Porto Alegre, 23 de janeiro de 2017. Ano 11- N° 2.428
Em entrevista exclusiva para o MilkPoint, Marcelo Costa Martins, presidente da Viva Lácteos, comentou sobre a instabilidade do setor lácteo no ano passado - com alguns meses muito bons tanto para a indústria como para o produtor. "A queda na oferta de leite em 2016 foi um fator importante que estimulou as importações. Para 2017 acreditamos que não teremos uma diferença significativa entre mercado interno e mercado internacional. Em abril de 2016, por exemplo, tivemos uma diferença de aproximadamente 87% entre o preço praticado no mercado interno e o preço praticado no mercado internacional. A medida que nós temos um aumento da oferta de leite no mercado interno, uma reação dos preços do mercado internacional e uma menor variação entre os mercados, nós passamos a ter uma condição mais favorável às exportações ou uma redução no déficit da balança comercial que tivemos esse ano".
Sobre os custos de produção, ele comentou que em virtude da redução dos preços dos ingredientes usados na ração (principalmente milho e farelo de soja) junto com uma melhoria das condições climáticas e sem o efeito do El Niño, em 2017 provavelmente não veremos uma queda significativa na produção de leite como observamos em 2016. "Com relação ao consumo interno, as melhorias são dependentes da estabilidade econômica do país - o que também é preponderante para a manutenção e abertura de novos investimentos, gerando empregos e melhorando a renda, o que está intimamente relacionado com o consumo de lácteos. Pressuponho que este ano veremos uma menor volatilidade dos preços, maior oferta de produção e redução das importações".
Exportações
Marcelo destacou que as indústrias estão se posicionando para a exportação e a orientação das empresas associadas é que a Viva Lácteos faça o máximo de ações no sentido de promover os produtos lácteos brasileiros no exterior e também, abra novos mercados. "A Rússia, logo após o embargo, passou a demandar produtos lácteos de países como Brasil, Argentina e Uruguai. Nós tivemos que cumprir uma série de pré-requisitos necessários para exportação e até então, não tínhamos nos posicionado para o mercado russo. Demoramos aproximadamente quatro meses para habilitar as plantas para exportação enquanto algumas plantas no Uruguai e na Argentina já estavam habilitadas - passando a exportar o que tinham e o que não tinham. Quando nós passamos a ter condições de exportar, a demanda do mercado já não era mais a mesma. Isso foi um grande aprendizado para todos nós".
De acordo com ele, muitos importadores nem sequer imaginam que o Brasil é o quarto maior produtor de leite do mundo. "Acredito que essa informação tem que ficar muito clara e para isso, a participação em eventos é muito importante. Em relação às feiras, já confirmamos este ano a presença em Dubai, Moscou e Miami. Também estamos aguardando a nossa participação em Anuga, na Alemanha".
Expansão dos mercados importadores
Em relação aos possíveis mercados importadores, hoje a Viva Lácteos tem uma parceria com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e, para o início do primeiro semestre de 2017, temos duas novas missões de habilitações: Chile e Peru. "É muito importante que tenhamos novas aberturas de mercado e diversifiquemos. Até novembro de 2016, exportamos 53% do total de lácteos, em valor, para a Venezuela - menos do que o ano passado (que foi de quase 75%) - mas de certa forma ainda muito concentrado. Com relação ao leite condensado, a nossa participação no mercado total exportado pelo Brasil passou de 13% para 26% do total enviado. É importante que consigamos ampliar a nossa participação em mercados importantes. Temos hoje alguns mercados que são alvo, que foram escolhidos estrategicamente para atuação prioritária".
Esses mercados correspondem hoje a quase R$ 2 bilhões de dólares em importações de lácteos, com uma taxa média de crescimento de 17% ao ano nos últimos cinco anos. Ao mesmo tempo, a participação brasileira nesses mercados é inferior a 1%. "Não seria um trabalho de curto prazo, ele está sendo construído, e o ano de 2016 foi muito desafiador porque tivemos que remar contra a corrente, mas, por outro lado, há algumas empresas demandando a abertura de novos mercados e novos acordos comerciais, enxergando no mercado internacional uma oportunidade interessante. A expectativa para 2017 com certeza é mais favorável, tanto do ponto de vista do mercado interno com o aumento da oferta de matéria-prima, quanto do mercado internacional - na medida que enxergamos um reaquecimento dos preços dos mercados internacionais".
