Em meio a um cenário de contenção de gastos, as secretarias de Agricultura (Seapa) e do Desenvolvimento Rural (SDR) não definiram o futuro de ações como a gratuidade da vacina contra a febre aftosa, que somente no Estado é fornecida sem custos a agricultores familiares, e o Plano Safra Estadual. Ainda “tomando pé” da situação, Ernani Polo, da Seapa, e Tarcísio Minetto, da SDR, falam em usar a criatividade para driblar o aperto nas contas do governo. Os atos de transmissão de cargo dos novos secretários ocorrem hoje. “Tudo que é possível enxugar, vamos fazer, porque é um desafio do governo como um todo”, afirma Polo. “O desafio é usar a criatividade para buscar uma alternativa dentro desse contexto”, completa Minetto. Um dos caminhos apontados para tocar as secretarias é a realização de convênios, principalmente com o governo federal. No caso da Seapa — com orçamento de R$ 318 milhões para 2015 —, Polo fala que as obras de recuperação do Parque de Exposições Assis Brasil, que teve várias estruturas danificadas por um temporal, poderão ser executadas em parceria com o setor privado. Na SDR, que conta com um orçamento de R$ 438 milhões, dos quais R$ 202 milhões são para a Emater, 22 convênios estão em andamento. “Dentro desse cenário, uma das alternativas é fazer uma equipe de planejamento importante e elaborar projetos neste sentido”, concorda Minetto. Um dos fatores que poderá auxiliar a Pasta, segundo o secretário, é a criação da Anater. Apesar dos cortes de gastos — previstos em decreto do governador José Ivo Sartori, publicado ontem no Diário Oficial —, o titular da Seapa fala em desenvolver programas à frente da secretaria. Um deles diz respeito à conservação do solo e da água.
“Tem dois cunhos: melhorar a produtividade e preservar o meio ambiente”, explica Polo. Ele também pretende apoiar a agroindústria, mas irá enfrentar a falta de avanços no Susaf, que conta com apenas cinco municípios habilitados no Estado. “Temos de primeiro discutir porque não avançou para, a partir daí, começar a trabalhar essa questão”, observa. Uma das primeiras ações de Polo à frente da Seapa foi solicitar ao secretário de Obras, Gérson Burmann, uma vistoria de técnicos do órgão no Parque Assis Brasil, que teve várias estruturas danificadas por um temporal. O pedido já havia sido feito pela administração do parque no final do ano, mas não foi atendido. Segundo Polo, ainda não há uma dimensão dos prejuízos. Na SDR, Minetto fala em promover “ajustes” na estrutura do órgão. O número de departamentos — hoje são sete — poderá diminuir. A tendência é “integrar” os setores representados, conforme o secretário. Nos próximos dias, Minetto pretende chamar todas as entidades representativas da agricultura familiar e dos 12 ramos do cooperativismo para ouvir demandas. Entre suas metas, cita que pretende trabalhar pela cadeia do leite. Considera importante que o Estado apoie o produtor que quer se qualificar para melhorar a produção. O papel da SDR, assinala, é fazer com que ela “toque” as políticas públicas destinadas a agricultores familiares e ao cooperativismo. O nome do diretor-geral da SDR já está definido. Será o administrador Gérson Cutruneo, do PSB de Esteio. Os presidentes da Emater, a cargo do PMDB, e da Ceasa, que será indicado pelo PSB, não foram definidos. O mesmo ocorre com as entidades vinculadas à Seapa (Irga, Fepagro e Cesa), que devem ter seus dirigentes anunciados nas próximas semanas. (Correio do Povo)