Porto Alegre, 26 de outubro de 2016 . Ano 10- N° 2.379
Quem ainda não inscreveu seus trabalhos no 2º Prêmio Sindilat de Jornalismo deve se apressar. As inscrições estão na última semana e vão até 1º de novembro. Promovida pelo Sindicato da Indústria de Laticínios (Sindilat), a iniciativa irá premiar as melhores reportagens produzidas pela mídia especializada no agronegócio e sobre o setor lácteo, seu desenvolvimento tecnológico, avanços produtivos edesafios. O Prêmio é dividido em quatro categorias: mídia impressa, mídia eletrônica, online e fotografia.
Para participar, basta enviar os trabalhos e a documentação necessária para o Sindilat por e-mail (imprensasindilat@gmail.com) ou entregar em mãos na sede do Sindilat (Av. Mauá, 2011/505 - Porto Alegre), das 9h às 18h. Todas as peças devem ter data de publicação/veiculação entre 01/12/2015 e 01/11/2016. Além da produção (PDF para texto e foto, e link para vídeo/áudio e web), também devem ser anexados cópias de um documento de identidade, registro profissional e ficha de inscrição preenchida. Os trabalhos que não tiverem a expressa identificação do autor deverão remeter um atestado de autenticidade. Os finalistas serão divulgados até 21 de novembro. A entrega da premiação será realizada durante a festa de fim de ano do Sindilat/RS, em 1º de dezembro, no Hotel Plaza São Rafael, em Porto Alegre. Maiores informações podem ser obtidas no site www.sindilat.com.br. (Assessoria de Imprensa Sindilat)
RS: Redução de custos garante produtores na atividade leiteira
Garantir a qualidade do leite produzido pelas pequenas propriedades com genética de ponta e redução de custos, permitindo aumento de produção e produtividade. Esta foi a mensagem deixada em encontro realizado na última sexta-feira, dia 21 de outubro, organizado pelo projeto Pró-Leite Noroeste, realizado pela Fundação de Capacitação e Desenvolvimento (Funcap) em parceria com entidades como a Embrapa, para fomentar a criação de um Arranjo Produtivo Local (APL) na região. Na ocasião, técnicos e produtores puderam conhecer o sistema de produção de propriedades rurais atendidas pelo programa.
Uma delas foi a do produtor Valdir Justen, de Boa Vista do Buricá (RS). Em 18 hectares, onde vive com a mulher e dois filhos, ele produz cerca de 18 litros por dia para cada vaca. No início do projeto eram 20 animais. Hoje a propriedade já conta com 35 exemplares e a meta é chegar a 40. Justen revela que em alguns meses, aplicando a proposta, conseguiu até R$ 1,00 de lucro por litro de leite vendido. "Estamos bem satisfeitos com o projeto. O que queríamos fazer na propriedade, começamos a fazer aos poucos", salienta.
A Associação das Pequenas Indústrias de Laticínios do Rio Grande do Sul (Apil/RS) esteve representada no evento com o seu presidente, Wlademir Dall'Bosco, além de técnicos e produtores de laticínios associados. Para o dirigente, o modelo pode ser adotado na relação entre as pequenas e médias indústrias e pequenos produtores fornecedores da matéria-prima. "A parte importante do projeto é que trabalha em cima de custos. O produtor precisa saber exatamente o quanto custa o litro de leite e produzir com um custo aceitável. Não adianta ele produzir leite com custo elevado porque não conseguimos mudar o comportamento do mercado. Aqui ele consegue trabalhar com um custo que não ultrapasse os R$ 0,80", ressalta.
Entre os fatores destacados por Dall'Bosco para a redução dos custos está a forma de alimentação dos animais, que é determinante para o controle dos gastos. A alimentação está no campo, com o gado ficando cada dia dentro de um piquete e com 85% de sua alimentação no pasto e eliminando custos maiores com silagem e ração. "Para as pequenas propriedades, produtores e indústrias é importante trabalhar nesta linha, com tecnologia e qualidade garantindo a redução de custos para poder competir no mercado", observa o dirigente.
Segundo Diorgenes Albring, coordenador do Funcap, entidade que faz a gestão da APL Leite Fronteira Noroeste, a proposta foi retomada em 2012, depois de uma primeira experiência iniciada em 1992 quando três mil produtores foram profissionalizados. A região de Santa Rosa (RS), onde está instalada a bacia leiteira do projeto, que compreende 20 municípios, congrega 9,8 mil produtores de leite. Mas o dirigente acredita que pelo menos 10% já estão deixando a atividade.
A adoção de práticas de produção hidricamente corretas contribui para o pecuarista manter-se competitivo e fazer com que a produção agropecuária esteja de acordo com as exigências das legislações ambientais. A Embrapa Pecuária Sudeste disponibilizou, em outubro, um guia para auxiliar produtores, técnicos e gestores a manejar os recursos hídricos e conservar o meio ambiente na propriedade.
A publicação "Boas Práticas Hídricas na Produção Leiteira", segunda edição, orienta o pecuarista na adoção de ações em cada etapa do processo produtivo. Práticas simples como a troca de mangueiras comuns por de pressão, captação de água da chuva para uso na lavagem do piso, detecção de vazamentos, manter os bebedouros limpos, formular e balancear corretamente as dietas dos animais podem fazer a diferença.
"As boas práticas hídricas proporcionam o entendimento da água nas três dimensões em um sistema de produção animal: alimento, insumo produtivo e recurso natural. Exercitar a utilização e o manejo da água nestas três dimensões proporcionará disponibilidade hídrica em quantidade e com qualidade na propriedade rural", explica o pesquisador Julio Palhares, autor do documento. Para a implantação das boas práticas é fundamental que o técnico e o produtor tenham os conhecimentos necessários ou sejam capacitados.
