Porto Alegre, 07 de junho de 2017 Ano 11- N° 2.515
CRÉDITO: Edson Castro/PrimeCom
"A assistência técnica é essencial para melhorar a produção de leite por animal e por propriedade. Só com uma boa comunicação iremos aprimorar a qualidade do produto e aumentar a produção", ressalta Guerra. Uma das tônicas do debate foi a relação de proximidade e de confiança entre técnicos e produtores. Durante o debate, foi reforçada a necessidade da indústria e dos produtores trabalharem em conjunto. Também fizeram parte da mesa de discussão a editora assistente da Revista Leite Integral Maria Thereza Rezende e o agrônomo da Emater, Vilmar Fruscalso.
Durante o debate, foi abordada a necessidade de treinar profissionais para auxiliar os produtores na gestão das propriedades, além de questões de sanidade. Os debatedores também relataram a necessidade dos técnicos em se manterem em constante atualização, principalmente com as novas tecnologias que são lançadas no mercado.
O 14º Simpósio do Leite é uma realização da Associação dos Médicos Veterinários do Alto Uruguai (AMEVAU) que tem patrocínio do Sindilat. O evento ocorre nesta quarta e quinta-feira (7 e 8/6), no Parque da Associação Comercial, Cultural e Industrial de Erechim (Accie). O evento é realizado desde 2004 e tem como objetivo oportunizar conhecimento a produtores, técnicos, estudantes e profissionais de setores e entidades ligadas à produção e ao mercado do leite. (Assessoria de Imprensa Sindilat)
EUA: rBST e o fim de uma era
Até o final deste ano, muito poucos processadores de lácteos aceitarão leite produzido com rBST. Ainda haverá alguns recebendo aqui e ali no Centro-Oeste e possivelmente em Idaho, mas, na maioria das situações, o rBST desaparecerá na história - fato direcionado por ignorância, desinformação e medo.
rBST - produção de leite
Parte da culpa é da própria indústria de lácteos. Os defensores tentaram explicar, mas nunca puderam convencer sobre os benefícios da tecnologia e como essa poderia fornecer mais produtos lácteos a um custo menor, sem comprometer a segurança alimentar ou a saúde das vacas. Os oponentes, tanto dentro como fora da indústria, tocaram nos medos dos consumidores e, pior ainda, em como poderia afetar o crescimento e o desenvolvimento das crianças. O exemplo mais recente veio no mês passado, quando a Arla Foods USA lançou um anúncio de 30 segundos voltado para crianças da escola primária.
Antes de seu lançamento em 1994, os oponentes do rBST dentro do setor temiam um excesso de leite e uma queda nos preços do leite como resultado. Isso nunca aconteceu, com as taxas de adoção provavelmente nunca chegando a um quarto de fazendas. Dados do economista de lácteos da Universidade de Wisconsin, Brian Gould, mostram um crescimento bastante estável, de 2,2%, na taxa de crescimento anual composta desde o final da Segunda Guerra Mundial. Os dados não permitem perceber o momento da introdução do rBST, não tendo havido mudança perceptível a partir de sua introdução em 1994. E o declínio no número de vacas, na verdade, diminuiu em meados dos anos 90, quando o uso de rBST estava provavelmente em sua taxa mais elevada.
Mas a oposição ao rBST, com base nesse medo, ajudou a criar o ambiente de paranoia do consumidor sobre tecnologia de alimentos em que nos encontramos agora. É um lugar feio entre 'uma pedra e um lugar difícil de estar'.
Por si só, a perda do rBST não é tão grande coisa. Os produtores de leite no Nordeste que perderam a tecnologia aprenderam pela primeira vez a viver sem ela, e dentro de um ano ou dois, estão produzindo tanto leite por vaca quanto antes. Mas eles tiveram que intensificar seu manejo reprodutivo, talvez se tornando ainda mais dependentes de tratamentos reprodutivos para que as vacas voltassem a dar cria. Esses tratamentos agora podem ser submetidos a um maior escrutínio do consumidor, novamente impulsionado pela desinformação dos ativistas?
A preocupação ainda maior é a crescente angústia sobre culturas geneticamente modificadas. Tire essas ferramentas e a produtividade diminuirá, o uso de pesticidas aumentará e a incrível história de ganhos de sustentabilidade da indústria de lácteos desde a Segunda Guerra Mundial desaparecerá.
