É difícil mensurar quanto vale a saúde animal para um Estado produtor como o Rio Grande do Sul. Um ponto de partida para essa avaliação seria verificar quanto vale o nosso mercado de carnes. Entretanto, essa cifra não daria a realidade. A ocorrência de uma enfermidade não causa somente perda de mercado. Às vezes, de forma silenciosa, causa o comprometimento do desempenho da atividade. Ocorre produtividade menor, conversão menor e situações limitantes na área reprodutiva. Mas não é diretamente no setor que a sanidade animal impacta. Saúde animal relaciona-se diretamente com saúde pública. Não é possível separá-las. Há um ano, um relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) afirmava que 70% das doenças em humanos seriam originadas nos animais. E, recentemente, a legislação foi alterada, equiparando para efeitos de aporte de recursos a saúde animal à saúde pública. Cientes da importância desse aspecto para garantir a saúde da população, ampliar mercados e gerar renda, há 10 anos as cadeias produtivas propuseram e articularam a criação do Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal (Fundesa). O fundo foi sugerido pelo setor privado para agilizar indenizações, quando da ocorrência de algum evento sanitário, e investir no fortalecimento da defesa sanitária animal. Hoje, se mostra uma eficiente parceria entre o serviço oficial e as entidades representativas da produção. O Fundesa tem um saldo de R$ 46,8 milhões e muitas metas pela frente. Sem dúvida, precisamos melhorar a participação dos produtores. A conscientização ainda é muito fraca. Em aves e suínos existe o papel da indústria, que capacita e cobra processos e procedimentos com a presença constante de técnicos e veterinários. Temos que levar esta visão de responsabilidade para outras cadeias, trabalhando também com biosseguridade, sustentabilidade e controle do material genético que entra nas propriedades. A maior ameaça enfrentada hoje pelo setor produtivo no Rio Grande do Sul é o contingenciamento de recursos oficiais. Com o corte de verbas temos programas, projetos e outros investimentos descontinuados, provocando a desmobilização dos produtores. O setor produtivo, quando estimulado e demandado, dá a resposta correta e atende aos chamados do serviço oficial. Entre as doenças, temos que continuar de olho na febre aftosa, com a conscientização do produtor para a vacinação e notificação de suspeitas de qualquer anormalidade em todas as atividades. Permanecem os alertas para o controle da raiva, da brucelose e tuberculose, da peste suína clássica, influenza aviária e outras enfermidades que causem prejuízos e merecem a atenção de todos, no legítimo conceito de responsabilidade compartilhada. (Zero Hora)