Porto Alegre, 27 de setembro de 2016 . Ano 10- N° 2.359
A combinação de aumento do desemprego, queda dos rendimentos e juros altos está provocando uma redução importante das dívidas no orçamento das famílias, processo que pode abrir espaço para um início de retomada do consumo em 2017. Ainda sob efeitos de uma prolongada recessão, o cenário para as vendas está longe de ser considerado animador, mas o menor dispêndio com dívidas já representa algum alívio para os consumidores. Economistas ponderam, no entanto, que a reação da demanda dependerá mais do mercado de trabalho e da possibilidade de corte da taxa básica de juros. O comprometimento mensal dos salários com dívidas ainda é alto e, mais recentemente, mostrou leve expansão, mas o endividamento em relação à renda acumulada nos 12 meses até junho (último dado divulgado pelo Banco Central) caiu 2,2 pontos na comparação com mesmo período em 2015 e ficou em 43,7%, o menor índice da série desde dezembro de 2012. Esse percentual ficou acima de 46% durante boa parte do ano passado, de janeiro até setembro. Excluindo o financiamento imobiliário, a redução do endividamento é mais expressiva. Nessa métrica, o indicador ¬ que chegou a superar 31% entre o fim de 2011 e o começo de 2012 ¬ caiu de 27,2%, em junho de 2015, para 24,9% no mesmo mês deste ano. De acordo com pesquisa da Fecomercio¬RJ feita em parceria com a Ipsos em todo o país, 68% dos consumidores afirmaram não estar pagando nenhum tipo de parcelamento em julho deste ano, maior número para o mês desde o início do levantamento, em 2010. Para Flávio Calife, economista da Boa Vista, a principal razão para o recuo do endividamento está na piora do mercado de trabalho. "O consumidor não está apenas cauteloso. Ele está sem dinheiro", diz Calife, mencionando que 42% dos consumidores ouvidos pela administradora do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) citam o desemprego como causa da inadimplência das famílias, segundo levantamento trimestral realizado em junho.
As indústrias de lácteos do Uruguai seguem em conversação para retomar as vendas de lácteos à Venezuela - apesar dos atrasos gerados pela cobrança da última rodada de negócios. A cooperativa Claldy mantém os contatos e as gestões semanais para ver as possibilidades de retomar as colocações nesse mercado, disse seu diretor, Erwin Bachmann.
"A Venezuela é um mercado, precisa de alimentos e o lógico é que comprem do Uruguai. Talvez não seja um momento político para pensar nisso, mas acredito em um acordo a nível de governo para termos um volume de mercado que eles compravam e que - creio que continuarão comprando".
A Claldy foi uma das indústrias que enviou 4.400 toneladas de queijos sob o acordo assinado entre ambos os governos em meados de 2015 para a exportação de alimentos à Venezuela. Em abril desse ano, a cooperativa recebeu o dinheiro pelo volume exportado.
Espera-se poder concretizar algum envio antes do fim do ano e não se descarta a possibilidade de instrumentar um "pré-pagamento", disse Bachmann. Outra indústria que enviou lácteos à Venezuela sob o acordo entre os governos foi a Calcar. Seu presidente, Humberto Mendivil, disse que os contatos foram mantidos e ajustes nas condições de cobrança estão sendo analisados.
"Agora seguimos em comunicação com o governo venezuelano, com a Corpovex, para possíveis novas exportações. Estão sendo ajustados os detalhes de cobrança. O interesse da Venezuela se mantém, mas as condições precisam mudar".
O Brasil é o mercado que paga melhor pelos lácteos uruguaios. "Hoje, o que defende os preços é o Brasil. A Claldy está vendendo praticamente todo o queijo ao Brasil", disse Bachmann.
Apesar de, historicamente, durante a temporada de primavera, as compras do Brasil reduzam ao mínimo, esse ano, as exportações se prolongaram. A Claldy tem a produção vendida até outubro a esse destino. Os produtores brasileiros estão esforçando-se para que não entrem tantos lácteos do Uruguai, mas, até o momento, não frearam a entrada. (Informações são do Lecheriauy.com, traduzidas e adaptadas pela Equipe MilkPoint)
Fonterra: produção de leite da UE cai em junho mas em 12 meses cresce 4%
A empresa de lácteos Fonterra, da Nova Zelândia, destacou em relatório sobre o mercado queda na produção de leite na União Europeia em junho, pela primeira vez desde o início de 2015. O volume foi 2% menor na comparação com igual mês do ano passado, o que a Fonterra atribuiu ao clima mais seco e aos baixos preços do produto no mercado global, que desestimularam produtores a investir em suplementação animal.
No acumulado dos 12 meses terminados em junho, no entanto, a oferta da União Europeia subiu 4%, ante igual período do ano passado. Em relação à produção de lácteos na Nova Zelândia, a Fonterra estimou uma queda de 3% na captação de leite no país na temporada 2016/17. A queda reflete o impacto de agricultores reduzindo o uso de tecnologia em suas produções, devido aos preços mais baixos do leite, segundo a Fonterra. "Ao longo das últimas duas temporadas agricultores reduziram as taxas de lotação e suplementação alimentar para ajudar a reduzir os custos."
