Porto Alegre, 30 de março de 2017. Ano 11- N° 2.471
Uma jovem agricultora do Paraná mudou o perfil da fazenda da família. Ela era dona de casa, mas decidiu enfrentar o marido para manter a criação de gado de leite, que ele queria abandonar.
Da genética dos animais à qualidade do leite, tudo é de primeira. Uma propriedade modelo, que investe em tecnologia de ponta para produzir 2.200 litros de leite por dia, em duas ordenhas.
Há pouco mais de cinco anos, os donos da propriedade pensavam em desistir do negócio, queriam fechar a leiteria. Anselmo e Marlene Kaiut tocam o sítio que pertence à família há mais de 60 anos. São 46 hectares no município de Carambeí. "A gente estava passando por um momento de dificuldade financeira e, na época, o preço do leite estava baixo", conta Anselmo.
Foi quando Marlene, que na época tinha 24 anos e cuidava da casa, decidiu mudar o rumo dessa história. "Eu não tinha envolvimento com as vacas, mas eu gostava. Então eu sabia que se conseguisse uma boa administração, uma administração melhor e com pouco mais de dedicação, a gente conseguia mudar, reverter um pouco quadro que a gente estava".
Marlene assumiu o negócio, mas no primeiro dia descobriu que não seria fácil. "Eu já não sabia fazer o trabalho e quando cheguei aqui e falei para o funcionário que era eu que ia tomar conta agora da leiteria, a primeira coisa que ele me disse já é que ele não aceitava receber ordem de mulheres. Então esse funcionário já foi demitido, foi para casa. Quando foi umas 10h da manhã, chegou novo funcionário me pedindo trabalho e esse funcionário não teve problema nenhum em me ensinar e ser mandado por uma mulher. Não teve dificuldade nenhuma".
Marlene, que é formada em administração de empresas, montou um plano de trabalho, foi atrás de assistência técnica e de financiamento para melhorar a qualidade do rebanho e modernizar as instalações.
A primeira ação foi reformar o galpão e o passo seguinte foi melhorar a alimentação do rebanho. Para isso, Marlene contou com a ajuda do Fernando Solano, nutricionista da Fírizia, cooperativa onde entrega o leite. "Essas vacas aqui hoje estão comendo na faixa de sete quilos de ração, um quilo de concentrado proteico, que seria concentrado a base de farelo de soja, e mais dois quilos de fubá, além da silagem", explica Solano. Outra mudança importante: as vacas passaram a comer três vezes por dia.
Só comida boa não garante alta produção. É preciso, também, ter vacas de qualidade, que respondam bem ao trato. Quando Marlene assumiu o negócio, o rebanho do sítio tinha 60 animais. Hoje, de mamando a caducando, são 200. Mais de 100 em lactação, quase tudo da raça Jersey.
Para não perder tempo, depois da cobertura, as vacas fazem exame de ultrassom periodicamente. Assim dá para confirmar a prenhes e conferir o desenvolvimento do feto. O resultado é visto na hora da ordenha, que começa cedo.
A produção das vacas é pesada individualmente, uma por uma. A higiene é impecável. Desinfecção de úberes, teste para mastite e equipamento lavado depois de cada animal ordenhado.
Além de economizar tempo, como tem um índice muito baixo de contaminação, Marlene recebe mais pelo leite que entrega na cooperativa. Um bônus, que leva em conta também o teor de gordura, que é naturalmente maior nas vacas da raça Jersey. São 20 centavos a mais por litro.
O marido, Anselmo, faz hoje o que realmente gosta. Técnico em agropecuária, toca a parte agrícola da propriedade. Inclusive, produz toda a silagem que as vacas consomem.
Anselmo também participa de todas as decisões e ajuda na administração da propriedade, que também passou por uma grande mudança. Hoje, os gastos, rendimentos, compras tudo vai para o computador.
Hoje, Marlene é quase uma celebridade no universo das mulheres do agronegócio. Já ganhou vários prêmios e dá palestras para criadores e empreendedores pelo Brasil afora. Por isso, muitos estudantes vão até lá em busca de estágio.