No manual, a Embrapa propõe algumas ações para a gestão eficiente da água na propriedade e redução de possíveis impactos negativos no uso dos recursos hídricos. As recomendações consideram a realidade da produção leiteira brasileira e as legislações ambientais. "A pecuária leiteira pode ser pioneira na utilização de boas práticas hídricas, garantindo a oferta de um produto que considere os valores de segurança dos alimentos e de conservaçãodo meio ambiente, bem como a saúde de humanos e animais", destaca o pesquisador. A publicação está disponível AQUI. (Fonte: Embrapa Pecuária Sudeste)
África entra no mapa das multinacionais de lácteos
Na pequena propriedade familiar de Anno Walivaka, no vale abaixo do Monte Elgon, no Quênia, a produção diária de leite de seu punhado de vacas subiu de enos de 5 litros por animal para mais de 15 litros em dez anos. E ele está confiante em poder chegar, em breve, "a 20 ou até 25 litros". O consumo de leite na África está entre os mais baixos do mundo, mas assim como o rendimento das vacas de Walikava, está em alta. Entre os que apostam na expansão da área de laticínios na África estão a cooperativa dinamarquesa Arla Foods e o grupo francês Danone. Em recente visita ao Quênia, o vice¬presidente executivo da Danone, Pierre¬André Térisse, disse que continua otimista com as perspectivas de longo prazo da companhia na região, mesmo diante da recente queda nos preços das commodities e da baixa disponibilidade de mercados de câmbio em alguns países. O executivo prevê que a receita da Danone na África crescerá até 10% ao ano até 2020 - e na África Ocidental a taxa deverá ser duas vezes maior. A estimativa de avanço no continente é também duas vezes superior ao ritmo global previsto. Em 2015, a receita da Danone na África foi de € 1,4 bilhão. A Arla Foods é outra com grandes expectativas. Sua meta é quintuplicar a receita na África Subsaariana em cinco anos, de € 90 milhões, em 2015, para € 460 milhões, em 2020.
No ano passado, a cooperativa criou empreendimentos conjuntos no Senegal e na Nigéria para melhorar sua rede de distribuição e fomentar a expansão na África Ocidental. Analistas dizem que apesar dos obstáculos representados pelo clima e pela baixa renda, a demanda potencial por laticínios na África é considerável. Seu consumo anual per capita é de 37 litros, ante a média mundial de 104 litros, segundo o Banco Mundial. E a população da África Subsaariana deverá dobrar até 2050 e se tornar mais próspera. Segundo Kevin Bellamy, especialista do Rabobank nesse mercado, a "África está definitivamente no mapa dos laticínios". Ele destacou que forma firmados 14 acordos de fusões e aquisições no segmento na região no ano passado. Esse interesse é incentivado, em parte, pela desaceleração na China, que levou empresas a buscarem outros países em desenvolvimento para crescer. Ao mesmo tempo, a tendência é de aumento da produção de leite na Europa após o fim das cotas restritivas da União Europeia, em 2015. Mas há problemas: neste ano, o baixo preço do petróleo e a valorização do dólar coibiram alguns negócios. A Danone, cuja primeira aquisição no continente foi no Marrocos, em 1953, investiu € 1 bilhão na África nos últimos dois anos, expandindo sua rede pelo continente. Neste ano, tornou¬se acionista majoritária da Fan Milk, que atua na África Ocidental, e comprou a Halayeb, uma das mais antigas produtoras de queijo no Egito. Antes, já havia adquirido, por € 30 milhões, 40% da Brookside Dairy, empresa queniana que processa e vende laticínios na África Oriental.
Analistas acreditam que a Danone vai direcionar a Fan Milk sobretudo para a área de iogurtes, com a intenção de aumentar as vendas na Nigéria, onde os produtos representaram 20% das vendas de laticínios em 2014 ¬ que no total alcançaram US$ 2,6 bilhões naquele ano, conforme o Rabobank. "O iogurte é um negócio de alta margem e está alinhado às atuais tendências a favor dos produtos saudáveis. O consumo na Nigéria, sob condições econômicas normais, vai aumentar", diz Miguel Azevedo, analista do Citigroup A compra da participação na Brookside, na qual a família do presidente do Quênia, Uhuru Kenyatta, tem participação majoritária, representa um trampolim para impulsionar a expansão. Em 2015, a Brookside adquiriu a empresa de laticínios ugandense Sameer Agriculture and Lives; neste ano, comprou participação majoritária na Inyange, uma empresa de laticínios, sucos e águas, em Ruanda. Parte desse "sucesso" da Danone pode ser creditada a uma "revolução" iniciada há 18 meses, quando as operações africanas foram tiradas de suas respectivas divisões de produtos e colocadas em uma nova unidade com base geográfica, a única do tipo no grupo francês. A estratégia contrasta com a de outras rivais, como a Nestlé, que agrupa a África Subsaariana com a Ásia e Oceania e a África Setentrional com Europa e Oriente Médio. Uma parte central da estratégia da Danone na África, diz o vice¬presidente Térisse, é ter "produtos que sejam feitos por africanos, para africanos". "Então, em vez de fazer iogurtes frescos, vamos pensar em longa vida (...). "Em vez de potes legais, vamos pensar em sachês.. Em vez de apenas laticínios, vamos pensar em cereais, já que há muitas tradições na África de mistura de cereais e laticínios". A Danone também quer usar o continente como "laboratório". "O problema da Europa e de muitas partes do mundo é que, quando você muda, há muito a perder. Na África, se mudarmos, não temos tanto a perder, mas temos muito a ganhar", diz Térisse. (Valor Econômico)