Na semana passada a Fonterra reportou lucro líquido de 810 milhões de dólares neozelandeses (US$ 595 milhões) para o ano fiscal encerrado em 31 de julho, um aumento de 74% na comparação anual. Segundo a companhia, a decisão de investir em produtos com maior margem de lucro ajudou a contrabalançar o excesso de oferta global de lácteos. (Informações são do O Estado de São Paulo, com dados do Dow Jones Newswires)
Exportações/EUA - Já na metade de setembro, a diferença entre os preços da manteiga nos Estados Unidos e internacionais chegou ao menor valor desde o início de 2015. A diferença entre os preços dos queijos no mercado norte-americano e mundial também melhoraram em relação aos níveis recentes.
Enquanto permanecem com preços em desvantagens, a mudança - que indica uma alteração no mercado que aponta para a convergência - promete ser um impulso competitivo muito necessário para os exportadores de lácteos dos Estados Unidos. A partir de um breve momento de paridade no início de 2015, o preço da manteiga dos Estados Unidos chegou a ser, em média. US$ 1.700/toneladas maior que a cotação da manteiga da União Europeia, e até US$ 1.900/tonelada em relação ao preço da Oceania. Este mês, a diferença entre o preço da manteiga dos Estados Unidos e a da União Europeia, praticamente desapareceu, ficando em apenas US$ 33/tonelada, enquanto que a diferença com o preço da Oceania caiu mais de 60%, chegando a US$ 766/tonelada. No meio do ano, de março a agosto de 2016, o cheddar dos Estados Unidos teve a média de US$ 467/tonelada a mais em relação ao cheddar da União Europeia, e US$ 667/tonelada em relação ao mesmo queijo da Oceania. Em setembro, a diferença foi cortada para US$ 245/tonelada em relação ao queijo europeu. Enquanto houve declínio de 10% na diferença do preço com a Oceania, passando para US$ 595/tonelada.
O preço desfavorável foi o maior responsável pela perda de mercados de exportação pelos norte-americanos, particularmente de queijo. Mesmo no México, onde as companhias norte-americanas possuem acesso preferencial ao mercado devido ao NAFTA, e a proximidade, as cotações dos queijos dos Estados Unidos estavam muito altas em relação a outros fornecedores. E ajudando no longo caminho que é preciso percorrer para alcançar a paridade, nas últimas semanas existe uma sólida tendência de crescimento dos preços da manteiga e do queijo no mercando internacional, enquanto tendem para baixo nos Estados Unidos. Na maior parte de 2016, as condições do mercado favoreceram os esforços da Nova Zelândia em diversificar sua produção, saindo do leite em pó integral e indo em direção à manteiga e leite em pó desnatado. Com o declínio na produção de leite, padrões de compra da China, e recuperação do preço do leite em pó, é de se esperar que o leite em pó integral volte a ser mais rentável para a Nova Zelândia, do que o leite em pó desnatado e manteiga. Preços mais competitivos não significam, necessariamente, crescimento das exportações de lácteos, particularmente em relação à manteiga. Mas, a atual subida de preços internacionais não apenas melhora a competitividade norte-americana, ela também indica melhora do mercado global de lácteos. À medida que a temporada no Hemisfério Sul caminha para o pico da estação, é bom estar de olho na produção de leite da Nova Zelândia, em particular, se a recuperação dos preços das commodities foi suficiente para que a produção reaja, mantendo o mercado equilibrado. Mesmo que o USDEC tenha projetado a recuperação dos preços internacionais dos lácteos, os ganhos recentes foram maiores e mais rápidos do que a expectativa, e deve-se manter em destaque que a volatilidade é inerente aos mercados de hoje. (Usdec - Tradução livre: Terra Viva)
O governo do Vietnã vai vender neste ano uma participação de 9% na maior companhia de lácteos do país, a Vinamilk, em um negócio que pode chegar a pelo menos US$ 810 milhões. A estatal State Capital Investment Corp. (SCIC) tem participação de 44,7% na Vinamilk, formalmente conhecida como Vietnam Dairy Products. Segundo o presidente do conselho da SCIC, Nguyen Duc Chi, a capitalização de mercado da companhia supera os US$ 9 bilhões. O Vietnã está acelerando o processo de privatização de ativos estatais, diante do aumento da dívida pública. O país também está tentando reduzir o envolvimento do governo em atividades de negócios. Chi disse que a SCIC está considerando a possibilidade de vender a participação através de uma colocação privada e que espera obter um preço superior ao de mercado. Ele disse ainda que a companhia poderá vender participações adicionais na Vinamilk no futuro. (Informações são do Dow Jones Newswires, publicadas no jornal O Estado de São Paulo)