A produtora tem dois funcionários que vivem no sítio e não se incomodam nem um pouco em ter uma mulher no comando. Com coragem, ousadia e muito trabalho, Marlene ultrapassa obstáculos, vence desafios e ainda educa duas filhas, Yohana, de 12 anos, e Eibelim, de um ano, mas ela ainda tem muitos outros projetos para concretizar. "Quero fazer um confinamento um composto. Vamos ver futuramente o que vai ser melhor. Vamos chegar a 140 animais em lactação, que já é o nosso projeto, porque o nosso barracão já está pronto para o futuro, para 140 animais em lactação". (Fonte: G1)
O setor leiteiro de Minas Gerais há anos vem enfrentando oscilações de preços provocadas pelas importações de leite em pó, principalmente, proveniente do Uruguai. Buscar apoio junto aos governos para suspender as negociações será uma das frentes de trabalho da Federação das Cooperativas Agropecuárias de Leite em Minas Gerais (Fecoagro Leite Minas), instituição criada no final de 2016, e que hoje reúne em torno de 22 cooperativas leiteiras do Estado. De acordo com o presidente da Fecoagro Leite Minas, Vasco Praça Filho, a união das cooperativas em uma federação é importante para que o setor se organize e ganhe força frente as negociações junto ao governo. A expectativa é que o número de cooperativas integrantes passe das atuais 22 para 50 nos próximos meses, o que fortalecerá ainda mais o setor mineiro. As cooperativas associadas são de portes variados, do pequeno ao grande. Entre elas estão a Cooperativa Central Mineira de Laticínios (Cemil), Itambé e a Cooperativa Agropecuária de Uberlândia (Calu), por exemplo. "O sofrimento une as pessoas. Ao fundar a federação pretendemos nos unir para buscar benefícios e resolver problemas comuns entre as cooperativas. Acreditamos que ao reunir as cooperativas vamos ganhar forças para que o setor leiteiro avance", explicou. Um dos principais gargalos enfrentados pela cadeia produtiva do leite é a importação de leite em pó do Uruguai, que chega ao mercado brasileiro com preços menores que os praticados pela produção local.
A perda da competitividade do leite nacional é provocada pela alta carga tributária, custos elevados, problemas estes que não são enfrentados pelos concorrentes. Praça Filho destaca que a produção e a negociação do leite uruguaio estão sendo avaliadas para verificar se o Uruguai está praticando a triangulação, ou seja, comprando a produção de outro país e exportando para o Brasil. "O produtor de leite já sofre com as variações sazonais muito grandes de preços e de custos, que são difíceis de administrar, mas são normais da atividade. O que não é natural é o País ser autossuficiente na produção de leite de excelente qualidade e importar o produto gerando grande desequilíbrio no setor. Enfrentamos uma concorrência desleal, já que as cooperativas nacionais pagam milhões de reais de tributos municipais, estaduais e federais e o leite importado, principalmente do Uruguai, chega ao mercado sem tributação. É um problema antigo que estamos lutando para resolver e acreditamos que unidos teremos mais força", disse Praça Filho. Ainda segundo Praça Filho, a Fecoagro Leite Minas também buscará junto ao governo soluções para a guerra fiscal entre os estados e a carga tributária incidente sobre a cadeia produtiva, que é considerada elevada e acaba comprometendo a competitividade dos produtos.
Outro objetivo é fomentar a capacitação do setor e o planejamento estratégico, ações que podem melhorar a gestão das cooperativas. "Vamos fazer visitas técnicas em outros estados, onde há um desenvolvimento forte no cooperativismo, como no Sul do Brasil, para conhecermos o sistema, os resultados positivos e aprender". Para o presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais (Ocemg), Ronaldo Scucato, a criação de federações que reúnam cooperativas é fundamental para o fortalecimento do agronegócio de Minas Gerais, ideia que sempre foi defendida por Scucato. "Há décadas venho pregando a necessidade do setor agropecuário, nas suas diversas atuações, se verticalizar, porque as cooperativas vêm trabalhando individualmente as demandas e reivindicações que são comuns a quase todas e, por isso, é preciso unir. Até que enfim se conscientizaram com a crise atual e viram que é preciso se unir. A federação tem como principal objetivo o fortalecimento das cooperativas frente ao mercado que, a cada dia, está mais competitivo. (Diário do Comércio)
Os produtos lácteos deverão ser o segmento de mais rápido crescimento de envios de alimentos processados dos EUA devido à crescente demanda dos consumidores por snacks (lanches) com ingredientes mais naturais e maiores quantidades de proteína, de acordo com um relatório divulgado pela Freedonia Focus Reports. Entre 2006 e 2016, a produção dos EUA de produtos lácteos aumentou 4,9% ao ano e as exportações devem subir em uma taxa de crescimento composta (CAGR) de 3%, para US$ 95,5 bilhões em 2021.
De acordo com o Conselho de Lácteos dos Estados Unidos (USDEC), a China aumentou as importações de lácteos dos EUA em 73% nos últimos oito meses. Durante a última década, os produtores dos EUA expandiram sua presença nos mercados de exportação, impulsionados pela sua reputação de segurança e qualidade do produto.
"As exportações de produtos lácteos para a China cresceram vigorosamente à medida que os escândalos de segurança alimentar naquele país tornaram os consumidores cautelosos com as marcas chinesas", diz o relatório. Devido a isso, a China passou a confiar em marcas internacionais de lácteos para atender a demanda dos consumidores por produtos lácteos, como queijo e iogurte.
A neozelandesa Fonterra vendeu 272,5 milhões de litros de leite em produtos de consumo e alimentos para a China no terceiro trimestre de 2016, representando 36% de aumento com relação ao mesmo período do ano passado. Os subsegmentos de lácteos, como iogurte, substitutos de produtos lácteos e queijos registraram crescimento robusto, de acordo com o relatório.
"A ubiquidade cultural do queijo como um componente de refeições e lanches vai apoiar os avanços à medida que população continua crescendo", diz o relatório. O iogurte também está liderando a tendência das exportações de lácteos dos Estados Unidos para o resto do mundo, à medida que os consumidores buscam produtos mais saudáveis para comer ao longo do dia, especialmente aqueles com proteína. O relatório indicou forte oportunidade para o iogurte grego em outros países fora dos EUA.
