15/05/2015
A batalha global de produtores de petróleo por fatia de mercado está só começando, num ambiente quase de saturação da oferta, diz a Agência Internacional de Energia (AIE) em seu relatório mensal. O preço do barril caiu quase 50% desde junho, pela combinação de menor demanda e alta da produção de óleo de xisto nos EUA.
Para manter fatia de mercado, os membros da Opep, o cartel de produtores, resolveram manter a alta a produção, elevando a pressão sobre os produtores americanos, que têm custos mais elevados.
Agora, a AIE diz que, após meses de corte de custos e baixa na extração, o aumento no suprimento de petróleo nos EUA parece estar diminuindo. Mas a agência diz ser prematuro considerar que os produtores da Opep ganharam a disputa pelo mercado. "Na verdade, a batalha está apenas começando."
Primeiro, porque produtores de fora da Opep tiveram bom desempenho. A AIE elevou a projeção desses países em 200 mil barris diários. As petrolíferas russas lidaram "excepcionalmente bem" com a menor cotação do petróleo e as sanções internacionais, graças a um regime tributário que atenua o pagamento de imposto quando o preço cai e o rublo se desvaloriza.
A AIE nota ainda que, apesar de seus problemas, a Petrobras é uma história de sucesso. A produção brasileira cresceu 17% no primeiro trimestre, em relação a 2014. A China também elevou a produção, assim como Vietnã e Malásia.
Ao mesmo tempo, na Opep não há sinais de corte de produção em defesa do preço. A AIE alerta que o mercado global está quase em vias de saturação, por causa da manutenção da produção da Opep em níveis próximos de seu recorde. Para a AIE, a produção global supera a demanda em 2 milhões de b/d.
Os países do Golfo aumentaram a produção e investem agressivamente em futura capacidade. Arábia Saudita, Kuait e Emirados Árabes Unidos tambem aumentaram a exploração. Iraque e Líbia, em pleno conflito interno, continuam a explorar. No Irã, a produção alcançou o maior volume desde julho de 2012, quando as sanções internacionais entraram em vigor contra o petróleo iraniano.
Para a AIE, mesmo se uma demanda mais elevada que prevista contribuir para limitar essa situação, o crescimento do consumo mundial não será excepcional. E sinaliza que a quase saturação no caso do petróleo parece estar passando para a refinaria ¬ o que pode por sua vez anular rapidamente a recente alta no preço do barril.
A AIE diz que o aperto na exploração de petróleo nos EUA deve ser examinado no contexto atual. Com a persistente turbulência políticas no Oriente Médio e no norte da Africa, os riscos sobre os preços não são pequenos no mercado de petróleo atualmente. Assim, diante do papel central que o petróleo dos EUA tem no aumento do fornecimento, uma desaceleração nesse suprimento teria forte impacto no equilíbrio do mercado. (Valor Econômico)