Rússia - uma porta já aberta?
Martins pontuou que algumas empresas brasileiras mandam hoje uma pequena quantia de produtos lácteos para a Rússia e que perto do nosso potencial, a quantidade é ínfima. Porém, ele acredita que essa ação contribua para a criação de um relacionamento com os importadores russos a fim de aumentarmos a participação. "A questão é estar dentro do mercado. O mais difícil é entrar nele, depois fica mais favorável. Nossa expectativa é muito boa com relação ao mercado internacional. Acredito que ao mesmo tempo que as empresas se estruturam, elas também se tornam mais interessantes no exterior".
Melhorias do mercado interno
Com relação ao consumo, a Viva Lácteos está trabalhando junto ao Mapa para agilizar o registro de novos produtos. O Ministério está atualizando o RIISPOA (Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal), modernizando e desburocratizando processos. Na área de qualidade do leite, além das ações junto ao Mapa para melhorar as questões referentes à IN 62, a associação estimula as indústrias a trabalharem de uma forma coordenada no esclarecimento dos produtores com relação ao uso correto dos medicamentos veterinários.
"Essa é uma das prioridades que temos. Elaboramos uma cartilha de orientação sobre o uso correto de medicamentos, principalmente de antibióticos. Hoje, todas as empresas associadas à Viva Lácteos estão trabalhando dentro desse formato e temos mais de 70 milhões de reais aplicados em melhorias na qualidade. Que continuemos avançando para ter cada vez mais condições de produzir alimentos seguros para os consumidores".
Do ponto de vista da imagem do leite, a entidade está trabalhando com uma assessoria de comunicação e com porta vozes da área da saúde que expõem a importância do leite na nutrição humana com base em pesquisas científicas. "Divulgamos esses releases para todos. As informações negativas sobre o leite existem, assim como em outros produtos, mas, o balanço que fazemos no final é que o consumidor brasileiro vê o leite como um alimento seguro. Nossa aposta é que os consumidores continuem usufruindo dos produtos lácteos e que o leite permaneça na cesta básica".
Marcelo disse acreditar na inovação do mercado lácteo, o que é dependente da economia do país, já que são investimentos direcionados à agregação de valor. "Os produtos zero lactose hoje por exemplo estão bem mais disseminados e com custos mais acessíveis, assim como o iogurte grego. De certa forma, a inovação atrai o consumidor". (Milkpoint)
O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), entre os muitos aspectos significativos de suas ações desenvolvidas por meio das suas 27 administrações regionais no País, cabe destaque ao convênio entre o Sistema CNA/Senar e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), para implementação de um modelo de gestão e operação de assistência técnica e gerencial e continuado voltado para pequenos e médios produtores de leite do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais e Goiás.
Gilmar Tietböhl, superintende do Senar-RS, informa que, em 2017, serão intensificados investimentos em assistência técnica, com a realização do Programa Mapa Leite, que deve atender a 1.140 propriedades em 112 municípios gaúchos; e em saúde e qualidade de vida, por meio de treinamentos, palestras nas atividades do meio rural. Ele explica que a ação atenderá principalmente produtores leiteiros que vivem na Metade Norte do Rio Grande do Sul.
Tietböhl diz que o Senar-RS registrou um aumento de 11,6% na oferta de cursos de formação profissional rural e de promoção social no Rio Grande do Sul em 2016, totalizando 9.677 iniciativas. Ele comenta também que o Senar-RS atendeu 162.214 pessoas com as suas atividades, que englobaram palestra, oficinas, seminários, programas e cursos. Isto, segundo o superintendente, representou um crescimento de 10,48% em comparação ao ano de 2015.
