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09/03/2018

Porto Alegre, 09 de março de 2018                                              Ano 12 - N° 2.691

 

   Setor lácteo negocia aproximação com a Argentina  

Representantes do setor lácteo estiveram reunidos na tarde desta sexta-feira (09/3) com membros da embaixada da Argentina, em Brasília, para estreitar relação com o país, visando exportação de lácteos e importação de insumos mais baratos. Segundo o secretário-executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios do RS (Sindilat), Darlan Palharini, que esteve presente no encontro, o objetivo é trabalhar operacionalmente o Mercosul para que o Brasil, e especificamente os estados do Sul do Brasil, ganhe competitividade, promovendo melhorias no modo de produção e avanços para enxugar os custos na produção leiteira. 

"Queremos trabalhar juntamente aos países vizinhos para que, além de incentivar a competitividade, possamos ter melhores preços na exportação do leite em pó e na importação de insumos da Argentina", disse Palharini, ressaltando que a ideia é estreitar o diálogo com a embaixada do país e aproveitar a expertise Argentina, que tem um consumo per capito de lácteos superior ao Brasil. 

Ficou acordado que, até abril, as entidades voltarão a se reunir para alinhar ações práticas de integração Brasil-Argentina que terá a participação do embaixador da Argentina, o deputado federal Vilson Covatti Filho e de representantes de outras entidades nacionais e regionais. Recentemente, lembra Palharini, ação similar foi realizada com a embaixada do Uruguai. Segundo o representante da Argentina, Javier Dufourquet, agregado agrícola da Embaixada, seu país também tem muito a ganhar com essa integração. 

Também estiveram presentes na reunião o assistente técnico da embaixada, Cristian Santiago Rondán, e representantes da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e da assessoria do deputado Wilson Covatti Filho. (Assessoria de Imprensa Sindilat)

Foto: Ivan Bonetti/gabinete deputado Covatti Filho

 

De mãos atadas

Foi sem nenhuma enrolação que o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, respondeu sobre o que pode fazer para modificar as relações do Brasil no Mercosul, ação considerada fundamental para diluir a crise vivida pelos produtores de leite:
- Estamos de mãos atadas.

O argumento dos produtores e da indústria é de que as importações prejudicam a produção brasileira de leite - e também de arroz. Blairo e o secretário de Política Agrícola, Neri Geller, defendem a necessidade de alteração no acordo do bloco, mas explicam que é uma questão sobre a qual a pasta não tem ingerência - é papel das Relações Exteriores.

Na parceria comercial com a Argentina, por exemplo, o Brasil tem superávit de US$ 8 bilhões. No agronegócio, o retrato é outro: déficit de US$ 3 bilhões.
- O Mercosul é importante? É. Exportamos muito pelo bloco. Mas quem está pagando essa conta é o produtor - avalia Geller.

Ambos oferecem apoio para pressionar o Itamaraty. A sugestão é, ainda, para que os três Estados do Sul unam forças nessa briga.
- Daqui a pouco, pressionando, eles virão com outra solução, que pode gerar uma reação, para achar um caminho - avalia Ernani Polo, secretário da Agricultura do Estado.

Blairo ouviu muitos pedidos de representantes dos setores de leite, arroz, trigo e suínos. Presente no encontro, Tarcísio Hübner, vice-presidente de agronegócios do Banco do Brasil, deu pelo menos uma boa notícia: produtores de leite poderão renegociar financiamentos de custeio - pagar 20% e prorrogar o restante em três parcelas anuais - e de investimento - adiado por um ano.

Em um ambiente como a Expodireto-Cotrijal, os resultados de uma gestão eficiente saltam aos olhos. Essa ação difundida no ambiente de grandes empresas se tornou uma realidade - e uma necessidade - também dentro do ambiente cooperativo. O tema pautou o Campo em Debate, evento realizado por Zero Hora na Casa da RBS.

Representando um bom exemplo, o superintendente administrativo-financeiro da Cotrijal, Marcelo Schwalbert, explicou como a cooperativa de Não-Me-Toque, que em 2017 faturou R$ 1,7 bilhão, é administrada:
- Trabalhamos com governança. Em resumo, há organização e atuação do quadro social.

Com uma escola superior e cursos de MBA voltados à preparação de profissionais, o presidente do Sistema Ocergs/Sescoop, Vergilio Perius, falou sobre as premissas da boa gestão:
- Precisa ser democrática e igualitária, com a presença de jovens e mulheres.

Paulo Pires, presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias (Fecoagro), disse que há três anos a entidade desenvolve um programa de autogestão para monitorar desempenho:
- Além de acender a luz amarela para problemas e comparar a situação das cooperativas, fornece itens para definir os próximos investimentos. (Gisele Loeblein/Zero Hora)

Preço/França 

O presidente francês, Emmanuel Macron, tem repetido em diversas ocasiões, que o preço pago ao produtor deve ser baseado no custo de produção. Por esse motivo, as organizações francesas que representam o setor lácteo APLI, OPL e France Milk Board (FMB) do Grande Oeste e da Baixa Normandia, junto com a organização comunitária European Milk Board (BEM), encomendaram ao escritório alemão de estudos agrícolas e econômicos (BAL), um levantamento sobre o custo de produção de leite na França. Os resultados mostraram que, em média o custo de produzir um quilo de leite é de 45,14 centavos, [R$ 1,86/litro]. Os números foram os seguintes:

