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18/08/2016

Porto Alegre, 18 de agosto de 2016 .                                               Ano 10- N° 2.334

 

  Conseleite/SC

A diretoria do Conseleite Santa Catarina reunida no dia 18 de Agosto de 2016 na cidade de Florianópolis, atendendo os dispositivos disciplinados no artigo 15 do seu Estatuto, inciso I, aprova e divulga os preços de referência da matéria-prima leite, realizado no mês de Julho de 2016 e a projeção dos preços de referência para o mês de Agosto de 2016. Os valores divulgados compreendem os preços de referência para o leite padrão, bem como o maior e menor valor de referência, de acordo com os parâmetros de ágio e deságio em relação ao Leite Padrão, calculados segundo metodologia definida pelo Conseleite-Santa Catarina. (FAESC)

 

 

 
Não se engane, o mercado virou (e já faz um tempo!)

As expectativas de indústrias e produtores quanto aos movimentos de preços no mercado lácteo, que vinham bastante alinhadas até pouco tempo, hoje claramente são bastante diferentes. Ao mesmo tempo em que o CEPEA divulga seus preços médios apurados em julho (pagamento do leite de junho), apontando os maiores valores médios pagos aos produtores brasileiros desde janeiro de 2000 (considerando as médias deflacionadas da série de preços brutos), o leite UHT no atacado (preço de venda da indústria para os supermercados) segue ladeira abaixo, desde a primeira semana de julho, segundo dados do levantamento semanal de preços do MilkPoint Mercado (observe, no gráfico 01, a evolução dos preços do UHT no atacado até a média da semana passada (12/08).

Gráfico 1. Preços do UHT no atacado (R$/l) - valores nominais.
 

O UHT, portanto, caiu quase R$ 1,00/litro em 1 mês na média apurada e, há nas informações verificadas junto ao mercado, preços já chegando próximos aos R$ 2,60/litro, o que indica que esta "ladeira" ainda não acabou.

Como o UHT foi o derivado que mais "puxou" o mercado de leite fresco neste ano, os preços do leite spot - que normalmente são os que primeiro reagem - vem seguindo a mesma tendência de baixa do UHT. O gráfico 2 mostra a evolução dos valores nominais do spot (média Brasil) também apurados pelo MilkPoint Mercado.

Gráfico 2. Evolução da média Brasil de preços do leite spot (valores nominais).

 
Até a primeira quinzena de agosto o spot acumulou 34 centavos/litro de queda e deve acumular, no fechamento da segunda quinzena de agosto, 60 centavos/litro de redução nas cotações médias. Obviamente, aqui a queda foi maior do que esta média para aqueles "spoteiros" cujo preço chegou a R$ 2,40-2,50/litro no pico da curva - estas empresas têm hoje tido dificuldade de encaixar volumes, a qualquer preço.

Na contramão destas variações, o leite de produtores fornecido em julho (alguns pagamentos já foram feitos agora no mês de agosto) deve seguir a tendência de aumento, em função de sinalizações e "compromissos" feitos pela indústria antes da virada do mercado, o que reforça o desalinho entre expectativas de produtores e sentimento da venda de derivados da indústria e no mercado spot. De fato, com os preços pagos ao produtor em julho, a excelente relação de troca com o concentrado (apesar dos preços elevados do milho) e a sinalização de nova alta no pagamento de agosto indicam ao produtor um cenário bastante favorável (veja o gráfico 03, do indicador Receita Menos Custo de Ração, com dados deflacionados até julho/2016).

Gráfico 3. Receita Menos Custo da Ração - valores deflacionados.
 

Efeito do mercado internacional - a alta no leilão GDT de ontem

Ontem, 17/08, foi realizado um novo leilão da plataforma GDT (leia mais sobre os resultados). Por uma série de fatores (que poderão ser discutidos em análise específica), o preço do leite em pó integral subiu 19%, atingindo o patamar de US$ 2.700/ton. Isto indica que as importações de lácteos darão uma "aliviada" no nosso mercado, dando mais sustentação aos preços ao produtor, certo? Errado.