O curso de Inclusão Digital foi o que teve maior procura em 2016. Tietböhl considera que o setor quer conhecimento com o objetivo de melhorar a sua vida e as tarefas na propriedade rural. Lembra que foram formadas no curso de Inclusão Digital, no ano passado, 1.128 pessoas. Já o segundo curso mais procurado, conforme o superintende, foi sobre Aplicação Correta e Segura de Agroquímicos.
O superintendente do Senar-RS diz que os proprietários rurais gaúchos estão entre os primeiros no País e no exterior a realizarem o manejo correto no descarte de embalagem de defensivos agrícolas. No que diz respeito ao uso de EPIs, os agricultores estão buscando informações, e há um crescimento em sua utilização. Ele lembra também que o terceiro curso mais procurado no ano passado foi o voltado ao Saneamento Rural Básico.
Tietböhl comenta também que as palestras que receberam maior presença, em 2016, foram Qualidade de Vida no Meio Rural, com a participação de 12.452 pessoas, seguida pela que tratou o assunto Zoonoses, com 9.826 participantes, e a Saúde da Mulher Rural, com 2.106 pessoas. Já o programa mais procurados foi o Junto para Competir, que registrou 3.264 interessados.
Em seu balanço, Tietböhl citou o Programa Alfa, voltado à alfabetização de trabalhadores do meio rural. Segundo ele, mais de 30 mil pessoas no Estado já foram alfabetizadas ao longo dos últimos 15 anos. O Senar Nacional foi criado pela Lei nº 8.315, de 23/12/91, já o Senar-RS foi criando um ano depois.
Informações podem ser encontradas no site do Senar-RS. Ainda pelo fone (51) 3215-7500, ou pessoalmente na praça Professor Saint-Pastous, 125, em Porto Alegre. (As informações são do Jornal do Comércio)
Panorama do Mercado Lácteo - Relatório USDA 03/2017
Os dados sobre a produção total de leite da Nova Zelândia, em dezembro, ainda não foram apurados. Um dos principais processadores de lácteos do país informou que sua produção de leite contratada nos sete meses da temporada, até 31 de dezembro, caiu 5,5% em comparação com o mesmo período no ano passado. A primavera da Nova Zelândia foi mais úmida do que o normal.
Segundo relatórios da Alemanha os preços do leite pagos aos produtores de leite tiveram uma ligeira recuperação. Se continuarem firmes e esse padrão ocorrer em outros países da Europa Ocidental, é natural que seja um incentivo a uma maior produção de leite à medida que o ano avança. As indústrias projetam aumento na produção de queijo e queda nos volumes de manteiga e de leite em pó desnatado (SMP). Quinta-feira, 19 de Janeiro, a Eucolait divulgou informações preliminares de que não foram negociados contratos de venda de SMP na terceira licitação dos estoques de intervenção, que aconteceram na terça-feira, 17 de Janeiro. O Leste Europeu continua sendo afetado pela manutenção do embargo russo, prejudicando produtores de leite e indústrias de laticínios. As vendas para a Rússia antes do embargo eram significativas para vários países. O embargo exigiu esforços para chegar a novos mercados. Alguns players menores foram sufocados, enquanto os maiores jogadores se expandiam. A Polônia é frequentemente mencionada como um país que ajudou outros países da região a terem bom desempenho no setor lácteo.
América do Sul - Na Argentina, a produção de leite na fazenda tende a diminuir devido às atuais inundações nas principais bacias leiteiras. Algumas fazendas tiveram a coleta de leite suspensa, temporariamente, em decorrência do isolamento pelas águas e/ou estradas intransitáveis. Há redução notável na captação de leite. Os cronogramas operacionais de algumas fábricas de queijos e iogurtes ficaram irregulares. Em todo o país, muitas lavouras de alfafa foram arruinadas pelas tempestades. Inversamente, parece que as chuvas ajudaram a colheita de alfafa no Uruguai. Neste país, a produção de leite é sazonalmente mais baixa, principalmente devido às altas temperaturas do verão. O volume de leite está, em grande parte, equilibrado com o processamento, principalmente no que se refere à produção de queijo. Além disso, o creme está prontamente disponível para fazer a manteiga. Entretanto, no Brasil, há um grave déficit hídrico na principal bacia leiteira, afetando o crescimento de forragens em diversas bacias leiteiras. Consequentemente, a produção de leite na fazenda está em queda. A maioria das instalações de processamento de queijo está recebendo menos do que o adequado de volume de leite. No entanto, a fabricação de queijo permanece ativa com um interesse leve / moderado dos setores de varejo e serviços de alimentação.