- Custo de produção depois de deduzir a venda de bezerros            35,04 centavos/kg
- Estimativa do custo do trabalho do agricultor                                14,21 centavos/kg
- Custo total da produção de leite                                                     49,25 centavos/kg
- Dedução das ajudas                                                                         -4,11 centavos/kg
- Custo final da produção de leite                                                     45,14 centavos/kg

O preço médio de 33,91 centavos/lg que o pecuarista francês vem recebendo nos últimos cinco anos implica que 25% dos custos não foram cobertos com o preço recebido. Inclusive em 2017, quando houve uma certa recuperação no preço do leite, os produtores de leite estavam com 10,72 centavos/kg de seus gastos a descoberto. Em 2016 a defasagem era de 14,31 centavos/kg. A OPL pede uma regulamentação que permita ao produtor receber valores sustentáveis. (Agrodigital– Tradução livre: Terra Viva)

Fonterra se une com Beca em tecnologia para treinamento por realidade virtual

A cooperativa de produtos lácteos da Nova Zelândia, Fonterra, e a empresa de soluções, Beca, se associaram para desenvolver uma tecnologia de treinamento de segurança e sanidade em realidade virtual. A Fonterra disse que o sistema permite que os funcionários naveguem nos sites de fabricação e distribuição da cooperativa sem colocar o pé no local e ajudará a reduzir os tempos de embarque. Um porta-voz da Fonterra comentou que a cooperativa contratou a Beca para desenvolver a ferramenta, por isso a Fonterra possui os direitos sobre a aplicação, que foi especificamente adaptada às suas plantas.
 

Oportunidades significativas

A cooperativa disse que a tecnologia faz parte de um compromisso de toda a empresa para se tornar líder mundial na mitigação de riscos. O diretor de saúde, segurança, resiliência e risco de Fonterra, Greg Lazzaro, disse que a realidade virtual tem potencial para ser um divisor de águas na cooperativa e que as oportunidades para a realidade virtual são significativas. "Podemos replicar o ambiente físico de nossas plantas, para que o pessoal possa realizar treinamentos virtuais de segurança e saúde de forma extremamente imersiva e realista", disse Lazzaro. "Isso significa que nosso pessoal pode aprender e identificar potenciais perigos mais rapidamente do que nunca, incentivando os funcionários a se envolverem mais e melhorar a segurança no local de trabalho”.  

A nova tecnologia de realidade virtual substituirá uma parcela significativa do treinamento prático sobre saúde e segurança na Fonterra, que muitas vezes é mais caro e menos eficaz. O treinamento pode ser adaptado a cada um dos locais da empresa e testado por meio da conclusão dos módulos. Atualmente, todo o treinamento é realizado no local, disse o porta-voz. "Nós vemos o treinamento de realidade virtual em saúde e segurança como sendo mais eficiente. Atualmente, o trainee deve ser acompanhado por outra pessoa, isto é, um gerente, que facilita o treinamento. Este treino pode levar algumas semanas. Com a realidade virtual, o trainee pode fazer isso aprendendo de forma independente. Esta ferramenta também nos permite capturar dados sobre a conclusão do treinamento para que possamos saber quando as pessoas precisam de uma atualização, por exemplo. Também estamos apresentando aos funcionários uma nova tecnologia que pode ter aplicações adicionais no futuro”.

Adicionando valor ao negócio
Andrew Cowie, gerente de projetos da Beca, disse que a tecnologia é o futuro do treinamento em saúde e segurança e pode ser facilmente replicada em outros locais de trabalho e áreas de treinamento. "O Walmart está realizando treinamentos hoje usando a realidade virtual. Os jogadores de futebol americano estão usando isso e os militares também. Nossos clientes estão cada vez mais interessados na aplicação de tecnologias de realidade virtual e no valor que pode adicionar aos seus negócios", disse Cowie.

"Neste caso, o uso da realidade virtual para treinar é ideal, pois é efetivo enquanto é eficiente em termos de custo e tempo. A captura de realidade para esses tours de treinamento é feita facilmente com uma câmera de mão e a simulação de realidade virtual funciona por meio de um smartphone usando um fone de ouvido simples”. A Fonterra disse que, embora não haja mais aplicações em desenvolvimento no momento, reconhece que a realidade virtual é uma tecnologia valiosa que provavelmente será cada vez mais utilizada. (As informações são do Dairy Reporter, traduzidas pela Equipe MilkPoint)

  DIGO AOS PRODUTORES QUE FICO
Na passagem pela Expodireto-Cotrijal, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, reafirmou que não será candidato às eleições deste ano. O empresário e produtor rural, que ocupa uma cadeira no Senado, já havia tomado a decisão quando recebeu convite do presidente Michel Temer para ficar à frente da pasta. E há ainda outro fator que pesou na hora da avaliação: “Teríamos um novo ministro de abril até 31 de dezembro, e outro em janeiro de 2019. Seria uma descontinuidade de tudo o que foi feito. Sou do setor, sei o quanto isso atrapalharia as coisas que estamos tentando fazer em termos de sanidade e de fiscalização.” (Zero Hora)

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