Apesar da subida do GDT, os preços internacionais internalizados no nosso mercado e comparados ao equivalente-leite fresco local, são extremamente competitivos! Só não importamos mais leite este ano porque Argentina e Uruguai vem tendo sérios problemas de queda em sua produção local (mais do que 14% de redução nos volumes em cada mercado). Nos atuais patamares de preços e com uma taxa de câmbio de R$ 3,2/US$, é competitivo até mesmo importar leite dos Estados Unidos, de onde paga-se 28% de alíquota de importação para entrar no mercado brasileiro (observe a simulação de preços do leite em pó integral e de taxas de câmbio para o leite vindo dos Estados Unidos na tabela 01).

Tabela 01. Cenários de importação de leite (custo equivalente leite fresco posto no Brasil. Origem: Estados Unidos). 

 
Considerando-se que as empresas brasileiras hoje tem custo do leite fresco posto fábrica entre R$ 1,70 e R$ 1,85/litro (valor de referência julho/2016, incluindo preços ao produtor + frete e outras despesas), até mesmo este leite americano é viável.

Não é mais o R$ 1,50... Pode ser o R$ 1,20?
O cenário de preços para o leite de agosto (pago em setembro) já deve mostrar alguma queda, salvo exceções de empresas (e não foram poucas) que, na época das "vacas gordas" fizeram compromissos de preços por mais longo prazo (algumas, segundo comentários, até o final do ano!). A partir do leite fornecido em setembro, as reduções tendem a ser maiores, seguindo mais de perto do ajustes já verificados no mercado atacadista do UHT e no leite spot. 

Se, no início do ano, atingir o R$ 1,50 era um cenário distante e, para muitos, um devaneio (leia aqui nossa análise da época), não nos parece distante a realidade de preços (em dezembro/2016 ou janeiro/2017) num patamar médio Brasil (preço bruto Cepea) de R$ 1,20/litro ou menor... Por isso, é bastante importante alinhar expectativas e, mais do que isso, planejar seu negócio para este cenário futuro de mercado. (Valter Bertini Galan/MilkPoint)

 
 
 
Preços/NZ 

O forte aumento no último GlobalDairyTrade trouxe boas novas para os produtores de leite da Nova Zelândia. Alguns economistas pedem cautela para um setor sitiado. O aumento geral foi de 12,7% em dólar norte-americano e de 11,9% no dólar neozelandês.

Mesmo melhor, o preço do produto chave, leite em pó integral (WMP), subiu 18,9% chegando a US$ 2.695/tonelada. É o maior valor para o WMP, desde outubro de 2015. Diante do resultado deste último leilão, a economista, Anne Boniface da Westpac prevê aumento entre 0,40 e 0,05/kgMS no preço do leite aos acionistas da Fonterra. Os pecuaristas enfrentam, atualmente, a terceira temporada consecutiva de pagamentos abaixo dos custos para a maioria dos produtores. No entanto, Boniface também continua cautelosa, assim como os economistas do ANZ. Apesar disso, Doug Steel, economista do BNZ prevê aumento no preço do leite no período 2016/17 entre NZ$ 5,30, [R$ 0,95/litro], e NZ$ 4,60/kgMS, [R$ 0,82/litro]. A DairyNZ avalia que o ponto de equilíbrio do leite para a maioria dos produtores nessa estação 2016/17 seja de NZ$ 5,05/kgMS, [R$ 0,90/litro]. A Fonterra anunciou o preço de NZ$ 4,25/kgMS, [R$ 0,76/litro], para a atual temporada. (interest.co.nz - Tradução livre: Terra Viva)

ABLV comemora 22 anos com crescimento do setor

A Associação Brasileira de Leite Longa Vida (ABLV) completa 22 anos à margem da crise que ronda o Brasil. A entidade anuncia lançamento do movimento Leite Faz Seu Tipo que tem o objetivo de manter a solidez e boa reputação do leite no País. O investimento na ação aponta o otimismo da indústria que espera para o ano um crescimento de 2%, o que gera um volume de negócios em toda a cadeia de cerca de R$ 20 bilhões, considerando-se o valor médio do litro de leite vendido aos consumidores (6,86 bilhões a R$ 3,00).

