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29/06/2017

 

Porto Alegre, 29 de junho de 2017                                              Ano 11- N° 2.530

 

  Nestlé fomenta produção de leite orgânico no país

Líder na captação de leite no Brasil, a suíça Nestlé iniciou um movimento no setor que, embora modesto à primeira vista, tem potencial para gerar mudanças significativas no mercado de lácteos nos próximos anos se for bem-sucedido. Atenta ao crescimento da demanda por alimentos naturais nos últimos anos, a empresa decidiu fomentar a produção de leite orgânico e está começando a experiência na região de Araraquara (SP), onde tem fábrica e produz leite longa vida com as marcas Molico, Ninho, além de leite condensado. O projeto-piloto começou há um ano, quando a área de captação de leite da empresa na região iniciou a busca por interessados em produzir a matéria-prima de forma orgânica, isto é, de maneira sustentável, sem a utilização de adubos químicos ou agrotóxicos na produção do alimento do gado leiteiro e com uso de medicamentos homeopáticos ou fitoterápicos no cuidado dos animais.

A Fundação Mokiti Okada, que pesquisa agricultura natural, e a Embrapa Pecuária Sudeste também participam do projeto. Segundo Taissara Martins, agrônoma responsável pelo desenvolvimento de fornecedores da Nestlé, houve interesse por parte de 50 produtores de leite na região, mas apenas 11 foram contratados na atual fase do projeto. A razão para esse número restrito é que parte deles não tinha como readequar a propriedade à produção orgânica, caso de um pecuarista cuja fazenda tem, com frequência, sobrevoo de aviões para fumigação de lavouras de cana vizinhas. Atualmente, esses 11 produtores -- um já tem o selo de produção orgânica e os demais estão em conversão - fornecem 6 mil litros de leite por dia à fabrica da Nestlé em Araraquara, e segundo a agrônoma há outros 20 a 30 produtores em prospecção. "O plano é, com esses novos produtores, alcançar 20 mil a 30 mil litros por dia, no primeiro semestre de 2019", afirma ela. Se essa meta da Nestlé for alcançada, a produção brasileira de leite orgânico, hoje estimada em apenas 20 mil a 30 mil litros por dia em todo o país, irá praticamente dobrar, observa Taissara Martins. Essa produção diária nacional atualmente equivale a 5 milhões de litros por ano, o mesmo volume de leite que a Nestlé recebe a cada dia para processamento em suas 10 fábricas do Brasil. 

Por ora, o projeto de orgânicos da Nestlé está restrito à região de Araraquara, mas o plano é expandir para outras áreas do país, afirma Rachel Müller Galvão, gerente executiva de marketing lácteos da empresa. Até porque é necessário ter escala. Segundo ela, o "propósito da Nestlé de impactar positivamente a vida das pessoas" é um dos motores do projeto, além da busca do consumidor por produtos considerados mais saudáveis. O plano da companhia, diz, é lançar leite UHT orgânico, mas a marca ainda não está definida. A Nestlé já atua no segmento de orgânicos em outros países. Na Europa, onde a agricultura orgânica é bastante desenvolvida, produz iogurtes, café, chá e papinhas. Nos Estados Unidos e México, tem linha de iogurtes e produtos culinários, por exemplo. No Brasil, a oferta de leite orgânico é restrita. Uma das marcas mais conhecidas é o leite Timbaúba, produzido pela Fazenda Timbaúba, de Alagoas. 

De acordo com estimativas de mercado citadas pela Nestlé, há hoje no Brasil apenas 50 fazendas produzindo leite orgânico, daí a oferta bastante modesta. Um dos grandes desafios, diz Taissara Martins, é a necessidade de desenvolver as cadeias de produção orgânica dos grãos, como milho e soja, utilizados na alimentação do rebanho. "Estima-se que menos de 1% da produção do milho do Brasil seja orgânica", afirma. O tempo necessário para a conversão à produção orgânica de leite é outro desafio: de 21 a 24 meses entre a conversão do pasto e dos animais e a adequação de estrutura para a produção. Conforme explica a agrônoma, a conversão do pasto leva 12 meses e a dos animais, seis meses. A certificação de orgânica - neste caso, conferida pelo IBD - só é obtida após 18 meses e auditorias que verificam se as exigências estão sendo seguidas. Diante das dificuldades, o projeto de fomento da Nestlé busca dar estímulos para que o pecuarista aposte na produção orgânica, pois há custos na adequação. A empresa, que fez contratos de 36 meses com os produtores, ainda está recebendo leite convencional da maior parte dos fornecedores que aderiram, uma vez que eles ainda estão em processo de conversão. No entanto, paga pelo litro do produto como se fosse leite orgânico. "É uma forma de encorajar o produtor, já que ele ficará durante 18 meses com custos maiores, fazendo as adequações", observa Taissara. 