A oferta de queijo no mercado à vista está limitada, uma vez que alguns processadores preferem aumentar os estoques, aguardando preços internos mais elevados no curto prazo. Em dezembro de 2016, a Venezuela foi afastada do Mercosul. Conforme relatado pela Quarterra, a mudança significa que a Venezuela deixará de se beneficiar do acesso livre às mercadorias de outros países do bloco, como Argentina, Uruguai e Brasil. No passado, a Venezuela importou quantidades significativas de produtos lácteos, principalmente da Argentina. Os possíveis impactos futuros para a indústria de laticínios da América do Sul são desconhecidos neste momento, de acordo com contatos diversos.
LEITE EM PÓ INTEGRAL (WMP) - No Cone Sul da América do Sul, o preço de exportação FOB do leite em pó integral (WMP) permanece inalterado. O preço mais baixo reflete uma atividade moderada de exportação de WMP para fora do bloco, enquanto os valores máximos correspondem às exportações dentro do bloco, principalmente da Argentina e do Uruguai para o Brasil. A produção de WMP na Argentina está instável em várias fábricas, já que os processadores estão recebendo menos leite devido aos problemas de transporte causados pelas inundações atuais. A produção de WMP encontra-se estável no Uruguai. No Brasil, a produção de WMP está ativa, já que muitos processadores estão secando mais leite, ao invés de usar a matéria-prima para outros fins. A demanda pelo WMP brasileiro está melhorando. Portanto, as importações de WMP do Brasil estão ligeiramente mais baixas. Os estoques são variados na Argentina, estáveis no Uruguai e ligeiramente mais elevados no Brasil. De acordo com o Instituto Nacional do Leite (INALE), as exportações acumuladas de WMP do Uruguai, de janeiro a dezembro de 2016, totalizaram 127.075 MT, 32% acima da do mesmo período em 2015.
LEITE EM PÓ DESNATADO (SMP) - No Cone Sul da América do Sul, o preço FOB de exportação do SMP se ajustou para cima. As vendas ficaram mais fracas em relação às duas últimas semanas. As exportações para fora do Mercosul estão representadas pelos preços mínimos. Enquanto o preço máximo reflete as importações brasileiras de SMP dentro do bloco, principalmente da Argentina e do Uruguai. No Brasil, a produção de SMP está em andamento e as ofertas estão se tornam mais disponíveis. Consequentemente, as importações brasileiras de SMP estão menores. Por outro lado, o processamento de SMP está em baixa na Argentina, devido ao menor consumo de condensados. Os estoques variam em todo o Cone Sul. De acordo com o Instituto Nacional do Leite (INALE), as exportações acumuladas de SMP do Uruguai, de janeiro a dezembro de 2016, totalizaram 17.411 TM, 33% abaixo da do mesmo período em 2015. (USDA - Tradução Livre: Terra Viva)
No mês de outubro, a produção de leite das cinco principais regiões exportadoras registrou seu menor nível em três anos. As ofertas globais de leite normalmente aumentam em outubro devido ao período de pico da produção da Oceania. Este ano, no entanto, a Nova Zelândia (NZ) teve o pico mais baixo desde 2012, enquanto a Austrália está produzindo volumes semelhantes a nove anos atrás. A produção na UE-28 também está diminuindo e deve terminar 2016 com crescimento de apenas 0,5% em relação a 2015. A maior parte dos principais Estados Membros produtores de leite comunicou quedas substanciais nas entregas em novembro: Alemanha (-5,2%); França (-7,6%); e Reino Unido (-7,3%). Embora em novembro, a Holanda e a Irlanda não tenham apresentado reduções em relação aos níveis do ano anterior, o crescimento da produção diminuiu consideravelmente em ambos os países. (The Dairy Site - Tradução Livre: Terra Viva)