De acordo com Kristi Saitama, vice-presidente de marketing de exportação de ingredientes no USDEC, adultos e idosos conscientes com relação à saúde, bem como "entusiastas de atividades físicas da classe média" na China estão impulsionando a demanda por produtos lácteos com benefícios funcionais como proteína. Por essa mesma razão, os produtores de leite dos Estados Unidos tiveram que lidar com o declínio do consumo per capita de certos produtos, como o sorvete. (Fonte: Dairy Reporter, traduzidas pela Equipe MilkPoint)
FONTERRA "CAUTELOSAMENTE OTIMISTA" SOBRE OS PREÇOS DOS LÁCTEOS
A Fonterra afirmou estar "cautelosamente otimista" em relação aos preços dos lácteos, mesmo com a prevista volatilidade do mercado, e elevação da estimativa para a produção de leite na Nova Zelândia. Com sede em Auckland, a Fonterra, maior exportadora de lácteos do mundo, disse que houve um "rebalanceamento impulsionado pela oferta" no mercado mundial de lácteos, acentuando o declínio da produção em muitos dos principais países exportadores. A produção na União Europeia (UE) estagnou no ano passado, enquanto na Nova Zelândia caiu 4% e na Austrália 7%. As importações chinesas subiram 12% e as do resto da Ásia 5%. E "os mercados para os quais exportamos devem continuar crescendo suas importações de produtos lácteos no restante do ano", disse a Fonterra.
De fato, estamos "cautelosamente otimistas" sobre os preços, afirmou a cooperativa. Isso refletiu na decisão de manter a previsão dos preços do leite ao produtor em NZ$6,00/kgMS para 2016-17, e aumentar os adiantamentos. Contudo, advertiu que "a volatilidade nos preços globais continuará", com sinais de interrupções potenciais com os movimentos protecionistas de muitos países."A volatilidade tem sido uma companheira constante nos últimos anos e o mutante cenário político apresenta desafios ao livre comércio".
Também houve otimismo em relação aos preços do leite quando a Fonterra aumentou novamente a previsão para a produção de leite da Nova Zelândia na temporada 2016-17, que termina em maio. "A fraca primavera nos fez prever queda de 7% na temporada", disse o grupo, que processa a maior parte da produção do país. As chuvas frequentes do outono, no entanto, melhoraram as condições nas fazendas, o que significa que agora esperamos pela queda de 3% na capitação nessa temporada em relação à última", disse John Wilson, presidente da Fonterra. O grupo afirmou que as "condições são melhores na maior parte do país", aumentando o volume de fevereiro para 140,9 milhões de kgMS, 2,2% menor do que um ano atrás, reduzindo a taxa de queda nos primeiros nove meses de 2016-17 para 4,6%.
A Fonterra também observou que, em meio às condições de mercado mais vigorosas, os produtores da Nova Zelândia estavam "restaurando o equilíbrio financeiro de seus negócios." "O preço de US$6/kgMS injetará US$3 bilhões a mais na economia da Nova Zelândia em relação à campanha passada". Maiores rendimentos também incentivam boas perspectivas futuras para a produção de leite, fator destacado no relatório do banco da Nova Zelândia no mês passado, ao constatar redução nas taxas de abate de vacas "dando suporte à tese de que a atual queda de produção é decorrente da perda de rentabilidade animal, associada com um menor uso de alimentação suplementar. "Isso aumenta a probabilidade de recuperação da produção na próxima temporada, com tempo bom."
As observações da Fonterra foram feitas por ocasião da apresentação dos resultados financeiros do semestre fiscal encerrado em janeiro. Aumento de 2,2% no lucro, que atingiu NZ$418 milhões e crescimento de 4,6% nas receitas, que totalizou NZ$9,24 bilhões. O anúncio foi acompanhado pelo de 1,7% nos preços do último leilão - GlobalDairyTrade -, na terça-feira, denominado por Tobin Gorey do Banco Commonwealth of Australia como "um balanço a mais para o mercado de laticínios." (Agrimoney - Tradução Livre: Terra Viva)
O Ministério da Agricultura (Mapa) apresentou ontem, em reunião com o Conselho Nacional de Secretários de Estado da Agricultura (Conseagri), o plano de ação para tornar todo o país área livre de febre aftosa sem vacinação. Hoje, apenas Santa Catarina detém tal status. Conforme o plano do Mapa, de 2019 a 2023, o reconhecimento deve chegar aos demais estados. "Pelo escalonamento, o Rio Grande do Sul será o último Estado a ser declarado área livre sem vacinação, em razão de sua posição geográfica. Temos tempo para viabilizar medidas que façam essa transição com segurança", disse o secretário da Agricultura e presidente do Conseagri, Ernani Polo. Os secretários entregaram uma pauta de reivindicações ao ministro Blairo Maggi para que sejam aumentados os recursos destinados ao seguro rural e à armazenagem no Plano Safra 2017/2018. (Correio do Povo)