Porto Alegre, 25 de julho de 2016 Ano 10- N° 2.316
Lajeado/RS
A sustentabilidade das propriedades rurais é uma necessidade cada vez mais discutida tanto pela população quanto pelos órgãos governamentais. Vários produtores buscam se adequar a novas formas de produzir que sejam menos agressivas ao meio ambiente. Pensando nisso, o projeto de pesquisa "Sustentabilidade Ambiental em Propriedades Produtoras de Leite do Vale do Taquari" é desenvolvido nos Programas de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento (Ppgad) e em Sistemas Ambientais Sustentáveis (Ppgsas), com coordenação da professora doutora Claudete Rempel e colaboração dos docentes Dr. Claus Haetinger e Dra. Mônica Jachetti Maciel. Os objetivos do projeto são elaborar um diagnóstico e propostas de soluções e inovação em metodologia a partir da transferência efetiva de conhecimento para a gestão da propriedade rural, com vistas à melhoria de processos e sistemas, e interagir com os órgãos de assistência técnica, extensão rural e produtores rurais para adequar o processo produtivo às exigências legais ambientais e práticas de produção sustentáveis.
Para isso, estão sendo analisadas e acompanhadas 124 propriedades dos 36 municípios do Vale do Taquari, sendo o número de propriedades proporcional à produção de leite de cada município. A pesquisa está sendo realizada com produtores indicados pela Emater e pelas Secretarias de Agricultura dos municípios contemplados. Nas propriedades analisadas há o total de 5.242 animais, com produção média entre 15 e 25 litros de leite por dia."Em cada propriedade analisamos nove parâmetros, conforme apresentado no gráfico. Para cada parâmetro e subparâmetro foi atribuída uma pontuação, de acordo com o desempenho da propriedade, e o conceito que ela atinge - de péssimo a excelente. A maioria das propriedades atingiu um nível bom nos pontos pesquisados, o que corresponde a 53,2%. Porém, o número de propriedades regulares é muito próximo, com 43,5%, o que mostra oportunidade de melhorias nesses locais. Apenas 1,6% das propriedades apresentou sustentabilidade ambiental considerada ruim", afirma Claudete.
O pior indicador da pesquisa se deu em relação ao uso da terra. "Com isso, os produtores ficam sujeitos a quaisquer intempéries. As áreas de preservação permanente (APPs) existem, porém, são utilizadas até a borda, o que é um problema em uma região com enchente como a nossa", analisa a pesquisadora. O melhor desempenho geral foi no indicador de Reserva Legal.Quanto aos fertilizantes e agrotóxicos, o maior fator de preocupação não está no armazenamento, mas no grande uso. "Verificamos que há sobrecarga de uso de agrotóxicos, o que é incorporado por nós, pelo animal e pela água", avalia a professora. A água também foi um fator analisado, e o principal apontamento está em relação ao cloro, detectado em níveis inadequados. "Além disso, na análise de coliformes totais termotolerantes, tivemos níveis de bactérias acima do indicado para consumo humano e animal, o que pede atenção", alerta Claudete.
Para cada propriedade analisada, os pesquisadores elaboraram um mapa de uso apropriado das APPs. "Um diferencial do estudo é que conseguimos mapear as espécies arbóreas presentes, que são mais de 136 até o momento. A diversidade é alta quando comparada com outros estudos já realizados",esclarece Claudete. Os produtores e as Secretarias de Agricultura dos municípios também recebem retorno sobre o diagnóstico. "Diante da visualização dos pontos positivos e negativos da propriedade, os produtores rurais podem gerenciar sua atividade e suas práticas agrícolas consorciadas de forma sustentável", sugere a pesquisadora. O triênio de coleta de dados da pesquisa teve início em 2013. A partir disso, o grupo da pesquisa trabalha na análise dos dados e das amostras para dar devolutivas sobre o impacto dos fatores analisados no leite. A pesquisa teve financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Mais informações sobre a pesquisa podem ser obtidas pelos e-mails ppgad@univates.br ou ppgsas@univates.br.
Dejetos
Água
APP
Reserva Legal
Agrotóxicos e Fertilizantes
Declividade
Erosão
Queimadas
Uso da Terra (Univates)
Esse encolhimento geral foi creditado por especialistas às incertezas políticas e econômicas que marcaram o ano-¬safra encerrado em 30 de junho e limitaram a demanda de crédito rural a juros livres, superiores à taxa Selic. "No nosso caso, o aumento das aplicações não foi uma surpresa, já que trabalhamos com linhas [com taxas de juros] equalizadas. E é sempre importante realizarmos tudo o que nos propusemos a realizar", afirmou Ricardo Ramos, diretor da área de Operações Indiretas do BNDES, ao Valor.
Bactéria da caatinga pode ser solução para doença bovina
Composto produzido a partir de actinobactérias do gênero Streptomyces, comuns em solos de diversas regiões, inclusive na caatinga, mostrou em estudo na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (Ffclrp) da USP ter ação antimicrobiana contra os principais agentes causadores da mastite bovina - doença caracterizada pela inflamação aguda ou crônica das mamas. "As actinobactérias agem na inibição do crescimento de patógenos responsáveis pela inflamação", diz a pesquisadora Ana Paula Ferranti Peti, do Departamento de Química da Ffclrp. Foram avaliadas aproximadamente 120 actinobactérias e cerca de 60% delas apresentaram algum tipo de ação antimicrobiana. "As actinobactérias são os procariontes, ou seja, organismos que não possuem material genético envolto por membrana, mais economicamente e biotecnologicamente viáveis, e mantêm uma posição de destaque devido a sua diversidade e capacidade comprovada para produzir novos compostos com atividade biológica", afirma Ana Paula. Após os testes, as actinobactérias ativas foram cultivadas em condições específicas de temperatura, agitação e composição.
Após o desenvolvimento das actinobactérias nesse ambiente controlado, os compostos produzidos foram extraídos, o chamado extrato bruto. Em seguida, estes extratos foram colocados em contato com as bactérias causadoras da mastite para a avaliação da atividade antimicrobiana. Segundo a pesquisadora, a próxima etapa do trabalho será a avaliação da eficácia dos compostos antimicrobianos produzidos pelas actinobactérias nos estudos in vivo, ou seja, serão aplicados em vacas infectadas com mastite clínica ou subclínica.
Além disso, "o estudo desenvolvido é a etapa inicial para encontrar possíveis moléculas modelo para o desenvolvimento de fármacos que possam ser aplicados no controle da mastite bovina". As bactérias isoladas do leite provenientes de vacas com mastite clínica foram cedidas pelo professor e coordenador do laboratório Qualileite, Marcos Veigas dos Santos, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (Fmvz) da USP, em Pirassununga, e as actinobactérias do solo da caatinga foram isoladas pelo pesquisador Itamar Soares de Melo, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Meio Ambiente) de Jaguariúna. A tese Identificação de agentes antimicrobianos produzidos por actinobactérias de solo para o controle da mastite bovina foi defendida em maio deste ano no Programa de Pós- -Graduação em Química da Ffclrp. (Jornal da USP). (Jornal do Comércio)
A cooperativa de produtos lácteos Fonterra, da Nova Zelândia, revisou sua produção de leite do mês junho. De acordo com a associação, a queda no mês passado foi de 1,4%, e não de 10,4% como havia sido inicialmente reportado.
O novo número, contudo, tende a ter pouco impacto sobre o mercado, porque junho geralmente é um período de menor produção - o ano agrícola da cooperativa vai de 1º de junho a 31 de maio. (O Estado de São Paulo)