A agricultura tem que encontrar uma maneira melhor de contar sua história. Talvez a nova campanha publicitária da indústria de lácteos, que espera reconstruir a confiança nos produtores de leite ("Undeniably Dairy"), seja um lugar para começar. Esperemos que sim. (Dairy Herd Management, traduzida e adaptada pela Equipe MilkPoint)
Leite é fonte barata de nutrientes
Leite - Como atender às exigências nutricionais humanas pelo menor preço? Para responder a essa pergunta, pesquisa coordenada pela Embrapa investigou alimentos e bebidas consumidos pelos brasileiros e calculou quanto custa atender 30% das necessidades diárias de oito nutrientes: proteína, cálcio, ferro, fibras e vitaminas A, C, D e E. O estudo aponta o leite como uma das fontes mais baratas de nutrientes que existem. O leite integral, por exemplo, pode suprir 30% das necessidades de cálcio de um adulto saudável ao custo de apenas 97 centavos. A pesquisadora da Embrapa Gado de Leite Kennya Siqueira, que conduziu os trabalhos, diz que o consumidor teria que pagar mais de R$ 1.000,00 se desejasse obter a mesma quantidade de cálcio por meio de café expresso, caju ou chiclete. O leite é reconhecido como uma ótima fonte de cálcio, e a pesquisa apontou que a maioria dos produtos lácteos supre as necessidades de um indivíduo a um custo inferior a R$ 5,00.
Produtos derivados do leite também ocuparam as primeiras posições no ranking de custo da vitamina D e obtiveram boa colocação no ranking de proteína e vitamina A. Quanto à proteína, o leite integral perdeu apenas para carnes, amendoim moído e ovo de galinha. Já em relação à vitamina A, o lácteo mais bem colocado foi o creme de leite, seguido pelo leite em pó desnatado, leite semidesnatado, manteiga e requeijão. O custo para se adquirir 30% das necessidades diárias de vitamina A por meio desses derivados lácteos é de menos de R$ 2,00. Com o mesmo valor, pode-se adquirir 30% de vitamina D, consumindo leite pasteurizado, integral, semidesnatado e desnatado; ou leite em pó (desnatado e integral). Dos oito nutrientes analisados, os lácteos apresentaram custo competitivo para quatro deles: proteína, cálcio e vitaminas A e D. "Além de reforçar a importância do leite e seus derivados na alimentação humana, o estudo mostra que consumir produtos lácteos faz bem não apenas para a saúde, mas também para o bolso do consumidor", conclui Kennya. Projeto Nutrileite A pesquisa foi desenvolvida pela Embrapa Gado de Leite (MG), em parceria com a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig). Denominado "Projeto Nutrileite", o estudo utilizou como base de dados a tabela nutricional e os produtos presentes na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ao todo foram investigados 443 alimentos e bebidas, dos quais 43 eram produtos lácteos. Para minimizar os efeitos da sazonalidade e da inflação, a coleta de preços foi efetuada em abril e outubro de 2016. Foram coletados os menores preços de todos os produtos, sem considerar preços promocionais, em 16 supermercados virtuais de dez estados da federação.
O cálculo do custo por nutriente seguiu a metodologia proposta pelos pesquisadores sul-africanos Friede Wenhold e Christine Leighton:
Pnp =(Nn.Pp)/Qn
Na fórmula, Pnp é igual ao custo do nutriente n no alimento p; Nn é igual a 30% da recomendação nutricional diária do nutriente n; Pp significa o preço de 100 gramas do alimento p e Qn é a quantidade de nutrientes n presente em 100 gramas do alimento.
Os nutrientes selecionados foram baseados na definição de alimento saudável da agência americana Food and Drug Administration e nas deficiências nutricionais da população brasileira, segundo o IBGE. Foi considerado o atendimento de 30% das recomendações nutricionais diárias de um adulto saudável. Com base no resultado obtido, os produtos foram ranqueados do menor para o maior preço.
