essas vacas melhorem a temperatura corporal e experimentem menos perdas na produção de leite e melhor fertilidade no verão", disse Hansen.
Um estudo de 2014 que mediu as temperaturas corporais das vacas leiteiras alojadas em um free stall da Flórida mostrou que o pico de temperatura corporal para Holandesas normais foi de 39,28ºC, enquanto as Holandesas slick chegaram a 38,67ºC. "A temperatura corporal normal é de 38,5oC, de modo que as slicks ficaram apenas um pouco acima disso durante o período mais quente do dia", observou ele, atribuindo o efeito de regulação à habilidade das vacas de perder mais calor por meio da pele e, talvez, por suar mais.
O estudo indicou ainda que as Holandesas com o haplótipo eram mais resistentes às quedas no rendimento do leite como resultado do menor estresse por calor.
A história do gado slick
O membro da faculdade da Universidade da Flórida, Tom Olson, foi o primeiro a se deparar com o gado slick há vários anos durante uma visita à ilha do Caribe de St. Croix. Lá, ele notou variações na pelagem de animais da raça Senepol, uma raça de corte. Ele mediu a temperatura corporal do gado com pelos normais em comparação com aqueles com pelos curtos e concluiu que as vacas de pelos curtos mantiveram uma temperatura corporal média mais baixa durante o verão e produziram mais leite do que os animais de pelo longo do mesmo rebanho.
Então, Olson introduziu o sêmen de Senepol às fêmeas Holandesas na Universidade da Flórida em 1990. Entretanto, os produtores de leite em Porto Rico estavam incorporando o gene slick em seus rebanhos há anos. Provavelmente, o gene entrou nas Holandesas em Porto Rico quando os animais importados eram cruzados com os nativos da ilha.
Pesquisas genômicas recentes de cientistas da Nova Zelândia e do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) identificaram o gene slick como uma mutação genética no receptor da prolactina. "É interessante porque esse é um dos hormônios envolvidos no desenvolvimento mamário", disse Hansen. "Parece que a prolactina também está envolvida no crescimento do pelo".
Genética slick: hoje e no futuro
Atualmente, existem dois touros na Universidade da Flórida oferecidos aos produtores de leite interessados em incorporar pelagem slick em seus programas de reprodução. Slick-Gator Blanco (551HO03574, ST Genetics) é heterozigoto, então metade de sua prole será lisa e a outra metade terá pelagem normal. A instituição também possui o Slick-Gator Lone Ranger (HOUSA000144046164) e seu sêmen é comercializado pela Legacy Genetics de Oklahoma. Como Blanco, Lone Ranger é heterozigoto para o gene slick. A universidade está trabalhando para desenvolver touros homozigotos que produzirão progênies 100% de pelos curtos.
Os animais com o haplótipo slick são fenotípicamente semelhantes aos Holandeses e atualmente estão sendo registrados na Holstein Association USA. O Lone Ranger, por exemplo, é considerado 87% Holandês registrado. "Os touros têm predominantemente genética de Holandês, mas a mutação vem do Senepol", disse Hansen. "Você não pode diferenciá-los de um puro-sangue Holandês a não ser por causa do pelo curto. Também, eles não possuem pelos encaracolados na testa".
Hansen prevê que o interesse internacional seja maior para o gado com o gene slick, particularmente em regiões que enfrentam um estresse térmico constante durante todo o ano, como a América Latina, o Sudeste Asiático e o Sudoeste da Ásia. Ele também vê potencial para os rebanhos nos Estados Unidos do Sudeste e Sudoeste e um dos principais intuitos é selecionar uma genética mais tolerante ao calor. (As informações são de Peggy Coffeen, para o Progressive Dairyman, traduzidas e adaptadas pela Equipe MilkPoint)
Preços/EU
De acordo com as últimas informações do Observatório Lácteo da União Europeia (UE), com dados da 10ª semana, podemos destacar:
- Em comparação com a semana anterior, o preço médio da manteiga na UE aumentou 1,3% (477 €/100 kg) e o preço do leite em pó desnatado (SMP) caiu 1,7%, enquanto os preços do leite em pó integral (WMP) e do Cheddar ficaram estáveis.
- O preço spot do leite na Itália aumentou 3,5% (29,5 centavos de €/kg, [R$ 1,23/litro]) em relação à semana anterior, enquanto que na Holanda, o preço do leite spot caiu 0,7%, (28,3 centavos de €/kg, [R$ 1,18/litro]).
- O custo da alimentação animal foi 2,2% maior e a energia caiu 0,8% em comparação com a média das quatro semanas anteriores.
- As exportações de manteiga pela UE em janeiro de 2018 cresceram 36% em relação ao nível de janeiro de 2017.
- A UE melhorou sua cota no mercado de manteiga nos Estados Unidos em janeiro de 2018.
- As importações de lácteos pela China mostraram recuperação considerável em janeiro de 2018. (Fonte: Agrodigital – Tradução livre: Terra Viva)