Afora isso, a empresa auxilia na compra da ração orgânica para o consumo das vacas. De acordo com a agrônoma, a Nestlé contata os fornecedores dos grãos orgânicos e lhes garante que o produto será adquirido pelos pecuaristas. Com isso, consegue preços mais competitivos. Os produtores também obtêm mais prazo para pagar. A Nestlé também subsidia a assistência técnica aos produtores, que é feita pela Fundação Mokiti Okada, de Ipeúna (SP). Além disso, a equipe de profissionais (zootecnistas, agrônomos e técnicos agrícolas) da Nestlé na região recebe capacitação técnica da Embrapa para que promovam a adoção de tecnologias sustentáveis e boas práticas na fazenda entre os produtores. (Valor Econômico)

 

 Rótulos/EUA 

A etiqueta com base na proposta Country Of Origin Labeling (COOL), [Rotulagem do País de Origem], está de volta ao noticiário. A controversa rotulagem havia caído por decisão da Organização Mundial do Comércio (OMC), mas ressurgiu através de um processo do Departamento de Agricultura (USDA). Os apoiadores da COOL dizem que o USDA não deveria ter suspendido o programa e nem impedido o Congresso de fazê-lo. Espera-se que o COOL seja incluído nas renegociações do NAFTA e proposto para votação no Congresso. Os apoiadores da lei acreditam que agora têm um advogado de defesa na Casa Branca com o presidente Trump adotando sua agenda pró-América. Será que esta estratégia conseguirá trazer a COOL de volta? Ainda existem grandes obstáculos a serem superados. Encontrar uma forma de obter aprovação da OMC é crítico. Se você acredita que devemos ser parte da OMC ou não, devemos respeitar as regras, enquanto formos membros. 

Os críticos muitas vezes ignoram os casos em que a OMC decide a favor dos norte-americanos. Além disso, quem realmente conhece a intenção do Congresso? Não tenho certeza e talvez nem eles saibam. Além disso existem os consumidores. É até compreensível a paixão dos apoiadores pelo COOL, mas não acho que a paixão seja compartilhada pela maioria dos consumidores que tendem a considerar o preço na hora da compra, mais do que o rótulo de origem. Se as empresas estivessem certas de que obteriam algum benefício econômico com a rotulagem, esta forma de rotulagem seria adotada voluntariamente. Embora seja um conceito atraente, isso não é o suficiente para justificar a adoção do COOL. (Dairy Herd - Tradução livre: Terra Viva)

Aftosa - RS prepara informações

O diretor do Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura, Guilherme Marques, e o coordenador do plano estratégico do Programa de Febre Aftosa, Plínio Lopes, estarão em Porto Alegre para receber informações sobre como o Rio Grande do Sul tem se organizado para atender os requisitos do plano estratégico que visa manter as condições de erradicação da doença, com a retirada da vacinação, no dia 4 de julho. Ontem, o serviço veterinário oficial do Estado e entidades fizeram uma reunião preparatória. (Correio do Povo)

Fiscalização - Ministério quer temporários 

O Ministério da Agricultura pediu autorização ao Ministério do Planejamento para a contratação temporária de veterinários até a realização de concurso público. Entre os argumentos está o de que a falta de pessoal impede a abertura de plantas frigoríficas e represa o aumento da produção nacional. A delegada do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários no Estado, Consuelo Paixão Cortes, criticou a iniciativa, que pode levar a nomeações políticas, e defendeu e a contratação por concurso público. (Correio do Povo)

 

 

Projeto prevê privatização
O Executivo protocolou ontem, na Assembleia Legislativa, o projeto de lei 125/2017, que autoriza as empresas a contratarem veterinários privados para o trabalho de inspeção sanitária de produtos de origem animal. O projeto vinha sendo discutido desde 2016 pela Secretaria de Agricultura e foi alvo de críticas dos fiscais agropecuários da casa. O governo defende que a contratação privada irá agilizar o serviço e atender a uma demanda para a qual não há pessoal disponível. (Correio do Povo)

 
 
 

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