Leite e saúde
Nos últimos anos, surgiram movimentos contrários ao leite na alimentação, alguns deles ligados ao ativismo vegano, que recomenda a exclusão de qualquer alimento de origem animal da dieta. O principal argumento é de que o ser humano é o único mamífero que continua a beber leite após o período da amamentação. A professora da UFJF Mirella Binoti, que participou do Projeto Nutrileite, argumenta que não há qualquer problema no consumo de leite na fase adulta, a menos que a pessoa apresente intolerância à lactose ou alergia a alguma de suas proteínas. Do contrário, o leite só traz benefícios à saúde. Mesmo em relação à intolerância à lactose, existem alternativas para continuar se beneficiando dos nutrientes do leite. É possível optar por produtos de baixa lactose, como iogurtes e alguns queijos. Há também uma grande variedade de produtos lácteos com "zero lactose". A alergia à proteína do leite já é um problema um pouco mais complexo. Enquanto a intolerância à lactose costuma se manifestar na fase adulta, a alergia é uma reação imune do organismo, que geralmente ocorre nos primeiros meses de vida. Trata-se de um distúrbio potencialmente grave, de diagnóstico mais difícil se comparado à intolerância à lactose. Nesse caso, deve-se excluir qualquer produto que contenha a proteína do leite da dieta. Ativismos à parte, por mais de cinquenta anos o leite esteve associado ao aumento de doenças cardiovasculares. Ainda hoje, órgãos de saúde pública de todo o mundo recomendavam que a ingestão de gordura de origem animal, as chamadas gorduras saturadas, seja evitada. O argumento é que as gorduras saturadas aumentavam o colesterol ruim (LDL), associado ao derrame e ao infarto. Mas, nas duas últimas décadas, isso tem sido fortemente questionado por alguns cientistas.
Segundo o pesquisador da Embrapa Gado de Leite Marco Gama, que também atuou no Projeto Nutrileite, estudos científicos têm mostrado que, embora a gordura saturada promova aumento do colesterol, não há evidências de que a ingestão da gordura do leite aumente o risco de doenças cardiovasculares. "Nem toda a gordura saturada é igual", afirma Gama. "Existem gorduras que elevam o LDL, mas outras promovem um aumento do HDL, que é um tipo de colesterol benéfico à saúde", explica. Além disso, sabe-se atualmente que o colesterol LDL se divide em dois tipos de partículas: grandes e pequenas. As partículas grandes, que não estão associadas a riscos cardiovasculares, são as aumentadas pelas gorduras saturadas. O leite de ruminantes (vacas, búfalas, cabras etc.) possui ainda alguns componentes que não são encontrados em quantidades significantes em outras fontes de gordura. É o caso do Ácido Linoleico Conjugado (CLA). Pesquisas com animais e culturas de células demonstraram que o CLA protege o organismo contra alguns tipos de câncer, além de ter ação anti-inflamatória. Para fechar o quadro de benefícios do leite, há evidências científicas de que a gordura do leite reduz o risco de obesidade, do diabetes do tipo 2 e da síndrome metabólica (HDL baixo; triglicérides altos; glicemia alta em jejum; sobrepeso e pressão arterial alta). Mesmo diante de tantos benefícios, Mirella alerta que nenhum alimento, sozinho, é capaz de suprir todas as exigências do organismo. Uma dieta variada, com boas fontes de gorduras e proteína, frutas, verduras e legumes é insubstituível.
Dia do Leite
A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) escolheu o primeiro de junho para se comemorar o Dia Mundial do Leite. Diversos países da União Europeia já celebravam a data com eventos nacionais. O objetivo do "Dia Mundial" é incentivar o consumo de lácteos pela população.
Os cinco primeiros colocados
Confira quanto custa obter quatro nutrientes essenciais para a saúde*
Cálcio
Ovomaltine (derivado lácteo) - R$ 0,87
Leite integral - R$ 0,97
Leite pasteurizado - R$ 1,00
Leite semidesnatado - R$ 1,04
Leite em pó integral - R$ 1,09
Vitamina D
Leite semidesnatado - R$ 1,19
Leite integral - R$ 1,38
Leite pasteurizado - R$ 1,41
Leite em pó integral - R$ 1,54
Leite em pó desnatado - R$ 1,55
Proteína
Frango inteiro - R$ 0,59
Frango em pedaços - R$ 0,68
Peito de galinha - R$ 0,72
Steak de frango - R$ 0,78
Filé de frango - R$ 0,82
Com relação à proteína, o leite integral foi o produto lácteo melhor ranqueado, ao custo de R$ 1,59. (Embrapa)
O Sindilat vai desenvolver um projeto-piloto em parceria com a Escola Técnica Celeste Gobbato, de Palmeira das Missões, para iniciar a produção de leite A2A2, para pessoas que têm alergia à proteína do leite. Convênios com universidades também serão avaliados. (Correio do Povo)