Em 2015 o crescimento do setor também foi de 2%, resultando num volume de 6,73 bilhões de litros. A manutenção do crescimento esperado de 2% é justificado pelo continuo avanço sobre o segmento de leite pasteurizado, que deve apresentar recuo da ordem de 10%, como nos anos anteriores. Também se espera estagnação ou ligeira queda do leite em pó de consumo, o que contribui para o crescimento do UHT.

O último ano mostrou que, apesar da crise, o leite longa vida é uma preferência dos brasileiros e representa 86% do leite fluido de consumo, categoria em que faz parte junto com o leite pasteurizado (14%). Quando o leite em pó de consumo direto é incluído na estatística, o Leite Longa Vida representa 62,5% do total de leite consumido no Brasil - quadro abaixo.

Já o consumo per capita/ano de leite (todos os tipos somados) no Brasil é de cerca de 60 litros e está alinhado ao consumo de países desenvolvidos e de alto poder aquisitivo. No entanto, o consumo per capita de lácteos (170 litros de leite-equivalente/ ano/ habitante - 2015), ainda é baixo se comparado com os mesmos países (até 220 litros em média). Por isso, o mercado de leite de consumo deve crescer menos que o mercado de produtos lácteos como um todo nos próximos anos. Outros segmentos, particularmente o de queijos, que têm baixo consumo per capta, devem crescer de maneira mais significativa.

Movimento - Leite Faz Seu Tipo
Em linha com um de seus pilares estratégicos, de manter a boa reputação do leite, a ABLV lança o movimento Leite Faz seu Tipo (www.leitefazseutipo.com.br). A iniciativa reúne plataforma digital, fan page no Facebook e ações off-line entre todos associados.

A plataforma funciona como núcleo informativo com o melhor conteúdo a respeito do leite para esclarecer os mitos e verdades e tratar de todo o universo que o compõe: nutrição, saúde, mitos e verdades, cultura, receitas, mercado e curiosidades. Os conteúdos estão subdivididos nas seguintes seções: Leite Tipo Assim; Gente Tipo Pequena, Gente Tipo Saudável, Gente Tipo Fitness, Gente Tipo Gourmet e Intolerância ou Alergia, que serão compartilhados em Fan Page no Facebook.

O conceito criativo da plataforma também foi idealizado para extrapolar o ambiente off-line. Estão previstos materiais de comunicação para aplicação em Caminhões dos laticínios e/ou transportadoras de leite; Packs promocionais e Materiais de PDV já utilizados pelas 34 empresas associados da ABLV em seus canais de comunicação e promoção, estimulando os consumidores a se engajar nessa causa. O movimento Leite Faz Seu Tipo também será disseminado por meio de estratégia de ações de relacionamento com influenciadores, compra de mídia em redes sociais, ativações e mídias alternativas.

Sobre a ABLV
A Associação Brasileira da Indústria de Leite Longa Vida (ABLV) completou, em agosto, 22 anos de existência. Reúne, atualmente, as 34 maiores empresas do setor. Essas empresas, juntas, produzem mais de 75% de todo o Leite Longa Vida processado e consumido no País. (As informações são da Assessoria de Imprensa)

 

Reforma deve ser 'estrutural'
O atual cenário da economia global e brasileira foi abordado pelo economista Aod Cunha durante palestra no "Economia em Pauta", promovido pelo Conselho Regional de Economia (Corecon/RS). O encontro na noite de terça-feira no Plaza São Rafael, na Capital, foi realizado para marcar o Dia do Economista, celebrado em 13 de agosto. Em sua fala o economista traçou o histórico da evolução do cenário econômico global e, em paralelo, analisou a atual situação da economia brasileira. Conforme assinalou Aod, o Brasil se encontra em uma encruzilhada. "É um momento diferente de outros ocorridos no passado. Nenhum ajuste fiscal será o suficiente. É preciso fazer reformas estruturais na economia", ressaltou. Entre os fatores apontados por ele como embasamento estão a estagnação da produtividade e a falta de sustentação da previdência. De acordo com o economista, as reformas estruturais precisam ser implementadas o quanto antes. (Correio do Povo)

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